Se você está procurando dicas sobre o que fazer em Le Havre, na França, a primeira coisa que você precisa saber é que a cidade tem uma história muito marcante. O nome da cidade significa "o porto” e faz referência a seu papel importante. Fundada no início do século XVI, em 1517, pela vontade do rei François I, é agora um dos maiores portos comerciais em França. 

A cidade foi devastada na Segunda Guerra Mundial, mas foi completamente re-construída em 18 anos por mestres da arquitetura entre eles, Oscar Niemeyer. Com isso, tornou-se a cidade mais moderna do velho continente. Além das curvas de Oscar Niemeyer, Le Havre tem outras fortes ligações com o Brasil, as quais conto no final da postagem.

Le Havre é uma cidade portuária, a maior cidade da Normandia e fica na região noroeste da França, a cerca de 190 Km de Paris. Ela se situa no estuário do Rio Sena, onde ele deságua no Canal da Mancha. No meio do caminho entre Deauville, Trouville, Honfleur e Étretat. 

Em 2015 o centro da cidade conquistou o título de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. 

Nossa passagem por Le Havre foi muito rápida, mas esta postagem você vai encontrar informações sobre os principais pontos turísticos para visitar, mas não tenho dicas de onde comer, onde ficar. 

Vamos começar falando de uma das coisas que considero mais importante para saber e entender antes de chegar em Le Havre: o plano urbano da cidade. Le Havre é uma cidade relativamente “nova” no contexto da França. Devido à sua localização estratégica ela sempre foi um ponto importante de acesso ao interior do país e de comércio internacional – principalmente de algodão, café e cacau – entre a Europa e o Novo Mundo. Atualmente, depois do Porto de Marseille, o Porto de Le Havre é o 1° da França em transporte de contêineres, o 2° em tráfego geral e o 5° do mundo.

Le Havre não é uma cidade típica da Normandia como suas vizinhas. Ao primeiro olhar, Le Havre pode lhe parecer uma cidade sem cor, sem curvas e sem movimento.

A Primeira Guerra Mundial deixou suas marcas na cidade, mas foi na Segunda Guerra Mundial que a população viu 85% do centro da cidade ser arruinada por inúmeros bombardeios. Le Havre foi a cidade francesa mais destruída nesse triste período da história da Humanidade. 

Em virtude dessa quase total destruição do seu Centre Ville, ela foi reconstruída entre 1945 e 1961 dentro dum estilo modernista baseado sobretudo no uso do concreto.

A necessidade de construir novas casas para a população afetada pela guerra trouxe Auguste Perret como líder de um incrível plano de revitalização. Foram 18 anos para reconstruir a cidade e realocar cerca de dez mil famílias. Inclusive, conhecer o interior do Apartamento de Perret está entre as atrações imperdíveis para quem visita Le Havre. 

Como se locomover em Le Havre

Por ser uma cidade relativamente pequena e muito turística, é muito fácil se locomover por Le Havre, tanto a pé quanto utilizando de alguns meios de transporte. Para começar, a parte central do município — onde se encontram os principais pontos turísticos — é bastante plana, o que praticamente lhe convida a uma bela caminhada, conhecendo cada canto da cidade sem pressa e prestando atenção aos detalhes.

Para quem não é muito fã de caminhar, a melhor opção é utilizar o ônibus turístico, que dura cerca de uma hora. O custo do passeio é de €12,00 para adultos, €6,00 para crianças de 4 a 17 anos e gratuito para menores de 4 anos.

Além disso, é possível solicitar por tradução simultânea não somente em português, mas também em inglês, alemão, espanhol, italiano, russo e holandês. Para mais informações, acesse o site da Bee LeHavre, empresa responsável pelo tour.

Ainda assim, se a sua opção é de utilizar o transporte público para poder viver como os habitantes, a melhor alternativa é, sem dúvidas, o Tramway, um moderno VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

Inaugurado em 2012 e que faz um trajeto que passa pela praia de Bains Maritimes, o centro da cidade e segue até partes mais distantes da região.

O que visitar em Le Havre

É próximo ao centro da cidade que se encontram vários dos pontos turísticos, como o Le Volcan e Triângulo de Le Havre, com seus três pontos que ajudam a se localizar na cidade.

Triangulo de Le Havre

A cidade de Le Havre foi perfeitamente planejada. Uma coisa curiosa é que, no projeto de reconstrução, Perret considerou três prédios emblemáticos para a cidade, que ele fez questão de manter na mesma localização.

Essas três construções ficaram como referência para as pessoas que perderam tudo, inclusive os laços familiares com a cidade natal, que estava em ruínas: a Église de Saint-Joseph — construção de mais de 110 metros de altura que lembra um farol — o Hôtel de Ville — uma das obras de Perret, onde se encontra a prefeitura — e o Catène de Coitainers — uma alegre homenagem a todo o passado do município. 

