Um dia na Bósnia-Herzegovina
13:32O país chamado Bósnia e Herzegovina certamente não está na lista de destino da maioria dos viajantes, mas ele certamente vai lhe surpreender e também lhe encantar, tanto pelo seu patrimônio construído quanto pelas belezas naturais.
A história da Bósnia e Herzegovina é muito rica e permeada por muitas mudanças e disputas, desde o século XII, que promoveram a multiculturalidade, com influência dos sérvios, croatas, austro-húngaros, venezianos, bizantinos e turcos.
Situada em uma região estratégica, esta nação oferece uma paisagem que sintetiza a diversidade da antiga nação balcânica. A república da Bósnia e Herzegóvina faz limites com a Croácia (a norte e a oeste), Sérvia (a leste) e Montenegro (a sudeste), além de ter uma minúscula parte de seu território banhada pelo Mar Adriático.
Um pouco de História recente
Quando se fala da Bósnia e Herzegovina é inevitável relembrar a tenebrosa guerra que há pouco mais de 20 anos assolou este país dos Balcãs.
Resumindo um pouco esse conflito, podemos dizer que após a Croácia e a Eslovênia declararem sua independência, a Bósnia e Herzegovina resolveu fazer o mesmo, declarando a sua independência em 1992 e até 1995, este país foi arrasado por uma guerra civil sangrenta e devastadora. Contudo, ela não esperava que a Sérvia fosse reagir tão negativamente à sua independência.
Um número expressivo de sérvios que moravam no território bósnio não aceitaram a independência, opostos ao processo de separação, realizaram uma perseguição étnica com a expulsão dos grupos rivais das áreas sob sua ocupação, além de promoverem chacinas.
Além disso, eles buscaram apoio do Governo Central da Sérvia que, fortemente armado, atacou a Bósnia e Herzegovina que, por sua vez, não estava preparada para a guerra e não dispunha de armamentos suficientes.
Ironicamente, muçulmanos e croatas inicialmente lutavam juntos contra as forças sérvias e montenegrinas que haviam começado a bombardear Mostar em abril de 1992 e em maio de 1993, um conflito surgiu entre os antigos aliados.
Sarajevo a capital do país, fundada pelos turcos no século XV, foi quase aniquilada, o que reduziu a escombros quase toda uma herança de 5 séculos.
Em Mostar, a linha do front atravessava a cidade no sentido norte/sul entre as ruas Bulvar e Aleksi Santice, com os croatas no lado oeste e os bosniaks do lado leste. Durante 2 anos os dois lados usaram artilharia pesada e, em 1995, a cidade parecia Dresden depois da Segunda Guerra Mundial, com todas as suas pontes destruídas e o antigo bairro otomano, às margens do Rio Neretva, que chegou a possuir 27 mesquitas, apenas algumas ainda estão de pé.
A gravidade do conflito armado foi tão grande e palco dos mais violentos conflitos que, resultou no esfacelamento e fragmentação do território iugoslavo, com graves consequências para o povo.
Foi quando em agosto de 1995, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) promoveu a intervenção no conflito bombardeando as posições sérvias. Nesse mesmo ano, teve fim o mais sangrento conflito em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial. Tendo como saldo dos confrontos cerca de 200 mil mortes e aproximadamente 2,5 milhões de refugiados.
O Acordo de Dayton, assinado em dezembro estabeleceu a independência da Bósnia e Herzegovina e os limites territoriais: a Federação Bósnio-Croata (51% do território), controlada por bósnios muçulmanos e bósnios croatas/católicos e a República Sérvia da Bósnia (49% do território) governada por bósnios sérvios/ortodoxos.
A Bósnia e Herzegovina, juntamente com a Macedônia, é uma das repúblicas economicamente mais pobres da antiga Iugoslávia. Os conflitos além de destruir infraestruturas, causar mortes e fluxos emigratórios, prejudicou o desenvolvimento econômico nacional e o rompimento das relações comerciais imposto pela Sérvia e a Croácia.
