Estói | Algarve

18:03

Roteiro de um dia em Estói, Algarve
No Algarve, pertencente e situada 10 km ao norte do litoral do concelho de FaroEstói é uma pequena,  pacífica e bela vila, com menos de quatro mil habitantes, que mantém ainda muito do carácter algarvio nas suas ruas e casas típicas algarvias, com as fachadas caiadas de branco, nas suas chaminés recortadas e nos seus pequenos quintais com árvores e flores, e com uma grande riqueza arquitetônica, pois tem um palácio de estilo rococó, totalmente recuperado e as ruínas romanas de Milreu. Estas são algumas das atrações que proporciona uma agradável excursão de meio dia, para os turistas alojados em Faro e que chamam cada vez mais visitantes a Estoi.
A melhor forma de explorar a localidade é mesmo através de uma caminhada pelos seus becos e ruelas. É esta a melhor forma de apreciar cada detalhe e cada pormenor, cuja a atração final de Estoi é a própria atmosfera da cidade. É fácil apaixonar-se pelas suas casinhas típicas e bem estimadas e pelas muitas flores que enfeitam as ruas.
A cada esquina existe sempre uma pequena surpresa: uma fonte de água fresca, um banco de jardim com sombra, umas pequenas escadas calcetadas que conduzem a outra rua estreita e sinuosa, alguns monumentos para observar com calma a cada paragem e até painéis de azulejos com poemas.
Apesar de, estar situada perto de grandes centros urbanos, da autoestrada e das praias, a pequena Estoi conseguiu manter a sua autenticidade algarvia e permanece como era anteriormente todo o Algarve, previamente ao surgimento do turismo em massa.
Estoi possui uma atmosfera bastante diferente de todas as outras populares cidades litorais, uma atmosfera relaxada que se vivencia melhor nos cafés e restaurantes ao ar livre. Os turistas vagueiam pelas ruas da vila, as crianças brincam em redor das árvores ou andam de bicicleta e os mais velhos trocam 2 dedos de conversa sentados no banco do jardim ou numa esplanada (os homens idosos sentados nos cafés ou bancos durante todo o dia, mulheres a partilhar mexericos e pouco mais a acontecer sob o calor do dia). É o Algarve mais típico em estado puro. Um Algarve que muitos de nós pensava já não existir ou ser possível encontrar.
Origem 
A boa qualidade dos solos e a existência de várias fontes riquíssimas de água, levaram a que fosse povoada desde os tempos mais remotos. 
Os mais antigos vestígios de ocupação humana no território correspondente a Estoi referem-se ao Neolítico embora se estime que, a exemplo do resto do Algarve, tenha sido habitado desde o Paleolítico. Achados arqueológicos confirmam igualmente o povoamento humano nas idades do Cobre, Bronze e Ferro. Dos muitos povos que ocuparam o território, os romanos foram os que mais testemunhos deixaram, embora se considere que o topônimo Estoi tenha origem pré-romana, derivando do termo grego “stoa” que significa pórtico.
Mas, a localidade de Estói foi muito afetada pelo sismo de 1755, tal como toda a região do Algarve. Por isso mesmo é difícil encontrar casas e monumentos anteriores a essa data. As igrejas, por exemplo, foram destruídas pelo terremoto e posteriormente construída no mesmo local.

Como chegar
Estando no Algarve, a melhor forma de se chegar e visitar Estói é de carro próprio ou alugado. Não existe qualquer serviço ferroviário entre Faro e Estoi.
Mas, existe um serviço de ônibus (autocarro nº 65 no terminal rodoviário) regular e econômico que liga Faro a Estoi, o que significa que esta cidade encantadora é facilmente acessível para todos os viajantes. 
Abaixo explicarei como se movimentar pela cidade, com dicas úteis para a realização do passeio de um dia e detalharei as principais atrações de Estoi. 
Todas as atrações de Estoi podem ser observadas em poucas horas, portanto não é uma excursão que preencha um dia inteiro. 

Viajar de Ônibus ou Autocarro de Faro até Estoi
Um bilhete de ida e volta de Faro até Estoi tem um custo de €6,80 (2021) e a viagem tem uma duração de 25 minutos. Ao partir da estação de ônibus de Faro. O bilhete de deverá ser adquirido na bilheteira, uma vez que os bilhetes não podem ser adquiridos a bordo (em todas as outras paragens de autocarro, os bilhetes podem ser adquiridos no condutor).
A rota de Faro-Estoi termina na cidade de São Brás de Alportel, portanto a sinalização no ônibus exibirá “São Brás de Alportel”. 
Em Estoi existiam dois pontos ou paragens de ônibus (autocarro): a primeira era Estoi Cruz, mais próxima à Vila Romana, mas na base da colina, e a segunda era Estoi-Centro, no centro da cidade, mas como está tudo sempre mudando, então para uma combinação conveniente de horários de partida/regresso e onde saltar, é melhor consultar o site: https://vamusalgarve.pt
É sugerido visitar as atrações de Estoi pela seguinte ordem: a Igreja Matriz de Estói, o Palácio de Estói e por fim a Vila Romana de Milreu. Esta rota deve-se ao fato do ponto principal do ônibus ou paragem de autocarro se situar diante da Igreja Matriz de Estoi e trajeto desta e do Palácio de Estói até à Vila Romana de Milreu, realiza-se a descer pela colina. 
Existe um segundo ponto de ônibus ou paragem de autocarro no cruzamento, próxima às Ruínas Romanas de Milreu, portanto não existindo a necessidade de subir a colina. O único problema relacionado com esta rota é o fato das Ruínas Romanas de Milreu fecharem durante a hora de almoço, entre as 13:00-14:00 h, então, fique atento a sua programação para não dar com a cara na porta. Além disso, as Ruínas Romanas de Milreu fecham às segundas-feiras e os serviços de ônibus (autocarro) são praticamente inexistentes aos sábados e domingos, portanto a nossa recomendação é planejar a sua visita à cidade, entre terça e sexta-feira.