1-Hotel de Ville

A Prefeitura de Le Havre e sua grande esplanada ganharam uma roupagem nova e mais moderna na reconstrução. Os traços retos do estilo estrutural classicismo não agradaram no início, mas pouco a pouco o local foi se transformando em uma imponente construção, com direito a um campanário, onde você pode ter a melhor vista da cidade. 

Mas isso só é possível se você estiver acompanhado de um guia turístico credenciado, a entrada no local só é permitida por pessoas autorizadas.

Mas adianto, é o melhor lugar para compreender a engenhosidade de Auguste Perret e também uma grande oportunidade de assistir um belo pôr do sol.

Endereço:1517, Place de l’Hôtel de Ville

2-Église Saint-Joseph

A monumental Église Saint-Joseph foi projetada por Perret. Ao olhar de fora é difícil imaginar que esse prédio seja mesmo uma igreja, mas a cruz na porta confirma isso.

Estude o design incomum da Igreja de São José, uma maravilhosa estrutura que apresenta um forte contraste com a arquitetura típica das igrejas. A enorme torre de concreto que se eleva de seu centro pode ser vista de toda a cidade. Com uma torre octogonal de 110m de altura a igreja tem planta quadrada com o altar no centro. Os vitrais “pintam” a igreja de tons diferentes de acordo com a posição do sol ao longo do dia.

Esta torre sobe em um formato de farol é uma homenagem para a cidade que tem forte conexão com o mar.

Quem chega em Le Havre pelo mar não nega que realmente seja um farol, já que a igreja é o primeiro elemento a surgir para os navegantes.

Cheia de simbolismo, descobri mais um: a Église de Saint Joseph também remete a uma vela. Que desta vez, faz uma homenagem aos que morreram na cidade. Essa “vela” está sempre acesa, pela cruz localizada no topo da torre. Endereço: 1er, Boulevard François 

3-Ocean Gate 

Por fim, na última ponta da cidade está o Ocean Gate. O arco do triunfo de Le Havre, situado no início da Avenida Foch.

A porta de entrada para a cidade, a avenida busca abrir amplas perspectivas entre a cidade e o mar. A imponente Avenida Foch que leva até a praia onde os dois prédios de sua extremidade formam a “Porte Océane” que simboliza as portas da cidade. 

4- Maison Temoin Perret/Apartamento Testemunha 

Siga para Maison Temoin Perret e veja onde viveu o famoso arquiteto por trás do design da cidade.

O Apartamento Testemunha, uma espécie de “museu do cotidiano”, é uma reconstituição dos apartamentos propostos por Perret e sua equipe para relocar as famílias que perderam suas casas durante a guerra. A ambientação é feita com móveis, objetos, utensílios e roupas originais da década de 50 e mostra como esse novo jeito de morar era bem diferente daquele do pré-guerra.

Perret fez questão de pensar nas pessoas que tinham perdido tudo e desenvolveu um plano milimetricamente estratégico e aconchegante. 

Foram construídos 100 prédios, no estilo Classicismo Estrutural, feito de concreto, material que permite agilidade na construção e um custo reduzido, sem perder a qualidade.

Hoje, essas construções fazem parte da identidade de Le Havre.

É como voltar no tempo e sentir todo o cuidado que o arquiteto e sua equipe tiveram com essa população que perdeu tudo, restando apenas a esperança do recomeço.

A iluminação, o barulho, os ambientes integrados e até mesmo os móveis foram estudados, visando sempre o conforto de um recomeço digno. 

As visitas ao Apartamento Testemunha acontecem em pequenos grupos, acompanhados de uma guia, recomendo que faça a reserva pelo site.  Endereço:181 Rue de Paris 

5-Le Volcan e a Biblioteca de Le Havre

Nem só de Auguste Perret vive a arquitetura de Le Havre. O nosso Oscar Niemeyer também deixou sua assinatura na cidade. As inconfundíveis formas do arquiteto estão fixadas no coração da cidade. Ele teve o privilégio de desenhar o prédio cultural composto por dois edifícios em forma de vulcão que abriga a Maison de la Culture du Havre e o teatro da cidade, chamado de Le Volcan. Construídos no final dos anos 70, pelo famoso arquiteto brasileiro, eles se tornaram um dos principais pontos turísticos.

Le Volcan foi concebido tendo como referência as enormes chaminés dos transatlânticos a vapor que saíam e chegavam ao porto de Le Havre, mas acabou ganhando esse nome em virtude da sua semelhança com um vulcão.

Logo ao lado encontramos o “vulcãozinho”, como é carinhosamente chamada a moderna biblioteca da cidade. 

Oscar Niemeyer também pensou em tudo, até mesmo na forma da obra de arte vista de cima – uma pomba, símbolo da paz, para uma cidade que viveu tantos conflitos. 

Crédito da Foto: Le Moniteur

Fiquei impressionada, com a quantidade de gente usufruindo e aproveitando daquele espaço incrível, principalmente, com o interior da biblioteca, moderna, bonita, tecnológica, aconchegante e cheia de crianças, adultos, pais, mães, estudantes, senhores e senhoras, casais e até mesmo aqueles que ainda nem sabem ler.