Embora a guerra tenha moldado grande parte deste jovem país, ainda em fase de superação desta história turbulenta, a Bósnia e Herzegovina tem feito um esforço titânico para avançar cada vez mais no processo de recuperação da destruição, ela tem se tornado um destino bem interessante e diferenciado da Europa, deixando para trás os seus dias sombrios, oferecendo a você uma oportunidade única de visitar seus encantos, que ainda são muito subestimados, especialmente para quem está visitando a península dos Bálcãs.
No entanto, as cicatrizes deste período turbulento da Guerra da Bósnia ainda estão bem presentes. Você ainda encontrará alguns dos efeitos danosos dessa guerra sangrenta em alguns pontos da paisagem, seja em edifícios repletos de buracos de balas e/ou arruinados, vastos cemitérios que pintam colinas com dolorosas memórias, seja nas pessoas com quem cruzamos, testemunhos vivos da dor enfrentada pelo povo.
O que visitar
Seja bem-vindo ao nosso roteiro para visitar a Bósnia e Herzegovina, o país onde o Ocidente se encontra com o Oriente.
A região tem agregado um conjunto de fatores que unem o oriente e o ocidente, tais como cultura, religião, gastronomia e belezas naturais capazes de encantar e surpreender aos viajantes e os resultados estão à vista!
Hoje, neste lugar você encontra igrejas de todos os credos tais como católicas, ortodoxas, mesquitas e sinagogas, bem próximas umas das outras em relativa harmonia.
Adicionalmente, em pouco mais de duas décadas os cenários de guerra deram lugar a cidades vibrantes, com os seus principais monumentos totalmente reconstruídos e a natureza voltou a recuperar toda a sua exuberância.
Você encontrará estruturas reconstruídas como a Ponte Velha de Mostar, sob o Rio Neretva no centro antigo de Mostar, símbolo de paz e reconciliação.
É fácil de perceber o porquê da Bósnia e Herzegovina ser presentemente um dos destinos de viagem em ascensão na região dos Balcãs, se somarmos a isso a sua distinta gastronomia, fruto da exímia fusão culinária entre o ocidente e o oriente e se acrescentarmos ainda a simpatia do seu povo e o baixo custo de vida.
Em parte, esse crescimento de visitantes é graças à proximidade e facilidade com que podemos ir de Dubrovnik, na Croácia, para Mostar e outras cidades.
Mostar é a maior cidade da região de Herzegovina, na Bósnia e Herzegovina. Uma das mais atrativas cidades do país que, abriga diversas mesquitas, bazares e outros lugares históricos que vale a pena visitar. Ela está localizada a cerca de 135 km da capital Sarajevo, quase a mesma distância de Dubrovnik (145 Km) e a 163 km de Split, ambas na Croácia.
Por isso, se anda à procura de um destino de férias relativamente econômico, que combine exotismo com destinos históricos e culturais e dezenas de maravilhas naturais para explorar, não hesite em visitar a Bósnia e Herzegovina.
Como visitar
Se você decidir fazer o roteiro por conta própria, pode pegar um ônibus de Dubrovnik para Mostar. Pode até pernoitar em Mostar, seguindo viagem para Sarajevo. Alguns tours partindo de Dubrovnik oferecem passeios com pernoite visitando a capital bósnia. Outra alternativa é alugar um carro em Dubrovnik para fazer o bate-volta. Embora gostemos sempre de visitar os lugares por conta própria, sinceramente nem cogitamos essa opção, mas para a Bósnia em função do pouco tempo disponível, pois não tínhamos esse dia a mais, ficou para uma próxima viagem, além disso, aa logística um pouco complicada de transportes, o fato de termos que atravessar fronteira com carro alugado na Croácia,
resolvemos contratar um tour em Dubrovnik.
Pesquisei muito antes da viagem e encontrei um tour do jeito que queria na Get Your Guide. Já havíamos contratado os serviços desta empresa em outras ocasiões, como havia ocorrido tudo bem, resolvemos contratá-la novamente e saímos de casa já com os tickets comprados pela internet.
As agências de viagem e o centro de informação turística em Dubrovnik oferecem vários passeios que incluem no roteiro a região de Herzegovina. Mas, você pode contratar outras, pois há várias ofertas na internet.
Acredito que está é uma das melhores formas de visitar a Bósnia e Herzegovina e alguns dos principais atrativos da região, através de excursão de um dia inteiro, por cerca de 10 a 12 horas.