Igreja Matriz de São Martinho
No centro da cidade situa-se a neoclássica Igreja Matriz de Estoi foi erguida no local da antiga ermida medieval. A igreja data do séc.XV, mas foi significativamente restaurada após o devastador terremoto de 1755. Construída no século XVI, com reedificação nos séculos XVII/XIX, sob a orientação do arquiteto italiano Francisco Xavier Fabri é hoje dotada de uma majestosa fachada neoclássica.
Igreja Matriz de Estói  merece uma visita por um bom motivo. Existem duas peculiaridades fascinantes relativamente à igreja: toda a madeira utilizada na construção dos altares foi previamente utilizada em navios de pescadores e outras embarcações. Um dos flancos do altar é decorado com equipamento agrícola sobre as estátuas religiosas, uma escolha deveras peculiar. Realmente surpreendente!
Palácio de Estoi

O Palácio de Estoi, também conhecido como Palácio do Carvalhal, um palácio em estilo rococó do século XIX e um dos mais bonitos do Algarve. 
A origem do Palácio de Estói remonta a um nobre local, Francisco José Pereira do Carvalhal e Vasconcelos, Fidalgo da Corte da nobreza de Cota de Armas do Algarve, que morreu algum tempo depois do início da construção do palácio, em 1840. 
No entanto, José Francisco da Silva comprou o palácio com o objetivo de o acabar, mas a sua construção foi atribulada e demorada. Depois de passar pelas mãos de vários membros da mesma família, acabou por ser abandonado até que, finalmente em 1909, acabaram-se as obras. Graças a este feito José Francisco da Silva foi nomeado Visconde de Estói. 
A construção do Palácio de Estói foi levada a cabo pelo arquitecto Domingos da Silva Meira, que cultivava um grande gosto pela escultura. O interior do palácio é extremamente detalhado e está elaborado à base de estuque e pastel.
É um vasto edifício com partes das fachadas revestidas de azulejos com decoração floral e cenas diversas. No interior, merecem destaque os tetos de estuque, o mobiliário, a capela, o salão nobre, as salas de visitas e de jantar, os dois pavilhões de chá e a casa do presépio.
O bonito rosa do Palácio de Estói contrasta maravilhosamente com os seus magníficos jardins, onde é possível ver as palmeiras e as laranjeiras, que se enquadram perfeitamente com o ambiente rococó do palácio. No terraço inferior é possível ver um pavilhão com azulejos azuis e brancos, denominado a Casa da Cascata, e no seu interior está uma cópia das Três Graças, de Canova, obra do escultor italiano Antonio Canova (1757-1822). Em nichos, encontram-se estátuas de Vênus e Diana. No terraço superior, chamado o Patamar da Casa do Presépio, é possível deslumbrar um pavilhão grande com vitrais, ninfas e nichos em vários azulejos. 
Os jardins do palácio, ao gosto tardo-romântico, apresentam- se em vários planos, com escadarias, lagos e estatuária em mármore e cerâmica.
Atualmente o palácio serve como uma das unidades das Pousadas de Portugal, depois de ter sido classificado como Imóvel de Interesse Público em 1977. 

Dica:Não existe qualquer taxa de entrada para o Palácio de Estoi. Apesar de, ser um hotel de luxo, está aberta ao público e todos podem visitar gratuitamente, basta pedir na recepção. Mas existe um café bastante agradável nas instalações e a clientela ajuda na manutenção do palácio – uma vez que é um luxuoso hotel, conte pagar 50% mais pelas suas bebidas, comparativamente a comprar na vila. 
O Palácio é surpreendentemente bem escondido, considerando o pequeno tamanho de Estoi. Ao caminhar em direção ao palácio, não siga a sinalização rodoviária, uma vez que estes sinais são designados para orientar o tráfego pelas ruas estreitas e pelo sistema de um só sentido de Estoi. Se necessitar de direções, entre num café ou loja e pergunte – a maioria dos locais sabem o que os visitantes procuram!

