O que ver em Alte

08:14

Alte é considerada para muitos a aldeia mais típica de Portugal e um verdadeiro tesouro escondido no Algarve!

Podemos dizer que, o que não falta no Algarve são atrações turísticas. Todos os anos, a beleza natural da região atrai milhões de visitantes até a sua costa dourada e oferece alguns dos melhores equipamentos do mundo para o lazer e a prática desportiva.

 

E nesta região em que as grandes atrações turísticas passam pelas praias, os resorts turísticos e as cidades costeiras e dos bem promovidos eventos, o Algarve ainda esconde muitos segredos do turista normal, como a pequena aldeia de Alte, que mesmo constando de fato em alguns dos melhores Guias Turísticos, infelizmente é desconhecida por muitos turistas, ficando longe dos roteiros mais habituais.

 

No entanto, quando em 1938, o que ninguém esperava era que se encontrava ali nas colinas do Algarve– uma joia rara perdida no Concelho de Loulé– a vila de Alte, terra natal do escritor Cândido Guerreiro, saltou para a ribalta como finalista do concurso “A Aldeia Mais Portuguesa de Portugal”. Mesmo assim, essa distinção não lhe trouxe no turismo o retorno econômico desejado, estando durante muito tempo dependente exclusivamente dos lucros obtidos através da produção agrícola, já que à volta do aglomerado urbano de Alte a paisagem é marcada pela agricultura de sequeiro dos socalcos do barrocal. Aqui predominam os pomares de amendoeirasalfarrobeiras e figueiras. Os legumes, vinhedos e cereais fazem parte das pequenas hortas que fornecem os produtos agrícolas de subsistência.

No entanto, nos últimos anos a tendência inverteu-se e ela já começa a receber muitos visitantes, sendo apelidada de capital de turismo do interior. Esta evolução foi muito importante, porque ajuda a atenuar as assimetrias existentes entre o litoral e o interior algarvio. Atualmente, a Aldeia de Alte procura tirar maior partido da sua oferta turística, embora de uma forma muito discreta, sendo o mesmo um destino muito popular para excursões.

 

História

Alte teve a sua origem na época da ocupação romana, com vestígios desta ocupação desde o Neolítico. A região acolheu comunidades de agricultores e pastores que influenciaram sucessivamente as comunidades locais. Durante a colonização romana e o domínio visigótico, Alte evolui de vila rural integrada na grande propriedade romana, para comunidade camponesa autônoma da beira – serra, mantendo as relações comerciais com as cidades do litoral. No período muçulmano, Alte torna-se um povoado fortificado e nas terras limítrofes são desenvolvidas novas técnicas agrícolas e as culturas da amendoeira, alfarrobeira e figueira. As culturas árabe e berbere marcaram decisivamente a arquitetura local. Este passado árabe que pode ser observado nos tipos da casa e nos detalhes das chaminés, conhecidas em todo o Algarve. Após a conquista cristã do Algarve, é estabelecido o senhorio de Alte que se manteve até ao século XX.

 

Assim sendo, nesta postagem vamos explorar uma das povoações mais típicas e pitorescas do Algarve, em Portugal, onde as vistas para um horizonte pleno de paisagem rural imaculado e rodeado de campos numa paisagem em mudanças entre o fértil Barrocal ao longo do riacho da Ribeira de Alte, só podem ser descritas como de cortar a respiração.

 

Onde fica e como chegar

Alte é uma vila ou freguesia localizada no extremo noroeste do Concelho de Loulé, distrito de Faro e situada no meio, ou melhor, aninhada no sopé da bela e montanhosa Serra do Caldeirão, a este de São Bartolomeu de Messines, centro do Algarve, portanto, uma típica aldeia Algarvia. 

 

·         Distrito: Faro > Município: Loulé > Freguesia: Alte

·         População: 1.997

·         Distâncias: Lisboa Aeroporto 240 km, Faro Aeroporto 56 km, a cerca de 2 km a norte de Albufeira, a 10 minutos da autoestrada A2 e junto à N124.

 

Em linha reta, Alte fica a menos de 30 quilômetros para o interior do famoso destino turístico de Vilamoura, mas esta calma aldeia não tem nada a ver com a agitada marina de Vilamoura, com os seus hotéis de cinco estrelas ou com a sua vibrante vida noturna. No entanto, seu melhor acesso é a EN124, que sai de Portimão em direção a este através de Silves, quase na fronteira com Espanha, já que a aldeia fica perto entre Messines e Salir e está bem sinalizada para quem vêm de ambas as localidades.

 

Portanto, Alte é o local ideal para descobrir esta região, cidades e aldeias do centro do Algarve, como: Messines e Silves para o oeste, Salir e Loulé para o leste e Algoz, Boliqueime, Vilamoura, Albufeira e Paderne para o sul.