Gostamos do tour, pois o grupo era pequeno, uma mini van confortável, com ar condicionado. O motorista era também o guia do grupo – um croata de Dubrovnik que foi contando curiosidades bem interessante da Bósnia e das relações entre os países da região.
O tour durou o dia inteiro, com pick-up num ponto de referência que nós escolhemos, mas pode ser no seu hotel e, finalizando no mesmo lugar ou na cidade murada em Dubrovnik.
A gorjeta para o guia/motorista não é obrigatória, mas com certeza deve ser esperada por ele. Nós demos, outros deram, alguns não.
💡Atenção: Independentemente de que país você venha, não esqueça de levar o seu passaporte, pois você estará entrando em um outro país, a partir da Croácia que não fazer parte do espaço Schengen.
📖 Uma curiosidade: adoro os carimbos de passaporte, infelizmente não carimbaram o nosso com o stamp da Bósnia, embora tenhamos passamos em 3 check points.
Ainda pedi para o guia, mas ele disse que se tivesse chance pediria, mas falou que os fiscais eram mal-humorados, carrancudos e eram de lua, às vezes carimbavam às vezes não. Enfim, fiquei sem…
Principais Atrativos do Tour
Nosso roteiro na região Herzegovnina – Neretva, a mais próxima ao litoral, que realizamos, a partir de Dubrovnik. teve basicamente 3 principais atrativos e a ordem que visitamos foi: a vila de Pocitelj,
Nosso roteiro na região Herzegovnina – Neretva, a mais próxima ao litoral, que realizamos, a partir de Dubrovnik. teve basicamente 3 principais atrativos e a ordem que visitamos foi: a vila de Pocitelj,
Medjugore e Mostar. É um bate-volta perfeito de Dubrovnik!
À medida que você se aproxima de Počitelj, uma rota cênica leva você através de aldeias pitorescas da Bósnia e Herzegovina, no trajeto entre as diferentes cidades, especialmente, Počitelj.
Na estrada M17, apenas 30 km a sul de Mostar, elegantemente aninhada em uma colina às margens do Rio Neretva, esconde-se esta pequena e magnífica vila medieval de Počitelj.
Počitelj (pronuncia-se “pro-chi-tel”) com apenas 350 habitantes, é simplesmente a aldeia mais bonita e um dos lugares mais impressionantes da Bósnia e Herzegovina.
Esta antiga e autêntica aldeia com características medieval e do oriente, datada do século XV, é o melhor exemplo da combinação de arquitetura mediterrânica e otomana, observada em sua imponente mesquita.
Počitelj construída em um penhasco rochoso, já foi um importante centro administrativo e político otomano no século XVI, durante a Idade Média. Hoje, é Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
O que ver em Počitelj
Chegamos em Počitelj por volta das 7:50 h. Na parte baixa da vila, próximo às margens do Rio Neretva, fica um pequeno estacionamento que serve como ponto de apoio aos turistas, aonde o motorista-guia estaria nos esperando para seguir viagem. Ficamos ali aproximadamente 45 minutos, tempo suficiente para andar pela maioria das ruas da vila, que é bem pequena, mas apaixonante.
Počitelj parece uma pintura: antigas casas de pedra otomanas cobertas de vegetação, ruínas de muralhas, telhados de ardósia, uma mesquita e uma antiga fortaleza no ponto mais alto.
Há alguns pontos turísticos de destaque no interior da vila, que você não pode deixar de visitar:
Pórtico
Entramos por este pórtico que fica na parte mais baixa da encosta e fizemos todo o passeio em direção à parte mais alta. Na torre-portão que é a entrada para a cidade velha toda fortificada, ficam vários nativos vendendo todo tipo de produtos produzidos na região. Uma senhorinha me ofereceu umas bijouterias, como não sou muito chegada a estes apetrechos – pensei em comprar só para ajudar – mas meu marido acabou comprando uma garrafinha de suco muito gostoso que parecia ser de cereja.
Počitelj é também conhecida como “cidade de pedra”, quando visitar vai entender…o morro em que a cidade foi construída é cheio de pedras.