Villa Romana de Milreu
A Vila Romana de Milreu possui alguns dos vestígios romanos mais preservados, encontrados no Algarve. As Ruínas correspondem a uma villa rústica, local originalmente de um acampamento agrícola durante o século I d.C., mas foi convertido numa luxuosa vila durante os séculos II e que teve obras de beneficiação, no século d.C.III. 
A Vila Romana continha um vasto templo e um complexo termal, no qual ainda é possível observar as imagens nos mosaicos. Uma seção da Vila Romana foi utilizada como fundação para uma habitação do séc. XIII, cujo piso foi escavado para revelar a construção original.
São constituídas por uma casa senhorial de grandes dimensões, instalações agrícolas, um balneário e um templo. Quanto à área residencial, hoje visitável, ela aproveitou parte das construções da anterior villa e organiza-se em torno de um peristilo central – com 22 colunas –, que rodeia um pátio aberto com jardim e respectivo tanque de água. A villa foi embelezada com mosaicos de origem tunisina, nomeadamente a nascente do peristilo, com a representação de fauna marinha.
Achados de épocas posteriores sublinham uma longa tradição de Milreu como local de culto, demonstrando que, a partir do século VI d.C., o edifício pagão foi transformado em igreja cristã. Este recinto foi também utilizado como cemitério em período islâmico. Só quando, na primeira metade do século X, as abóbadas ruíram, o Milreu foi provavelmente abandonado. Mas, nos inícios do século XVI, o local ganhou nova vida, quando sobre as ruínas há muito abandonadas foi erguida uma casa – único e precioso exemplar algarvio de arquitetura defensiva civil – com contrafortes cilíndricos. 
Do período Omíada, foram achados, em Milreu, grafitos árabes desenhados sobre um fuste. Os grafitos referem- se a quatro gerações da família al-Hammu (“das caldas”) que eram indivíduos de origem muladi, isto é autóctones convertidos ao Islão. Esta fonte epigráfica, a par de fontes arqueológicas, permite confirmar a continuidade do povoamento, em Milreu, até quase ao fim do período califal de Córdova certamente que associada ao aproveitamento das águas que abasteceram as antigas termas e a villa rústica.
O fuste faz parte da exposição permanente que se encontra no Centro de Interpretação da Villa Romana de Milreu.

Paisagens
As terras entre Estoi e Santa Bárbara de Nexe, têm vistas deslumbrantes sobre a Ria Formosa e o Oceano Atlântico. Exibem ainda ancestrais moinhos de vento e poços de água, na proximidade de caminhos antigos.

As tradições
Em termos gastronômicos, em Estoi, tal como no resto do concelho de Faro a que pertence, destacam-se os pratos tradicionais como os carapaus alimados, as papas de milho, o galo de cabidela, borrego ou cabrito com ervilhas, entre outros. A comida e as bebidas são bastante econômicas nos cafés e restaurantes de Estoi, uma vez que os preços são designados para os locais e não para os turistas.
Terra de tradições, revive ciclicamente as festas associadas às principais efemérides anuais como o Natal, o Carnaval, os Santos Populares e sobretudo a chegada da primavera com os tradicionais Maios, bonecos em tamanho natural, colocados à porta de casa no primeiro dia de maio.
Mas a mais característica festividade da aldeia é a que decorre todos os anos, a 2 de maio, quando Estoi celebra a Festa da Pinha. É uma festa de tradição secular que se enquadra na celebração da primavera e do renascer da natureza. De origem simultaneamente religiosa e pagã, esta festa envolve a população local e atrai milhares de visitantes para assistirem ao cortejo final. 
Com origem no século XVII, terá sido criada pelos almocreves de Estoi, no âmbito dos festejos em honra da Nossa Senhora do Pé da Cruz, Padroeira da sua Confraria e, reza a lenda, como forma de agradecimento à Virgem por esta os ter milagrosamente salvo de um ataque de lobos. 
Trata-se de uma romaria, com desfile de uma centena de cavaleiros e de carroças engalanadas com flores e transbordando de romeiros com trajes tipicamente algarvios.
O cortejo, de 1 km de extensão, sai de manhã da aldeia de Estoi e perfaz 15 km, atravessando caminhos em terra, estradas concelhias e nacionais até chegar ao pinhal de Ludo, em Almancil, onde se realiza um almoço campal, numa grande confraternização, cheia de música e alegria. Pela tarde, o cortejo segue para a aldeia de Santa Bárbara de Nexe e à noite, já iluminado por archotes, atravessa a aldeia do Coiro da Burra, prosseguindo de regresso a Estoi até à Igreja do Pé da Cruz, onde com os restos dos archotes, alecrim e pinhas trazidas do pinhal do Ludo, é acesa uma monumental fogueira em honra da Nossa Senhora.
E antes de ir embora, não se esqueça de comprar uma pequena lembrança ou produto local aos comerciantes da vila. Além de comprar um produto de qualidade, irá ajudar o comércio local e a fazer com que os habitantes de Estoi possam continuar a manter vivo o Algarve mais genuíno e a recebê-lo de braços abertos, como tão bem sabem fazer.

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