O que visitar

Chegando a Alte você irá se encontrar numa estrada principal que serpenteia à volta um labirinto de ruas e escadarias estreitas pavimentadas com calçada portuguesa, ladeadas por árvores e recheadas de edifícios residenciais, mas destacamos aqui dois edifícios públicos:

Mercado Municipal de Alte e a Freguesia da Junta de AlteTodas as terceiras quintas-feiras do mês é dia de feira em Alte. As bancas perfilam-se ruas afora onde são colocados à venda os vários produtos locais: acessórios em couro, artesanato (trabalhos de madeira e olaria) árvores de fruto, ervas aromáticas, atoalhados de mesa tradicionais, mel, queijos, além de frutas e legumes deliciosamente frescos. 


Centro histórico

Como dissemos anteriormente, trata-se a aldeia de Alte de uma povoação considerada por muitos como a aldeia mais típica no Algarve, com um centro histórico bem conservado.

Embora já existam bastantes construções de períodos recentes, a arquitetura dos edifícios circundantes é típico do Algarve e Alte ainda conserva um tecido urbano antigo que se caracteriza pelas cores e dimensões homogêneas. 



As casas de habitação de muros estão caiadas de branco com decorativos e coloridos azulejos, com as portas e janelas emolduradas com bordas coloridas, sendo as cores dos embasamentos alternados entre o azul, amarelo e o vermelho. 

As tradicionais e vistosas chaminés artesanais rendilhadas, carregadas de arabescos, os beirados e os candeeiros de rua integram os elementos arquitetônicos mais requintados do aglomerado.

As fachadas estão decoradas de vasos com flores e pinturas (street-art), com imagens alusivas à cultura local e um ar penetrante de tranquilidade que se sente e que continua a manter o seu charme original.Igreja Matriz de Alte

A pitoresca igreja da aldeia, a Igreja Matriz, também designada por Igreja de Nossa Senhora da Assunção, é o elemento arquitetônico central de Alte, pois foi em seu redor, no topo da colina– que é a parte mais antiga da aldeia com uma vista maravilhosa para o vale do riacho– que se desenvolveu o povoado.

As primeiras referências surgem no final do séc. XIII na época da reconquista, por Dona Bona, como forma de agradecer o regresso do seu esposo, o segundo Senhor de Alte, da Oitava Cruzada, que detinha direitos sobre a vila, onde se relata a existência de uma pequena ermida.

O templo atual foi construído na primeira metade do séc. XVI, seguindo o estilo manuelino tardio e durante o séc. XIX foram efetuadas obras de restauro no interior. 

Formado por três naves separadas por arcos, apoiadas em colunas, estando revestida por azulejos azuis e brancos do século XVIII e por talha de estilo barroco.

Portanto, no coração da vila, rodeada de vários cafés e pequenos restaurantes, encontra-se ao a igreja matriz, cuja capela alberga várias peças e imagens do século XVI pintadas à mão.

Museu Cândido Guerreiro e Condes de Alte

Em Alte pode ainda conhecer o Museu Cândido Guerreiro e Condes de Alte. Este espaço cultural resultou da conversão do antigo edifício solar dos Condes de Alte em polo museológico.Apresenta no espaço patrimônio etnográfico como trajes e alfaias agrícolas, exposição de algum espólio, onde se destacam objetos em honra do filho mais famoso de Alte, o escritor e poeta Francisco Xavier Cândido Guerreiro.

Um dos moradores locais foi o poeta e advogado português Cândido Guerreiro. Nascido em Alte em 1871, ele viveu até aos 82 anos e foi enterrando no cemitério da aldeia.  

Sem dúvida que Cândido Guerreiro foi buscar muita da sua inspiração à sua terra natal e é na Estalagem da Fonte Pequena, que se pode ler uma homenagem ao poeta sob a forma de retrato em azulejo e excertos dos seus poemas, incluindo um dos seus mais conhecidos:

Capela de São Luís

Capela de São Luís é um templo situado no centro de Alte, junto ao Largo de São Luís, onde também se encontra o Pelourinho. Foi construída nos finais do séc. XIV e inícios do séc. XV em estilo barroco, devido à crença de um senhor chamado Álvaro Mendes de Ribadeneyra, 6º senhor de Alte. Mandou construir esta capela no sítio em que seu filho Pêro Mendes apareceu são e salvo, ainda menino, folgando com dois ursos sem que o tivessem ferido. 

Durante o séc. XVIII sofreu várias intervenções que lhe deram o aspeto que apresenta atualmente. Capela de uma só nave, em que no seu interior o altar é de estilo barroco, com talha dourada, e onde existem 4 telas da vida de S. Luís que é protetor dos animais, sendo invocado quando estes animais estão doentes.

Bandeira de Portugal

A gigante bandeira portuguesa foi pintada recentemente numa das colinas que envolvem a povoação. Se estiver situado na parte mais alta da aldeia, vai ficar surpreendido com o tamanho deste símbolo nacional. 
Fontes
As Fontes de Alte estão mergulhadas em história, sendo um dos pontos mais importantes da vila.