As casas de pedras ainda guardam resquícios da muralha que cercava o vilarejo entre os séculos XVI e XVIII e um labirinto de ruas íngremes de pedras enormes – e escorregadias, tenha cuidado, sendo aconselhável o uso de calçado antiderrapante.
As ruelas inclinadas, escadarias íngremes e rampas podem cansar as pernas, mas transportam-no no tempo nesta aldeia adormecida no tempo. As suas muralhas, fortes e bastiões medievais são ótimos miradouros.
Mesquita Šišman Ibrahim-Pašina Džamija – Hadži Alija
Nós visitamos a Mosque Hadži Alija e pagamos com bom gosto o ingresso 1,50 € por pessoa – não foi a primeira vez que entrei numa mesquita – então não me incomodei com o fato de ter que tirar os sapatos e ter que cobrir a cabeça…acredito que foi por isso que mais ninguém entrou, mas viajar é isso, conhecer e respeitar as culturas.
Construída em 1563 por Hajji-Alija, filho de Musa, foi reconstruída no século XVII por Šišman Ibrahim Pasha, sendo notável por sua acústica e forma abobada.
A mesquita foi restaurada na década de 1970, mas foi gravemente danificada durante a Guerra da Bósnia em 1993, sendo novamente restaurada em 2002.
Casa Gavrakanpetanović
Construída no final do século XVI, abrigava os capitães de Počitelj, que pertenciam à família Gavrankapetanović é um exemplo típico da arquitetura residencial da vila, sendo também a única casa da cidade com quartos separados para homens e mulheres. A casa tornou-se residência de uma colônia de artistas entre 1961 e 1975, entre eles o pintor italiano Vittorio Miele. Durante a Guerra da Bósnia, a casa foi incendiada, tendo sido restaurada em seu estado original em 2003.
Kula Počitelj
Um passeio imperdível é subir até o Kula, possivelmente a atração mais famosa da cidade. O Kula é um antigo forte em forma de silo que oferece vistas espetaculares para a aldeia a partir do topo da colina.
Hoje em ruínas, o forte costumava albergar vigias e militares que guardavam a cidade contra possíveis invasões pelo vale do Rio Neretva.
É possível entrar na grande torre, porém, não me aventurei pelas íngremes escadas que levam até o topo, pois elas não me pareceram muito seguras, além disso, achei que devido ao curto espaço de tempo no tour não teríamos tempo para subir!
Torre Gavrakapetan – Torre de Relógio – Sahat Kula
Outro atrativo importante é a Torre de Relógio do século XVII, chamado de Sahat Kula, erguido no alto da montanha. Uma torre em formato octogonal no forte do vilarejo, que está muito destruído.
De volta à parte baixa da cidade, restaurantes e também pequenas lojinhas onde artesões locais vendem de souvenires e produtos típicos. Sempre compro umas coisinhas que coleciono nas minhas viagens.
Achei alguns curiosos (há quem diga de mal gosto), como os vários suvenires feitos com as balas da guerra!! No entanto, achei que dada uma boa finalidade e até uma lembrança para não esquecer daquilo que tanta dor causou às pessoas daquele país. Acabei comprando um tanque de guerra por 5€.
Não vi mercados abertos e os três bares/restaurantes, por ainda ser muito cedo, não davam ares de que iriam abrir, por isso não sei informar com precisão se há opções bacanas para comer ali. Apenas usamos o banheiro e tomamos um café.
Aliás, haviam pouquíssimas pessoas pelas ruas e não identifiquei outros turistas além de nós. Essa ausência de pessoas aliado a arquitetura bucólica dá a impressão de “vila fantasma” ao lugar. Esse era o final do nosso incrível tour por Počitelj.
Medugorje
A segunda parada do tour foi em Medugorje que está localizada nas verdes montanhas da Bósnia e Herzegovina, por isso, o caminho é bem bonito, uma serra com estrada sinuosa e paisagens de montanhas com vegetação um pouco árida, um lugar bem com cara de interior.
A lenda diz que, no dia 24 de junho de 1981 a Virgem Maria fez uma aparição para 6 seis crianças adolescentes, em uma colina em Medugorje.