6- Catedral de Notre-Dame

Para ver um exemplo mais tradicional de arquitetura sacra, visite a Catedral de Notre-Dame, uma das poucas estruturas grandiosas que sobreviveu à guerra.

7- Maison de l’Armateur 

A Casa do Armador – Maison de l’Armateur. Projetada pelo arquiteto Paul-Michel Thibault, em 1790 ela foi comprada pelo rico negociante e construtor de navios em 1800. A casa possui uma solução arquitetônica inusitada e interessante que permitiu um maior aproveitamento do espaço. Endereço: 3 Quai de l’Ile 

8- MuMA – Museu de Arte Moderna André-Malraux 

Alguns dos museus mais fascinantes da França estão em Le Havre. O Museu de Arte Moderna André Malraux exibe uma das mais prestigiadas coleções de obras impressionistas e fauvistas da França. Ele é um dos principais museus do mundo quando o assunto é arte impressionista, ficando atrás apenas do Museu d’Orsay, em Paris.

Le Havre e o movimento impressionista estão intimamente ligados. A cidade patrocinava o pintor Eugene Boudin, nascido na vizinha Honfleur.

Boudin foi mestre de Monet, que se mudou para a cidade com quatro anos de idade, e foi quem o introduziu à pintura de paisagens. Quando de sua morte Monet doou três telas ao museu.

Ao longo da cidade foram instalados painéis assinalando esses locais e mostrando o quadro pintado. O aplicativo para smartphone “Le Havre Impressioniste et Fauve” tem um circuito com todos os locais e obras. Os painéis marcam os locais que serviram de inspiração a importantes obras do Impressionismo.

Localizando bem de frente para o mar, todo revestido por vidros, a sensação é de que estamos diante de uma enorme obra de arte. 

Se estiver por lá no final da tarde, aproveite a chance para apreciar a olho nu um verdadeiro céu impressionista.

Dizem que lá na Normandia, essa mistura de tons de rosa, azul bebê e até mesmo o laranja no céu eram a verdadeira fonte de inspiração para grandes artistas impressionistas franceses, como Monet. Endereço: 2 Boulevard Clemenceau 

9-Catene de Containers

Em 2017, a cidade ganhou mais um monumento que tem tudo para ser mais um dos ícones de Le Havre – o Catene de Containers.

Ele chegou para comemorar os 500 anos da cidade e tem tudo para nunca mais sair de lá.

Um monumento feito com containers vindos direto do porto de Le Havre, o segundo maior porto da França.

Desafiando a lei da física, o monumento composto por objetos pesados e retilíneos, dá movimento e forma dois arcos. O maior deles tem 29 metros de altura.

10- Promenade André Duroméa

Durante os meses de primavera e verão vários bares e restaurantes se instalam ao longo da praia, na Promenade André Duroméa. É o local ideal para almoçar ou jantar olhando o mar e o movimento.

Aproveite para pegar um bronzeado na praia e se refrescar com um mergulho no mar. Muitos bares e restaurantes na agitada área do porto servem especialidades locais, como ostras e outros frutos do mar.

 

11-Jardins Suspendus

Outro lugar excepcional para descobrir são os Jardins Suspendus. Eles foram construídos dentro do antigo Forte de Saint-Adresse, com vista para a baía do Rio Sena, seus jardins temáticos paisagísticos oferecem uma esplêndida vista sobre o mar e Le Havre!

Cada um de seus quatro cantos bucólicos e isolados possui jardins com plantas de algum local do mundo com o qual o Le Havre fazia comércio: América do Norte, Ásia e Oceania, ideais para momento contemplativo. Há ainda estufas onde são produzidas as flores usadas no paisagismo da cidade. A visita é super interessante!

Algumas das antigas instalações do forte ainda estão preservadas como o depósito de pólvora que foi transformado em capela. Uma parte do edifício foi destruída pelos aliados durante a 2ª Guerra Mundial na tentativa de invadí-lo e expulsar os nazistas que haviam transformado o local em seu QG. Esse pedaço não foi reconstruído e uma ponte metálica liga as partes remanescentes. Endereço:Rue du Fort

12-Porto

Sua visita Le Havre não seria completa sem visitar o porto que se estende por cerca de 30 km. Le Havre é a cidade natal de Claude Monet, onde o artista passou toda a sua infância, e desde 1860 deixou este lugar e nunca mais voltou, apenas para visitar parentes e fazer esboços. Assim, em 1874, Monet retornou a Le Havre e pintou uma tela com o nome geográfico exato “Vista do Antigo Porto de Le Havre”. Passeie pela área e admire a arquitetura moderna.Você pode especialmente ver enormes cargueiros e navios de cruzeiro. 

13- Docks Vauban

Para fazer compras, siga para Docks Vauban. O antigo complexo estaleiro agora abriga lojas e restaurantes de todos os tipos.