No vale abaixo da Ribeira de Alte, à saída no sentido nascente, na ponta oeste da aldeia siga as tabuletas que lhe indicam o caminho sustentado por duas fontes, ali irá descobrir a verdadeira joia da coroa: a Fonte Pequena e Fonte Grande.

O caminho que vai de Fonte Pequena à Fonte Grande é um belíssimo e calmo passeio, tal como as margens verdejantes do rio. 

Esta região é bem conhecida dos portugueses pelas suas águas minerais, portanto, quem atravessa a ponte estreita por sobre o rio muitas vezes vê os moradores locais encher garrafas com a água fresca da nascente. O aviso de que a água não é testada e que, portanto, é imprópria para consumo é um sinal dos tempos. Mas os habitantes locais bebem dessa água há séculos e não me parece que se tenham dado mal com ela. 

Em outros tempos e durante séculos este era o local de encontro das mulheres da aldeia, para encher os cântaros com água e quando vinham lavar a roupa. Contudo, este era um espaço de socialização, onde o “falar da vida alheia”, principalmente sobre a vida dos vizinhos era dos temas mais abordados. Hoje são lugares atraentes, onde se o calor apertar convida a um mergulho na piscina fluvial da ribeira.

A bela região circundante tem vários restaurantes, um palco ao ar livre e uma belíssima zona de passeio enfeitado pelo sombreado de árvores antigas, sendo por demais atraentes para algumas horas de descansos, lugar ideal a um bom piquenique, uma leitura sossegada ou simplesmente para se sentar descontraidamente, e refletir sobre a qualidade de vida que lhe oferece o Algarve. 

Outro dos lugares a visitar é o antigo moinho de água, junto às fontes que também data do século XII.Trilhas de Alte

Uma vez por ano, Alte é o palco de um evento muito popular para os ciclistas todo o terreno, a Maratona BTT Alte, tendo nas colinas circundantes o desafio deste tão esperado percurso.

No entanto, você pode aproveitar o seu passeio a Alte para fazer uma trilha. É um pequeno percurso misto que passa pelo interior da aldeia entre as Fontes e a Queda do Vigário.Normalmente o acesso até a Queda do Vigário, popularmente designada de açude, é feito a partir do cemitério de Alte, mas você pode caminhar através de uma trilha ou por caminho a partir das Fontes passando pelo interior da vila até chegar à cascata, sendo este o percurso mais curto, perfazendo aproxidamente um total de 2,5 km. 


Cascata Queda do Vigário

Nas redondezas de Alte vale a pena visitar a Queda do Vigário, um dos tesouros escondidos de Alte, assim a sua visita a este destino tão pitoresco pode tanto começar quanto terminar na Cascata Queda do Vigário, já que ela fica bem próxima de onde começamos lá no Mercado Municipal de Alte.


A Queda do Vigário é a parte terminal de uma sequência de belas cascatas de água formadas em tufos calcários situados ao sul e existentes na Ribeira de Alte, que nasce na Quinta do Freixo se junta com a Ribeira de Algibre perto de Paderne, formando a Ribeira de Quarteira. 

A água da ribeira despenha-se do alto dos seus 24 metros de altura e lança-se com grande vigor sobre um belo lago oval de águas límpidas, que se assemelha a um alguidar, formando uma paisagem maravilhosa e um local de grande beleza natural.

No verão muitos são aqueles que ali vão a banhos. Junto à cascata, a área envolvente foi recentemente requalificada com a criação várias obras de melhoria, inclusive de um espaço verde onde estão disponíveis mesas de piqueniques e uma infraestrutura de apoio, tornando-se ainda mais aprazível e perfeito a momentos de lazer.

 

Onde comer

Hoje, a aldeia de Alte divide a sua economia com o poder da indústria do turismo, mantendo ainda sua aparência típica, mas está bem abastecida com serviços e comércio, uma vez que o numero de turistas tem crescido, a oferta de restaurantes e cafés (snack-bar) procura corresponder a essa procura.

Nas ruas encontramos várias lojas, onde são vendidos os melhores produtos típicos da região, como a cerâmica, o azeite, o queijo, o mel e a aguardente de medronho. Também há muitos cafés cheios de charme e restaurantes maravilhosos, onde se pode relaxar e respirar a tranquilidade desta tradicional aldeia Algarvia.

Aqui você pode experimentar o melhor da gastronomia algarvia.  Se estiver com disposição de comer carne, experimente as saborosas espetadas; se preferir peixe prove o fabuloso tamboril na caçarola ou um prato de bacalhau, ou de arroz de polvo.  À sobremesa, não podiam faltar os Dom Rodrigos, o doce mais típico do Algarve, que leva gila e amêndoa.

A verdade é que, senti-me em casa na bela e cativante Alte e como descendente dos Alt, dos Fernandes e mãe de gatos, ao final não sentia que estava indo embora, parecia que está indo para um passeio e que um dia voltaria para casa...

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