Desde então, Međugorje tem sido alvo de atenção mundial e a pequena vila rural se transformou num dos mais importantes centros de peregrinação católica da Europa, que continua crescendo, embora o Vaticano não tenha reconhecido oficialmente a legitimidade das visões.
Muitas pessoas fazem uma peregrinação a Medugorje buscando a fé e a paz nessa cidade especial. Há relatos de que mais de um milhão de pessoas de todo o mundo visitam a região a cada ano. O que levou à construção de um santuário, jardins enormes e um amplo espaço com telões compõem o cenário para os milhares de peregrinos católicos assistirem às missas.
Se você já esteve em Aparecida do Norte ou em Lourdes, na França ou em Fátima em Portugal – a única que conheço – deve ter uma boa ideia de como é Medugorje.
Neste local você poderá visitar e/ou também poderá assistir a uma cerimônia religiosa na imensa
Catedral de Nossa Senhora de Medjugore.
No dia de nossa visita à cidade estava acontecendo uma missa, então não foi possível entrar na igreja para fotografar, pois que estava lotada.
Mas, pudemos apreciar a tranquilidade no Jardim da Contemplação, local onde são realizadas missas ao ar livre para os milhares de peregrinos em Medugorje. Aliás, foi o lugar onde vimos turistas e peregrinos nesse tour.
A cidade é um lugar essencialmente bonito, tem uma boa infraestrutura para receber o turismo religioso, com muitas lojas, na verdade um exército de vendedores de quinquilharias de artigos e suvenires religiosos.
Para se ter uma ideia da quantidade de lojas, tem lojas até ao lado de bares. Estava muito calor, sentamos num barzinho para tomar um Aperol Split e ficar esperando dar a hora de ir para o ponto de encontro, quando olhei à nossa volta com mais atenção, havíamos sentado em frente a uma loja de artigos religiosos, meu marido até gravou um vídeo😂.
Se você me perguntar se vale a pena ir a Medugorje, acredito que sim. Primeiro, porque acho que tudo vale a pena; e segundo porque sempre gosto de conhecer lugares, sejam eles sobre os quais sempre ouvi falar ou não, nem que seja só para riscar da lista; e terceiro, embora acho um lugar interessante para quem é religioso, há toda uma emoção no ar, então não custa nada, se você estiver de passagem, fazer uma visitinha para conhecer. Só achei demais, termos ficado 1:20 h na cidade, poderíamos ter ficado um pouco mais em Pocitelj ou ter ficado mais em Mostar, local muito mais atrativo.
Mostar
Situada na região da Herzegovina, a beira do Rio Neretva, a cidade de Mostar é a capital deste cantão e principal cidade turística da Bósnia e Herzegovina, possuindo pouco mais de 100 mil habitantes.
Mostar significa “guardiã da ponte” e a travessia do Rio Neretva sempre foi fundamental para a cidade, que no século XVI prosperou como centro importante de transportes do poderoso império otomano.
A cidade abrigou várias culturas e religiões durante sua história, e cada uma deixou traços no local, mas foi durante o domínio turco que a cidade foi um importante centro comercial.
Mostar é a cidade mais encantadora do país e oferece muitas oportunidades para se conhecer um pouco sobre a história do país e suas características culturais, incluindo a guerra civil. Você pode entender sobre o conflito e observar a relação harmoniosa entre as diferentes religiões que sinaliza a esperança de uma paz duradoura.
A cidade tem uma boa infraestrutura turística e possui várias opções de restaurantes, hospedagem e lojas com produtos típicos para deixar o passeio mais interessante.
Esta cidade irá inspirá-lo com as suas ruas sinuosas e edifícios orientais, pessoas simpáticas, comida deliciosa e uma cultura muito semelhante a Turquia.
O que ver em Mostar
Ao chegarmos na cidade paramos onde fica o estacionamento dos veículos dos tours, perto desta igreja católica enorme.
Os católicos orgulham-se do complexo franciscano da Igreja de São Pedro e São Paulo, com mosteiro e o Campanário da Paz cujo elevador o leva para a melhor vista 360º sobre Mostar e a Ponte Velha.
Nesta parte mais nova, vimos uma cidade meio paradona, com prédios simples e outros bem detonados, segundo o motorista-guia, desde a época da guerra.
Li em relatos de outros grupos que o guia/motorista deixou o grupo com a guia bósnia, fizeram um tour de um hora com ela, depois tiveram mais 2 horas para explorar a cidade por conta própria.
O nosso motorista-guia apenas deu dicas de restaurantes na cidade, apontou para algumas construções históricas, disse aonde o grupo deveria estar na hora marcada para regressarmos a Dubrovnik e a partir dali ficamos por nossa conta.
Então, a menos que você esteja visitando a cidade por conta própria ou vai passar mais tempo no local, sinceramente acho que você não deve se preocupar muito com o que fazer na cidade, pois todas as atrações turísticas principais de Mostar estão concentradas na cidade velha (centro histórico) – que é Patrimônio Mundial da Unesco, desde 2005.
Chegando no centro histórico, onde tudo é meio bagunçado e amontoado, mas é o jeito do lugar mesmo…passamos por algumas construções interessantes na cidade e pela rua principal com vários restaurantes.
O grupo havia se dispersado, a cidade estava lotada, com gente saindo pelo ladrão, então antes que não houvesse mais lugar, resolvemos primeiro almoçar para depois ver as atrações. Almoçamos a comida típica num dos vários restaurantes indicados pelo motorista-guia.
Então, a nossa sugestão ao visitar a cidade é que, sente-se e relaxe em um dos terraços dos restaurantes à beira do Rio Neretva ou do riacho Rabobolya, delicie-se com a culinária local, que pode incluir várias amostras da comida tradicional em um único prato bastante robusto, atendendo até 3 pessoas, podendo ser acompanhada com o vinho ou a cerveja da região e que tem baixo custo.
A gastronomia tem forte influência do império otomano com o predomínio de especiarias orientais, onde se destaca os vegetais como tomate, pimentão, abobrinha e beringela recheados de arroz, carne moída, queijo ou grãos, além das folhas de repolho e acelga.
Os ingredientes utilizados são geralmente orgânicos, frescos e de origem local, com destaque para o queijo branco picante, a salada shopska e o pão local.
Para experimentar a culinária local, o Cevapi é um lanche parecido com o kebab, uma massa que vai queijo ou carne de recheio, ou uma carne moída em forma de quibe servida com pão fresco com kajmac (coalhada espessa) e a cerveja bósnia é a Sarajevsko ou a Mostarsko.
Pagamos 24 €, incluído a gorjeta – embora seja visível que todos os restaurantes por ali são do tipo "caça-turistas", achei o preço super bom, ainda mais porque vínhamos de Dubrovnik, onde as refeições são bem mais caras.
Após o almoço, no leque de opções do que ver, fomos passear ao longo da rua principal que constitui o coração da Velha Mostar. O centro histórico efervesce de vida durante o dia com locais, lojistas e (muitos) turistas. Interessante pelo profuso espírito comercial espelhado na arquitetura, o calçadão Kujundziluk é onde está o Old Bazar.
Old Bazar – Kujundžiluk
Lojinhas pequeninas – foram cerca de 500 na era otomana – abrem as típicas portas de ferro para lhe vender a afamada gastronomia bósnia (a mais saborosa dos Balcãs) ou peças de artesanato regional (por regional entenda-se de várias regiões do mundo, pois vimos até bonecas russas. Os cafés, sempre cheios, transmitem a atmosfera e caracterizam a vida local.
Para quem gosta de passear ou fazer compras, esta rua empedrada que acede à Ponte Velha de Mostar, com as suas dezenas bazares e de lojinhas, traz uma variedade incrível de artigos de inspiração para comprar algumas lembranças únicas.
No bairro antigo, nesta parte oriental da cidade, não vai faltar lembranças, desde artigos de casa, decoração até roupas e acessórios.
Explore à pé as ruas antigas e o clima do oriente, além do antigo Bazar, a Mesquita e os museus que contam a história da reconstrução da cidade.
Além do antigo Hamam (banhos turcos), se gosta de museus, sugiro que visite a exposição promovida pela “War Photo”, pouco antes da travessia da ponte, a leste do rio, que conta a história do país e dos principais conflitos durante a guerra dos Balcãs.
Em Mostar além do Museu da Stari Most, o Museu Herzegovina dedica-se a preservar o patrimônio histórico-cultural da Herzegovina desde 1950. É para quem tenha um estômago forte.
O Museu da Guerra e das Vítimas de Genocídio e a Galerija Old Bridge, uma antiga mesquita localizada na extremidade sudoeste da Stari Most que hoje é uma livraria, onde além de dezenas de livros sobre a Bósnia, explica os crimes de guerra cometidos entre 1992 e 1995. Você também verá uma mostra de fotografias, objetos pessoais e testemunhos reais, documentos judiciais, documentários e um vídeo chocante sobre o conflito – o momento exato em que a ponte foi bombardeada – leve um lenço, porque é emocionante!
Foi aqui, antes de atravessar a ponte e visitar o atraente bairro otomano, restaurado após a guerra nos anos 90 que, encontrei o que queria comprar para levar de lembrança de Mostar: um bonito jogo para tomar chá, cada um mais lindo que o outro!
Outros espaços museológicos interessantes são as casas de família de Mostar. Seja pela arquitetura, pelas memórias familiares expressas em fotos e objetos, são excelentes formas de compreender melhor o peso da cultura otomana nesta região. Se ainda não visitou a Turquia, as velhinhas (século XVI) Biscevica House e Kajtaz’s House, ou a mais jovem (século XVIII) Muslibegovica House dão-lhe uma ideia das tradicionais casas turcas.
Casa Biscévica
Bem preservada, esta residência turca remonta ao século XVII. A Casa Biscevic revela a vida durante o domínio otomano. Caminhos encantadores de paralelepípedos levam à ampla casa. Hoje, apresenta uma coleção de artefatos e trajes tradicionais. Definitivamente, os itens antigos e o mobiliário cativam o interesse. Além disso, o mobiliário, a bela cerâmica e os belos jardins proporcionam uma experiência memorável.
Torres Tara e Halebija
A ponte em arco é conectada por duas torres medievais, o que proporciona à cidade uma identidade visual única. Os seus dois guardiões de pedra, as torres de Tara e Halebija, erguem-se de cada lado do rio. A leste, Tara foi um paiol e alberga hoje o Museu da Ponte Velha.
Do lado oeste, Halebija tem um varandim com vistas na casa da guarda, acessível pela antiga prisão pelo piso inferior.
Ponte Velha - Stari Most – Old Bridge
É a maior atração turística e cartão postal da cidade de Mostar.
Por incrível que pareça, a Stari Most construída em 1566, conhecida como uma das maravilhas da engenharia da época, sobreviveu a Segunda Guerra Mundial, mas não sobreviveu à artilharia bósnio-croata e, em novembro de 1993, foi bombardeada depois de 427 anos de vida sobre o Rio Neretva, num dos momentos mais indecentes e deprimentes de toda a guerra civil iugoslava.
Este núcleo do centro antigo, bem como a bela ponte antiga, foram totalmente reconstruídos com ajuda internacional e são considerados Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. Dizem que até o Príncipe Charles da Inglaterra ajudou na reconstrução da ponte antiga, participando da sua reinauguração em 2004.
Hoje, a ponte antiga também é considerada como um sinal de esperança no futuro e na convivência harmônica e respeito as diferenças. Um ícone, um símbolo de paz, de união entre as diferentes etnias e religiões ligando a parte católica (de maioria croata) com a parte muçulmana (outras origens).
Espreite do peitoril e aprecie a beleza das águas azul-esverdeadas do Rio Neretva, considerado pelos locais como a fonte da vida da Herzegovina.
Além de turistas indo e vindo, ficam lá em cima alguns rapazes pulando no rio. São os “mostari” ou “guardiões da ponte” que, numa atividade arriscada, estes jovens locais em troca de algumas moedas, algum dinheiro oferecido pelos turistas, gostam de pasmar os turistas com um mergulho do alto da ponte – mergulham 22 metros abaixo nas águas do Rio Neretva – eles vão coletando trocados e quando completam uma quantia (+/- 25 €) eles pulam da ponte, se juntam mais (+/- 50 €), pulam de cabeça!!
A informação é de que tem vários acidentes fatais, mas que é uma tradição secular mantida por um grupo de saltos, havendo até uma competição todos os anos, vindo competidores de vários lugares do mundo. Inclusive, se você quiser saltar há um serviço do Clube de Saltadores próximo a ponte que, oferece o equipamento e instruções.
💡Dica: O melhor lugar para ver os mergulhadores é da praia em frente à Stari Most, onde o Rio Radobolja deságua no Rio Neretva.
Depois de ver a ponte bem pertinho do rio, subimos de volta para a parte alta e atravessá-la, passamos por um “corredor polonês” de mais lojas, para então chegar até a principal mesquita.
Mostar orgulha-se da sua mescla cultural e religiosa com católicos, islâmicos, ortodoxos e judeus a partilhar a vida na cidade. Mas as mesquitas têm maior destaque como pontos de interesse turístico.
Datam da era otomana e todas tiveram que ser reconstruídas ou restauradas já que sofreram estragos profundos na Segunda Guerra Mundial e na Guerra dos Balcãs. A todas elas pertence um espaço ajardinado, são os tradicionais cemitérios muçulmanos.
Mesquita Koski Mehmed Pasha
Agora restaurada, a Mesquita Koshkin Mehmed Pasha, do século XVII, na rua Mala Tepa, nº 16 é a segunda maior mesquita da região e a mesquita mais visitada de Mostar pela arquitetura, pela decoração interior e por ter o minarete mais concorrido pelas vistas sobre a Ponte Velha, o Bazar, o Rio Neretva e a montanha, sendo uma visita interessante.
Você vai encontrá-la bem perto de Stari Most, facilmente identificável por uma cúpula azul. Certamente, figura na lista das melhores coisas para fazer em Mostar.
Kriva Cuprija – Crooked Bridge
Algumas fotografias, depois seguimos para a nossa última parada em Mostar: a Crooked Bridge, de onde se tem uma linda vista dos restaurantes com seus moinhos. Ela parece uma miniatura da Stari Most, mas também é uma reconstrução, pois a original foi destruídas por enchentes.
Kriva Cuprija também conhecida como Ponte Torta é muito antiga, construída em 1558, fica às margens do Rio Radobolja e foi a única dentre as pontes de Mostar que sofreu menos danos com a guerra.
O mesmo não se pode dizer da Lucki Most, na jusante do rio, nem da Musala Most, a montante, donde ainda se vê as ruínas do Neretva Hotel, um esplendoroso hotel construído durante o domínio austro-húngaro.
Extremamente cênica, é um ótimo cenário para belas fotos. Dada a sua semelhança com a Stari Most, muito maior, as comparações entre as pontes tornam-se inevitáveis.
Na saída, mais lojinhas e ruas lotadas de turistas, com o calor infernal do verão em Mostar. Estava muito calor no dia da nossa visita. Embora o termômetro marcasse 30°C, a sensação térmica era muito maior, mesmo estando ainda no início do mês de junho, então paramos para tomar sorvete e descansar enquanto esperávamos a hora de ir para o ponto de encontro.
Conclusão
Conhecer uma pequena parte da Bósnia e Herzegovina foi uma experiência surpreendente e acolhedora. O ambiente construído na tradição oriental, pessoas simpáticas e receptivas, com as suas roupas tradicionais e costumes típicos contam de forma emocionante a sua história e a sua cultura.
Apesar de ser um país pobre, ele oferece o que tem de melhor e alegre para o visitante.
Apesar de ser um país pobre, ele oferece o que tem de melhor e alegre para o visitante.
Cativaram-me a beleza do cenário e as boas vindas deste povo sofrido que reconstrói o futuro com tanta esperança.
A imagem do Rio Neretva correndo por debaixo da ponte, com aquela água verde-esmeralda e aquele casario espalhado pelas suas margens, não saiu da minha lembrança. O país é, sem dúvida, um dos cenários mais bonitos que já vi ao vivo e a cores. Visite a Bósnia e Herzegovina, você ficará encantado!
A imagem do Rio Neretva correndo por debaixo da ponte, com aquela água verde-esmeralda e aquele casario espalhado pelas suas margens, não saiu da minha lembrança. O país é, sem dúvida, um dos cenários mais bonitos que já vi ao vivo e a cores. Visite a Bósnia e Herzegovina, você ficará encantado!
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