Chambord é de longe o castelo mais imponente, mais famoso, o maior dos châteaux do Vale do Loire — e o que melhor sintetiza castelo e palácio num único prédio. 

Por ter incorporado elementos arquitetônicos, é um verdadeiro símbolo do renascimento francês, portanto, costuma estar na lista de atrações imperdíveis da região.

O Castelo de Chambord começou a ser construído em 1519, a mando do rei François I, para servir como um pavilhão e dar apoio às suas expedições de caça, pois era amante das artes e caçador fervoroso, mas principalmente, para mostrar aos outros soberanos e nobres toda a sua força e seu poder, já que tinha dois outros châteaux nas redondezas — os de Blois e de Amboise. 

No entanto, somente no reinado de Luís XIV, o Rei Sol, é que a sua construção foi concluída, no ano de 1547. Ele construiu estábulos e canalizou as águas do Rio Cosson para abastecer o castelo, tendo, posteriormente, realizado grandiosos encontros de caça para ele e sua corte. Para esta obra monumental, que durou de 1519 a 1547 foram contratados 1800 trabalhadores. É o que se chama ter a mania das grandezas.

Apesar do grande interesse pela construção e arquitetura do Château de Chambord, somando todas as visitas, o rei François I esteve no castelo por apenas 50 dias. Durante o seu reinado, o castelo permaneceu desmobiliado, sendo que todos os objetos necessários para a estadia eram levados e montados por criados cada vez que o rei fosse se hospedar lá. Imagine só, camas, armários, panelas, talheres e até tapeçarias para as paredes eram transportadas para dentro do castelo a cada visita e totalmente recolhidas depois!

Sofreu grandes obras durante o século XVIII de forma a garantir conforto aos seus ocupantes para que, assim, pudessem se instalar lá com caráter permanente. Apesar do seu tamanho — são mais de 440 quartos espalhados em uma construção gigantesca — o castelo não tem uma decoração espalhafatosa, pelo contrário, a maioria dos cômodos estão bem vazios, pois como dissemos, o castelo servia apenas como lugar de moradia durante as temporadas de caça dos reis, desde François I.

E agora, 500 anos depois do início da sua construção, o que restou para ver e fazer por lá? Muita coisa! 

Este castelo não pode ser dissociado da floresta que o rodeia: são 13.500 hectares e 32 km de cercas, numa reserva natural que faz do Parque Nacional de Chambord o maior parque fechado da Europa – maior que a cidade de Paris intramuros!

Nele, admiram-se paisagens virgens e, em dias de sorte, avistam-se animais selvagens. Então, a primeira opção, mais barata de todas, é dirigir pelo parque até o estacionamento do castelo – com a possibilidade de avistar pelo caminho algum cervo espiando de dentro da mata – e caminhar pelos entornos do Château de Chambord, podendo observar toda a sua grandiosidade pelo lado fora, ficar maravilhado com o tamanho da construção e com as belas torres que são a sua marca registrada.

Tudo isso você consegue fazer pagando apenas o valor do estacionamento (6 € em 2019) e é uma boa opção para quem tem pouco tempo ou precisa visitar diversos castelos no mesmo dia.

Agora, se você tiver reservado um tempo maior para o Château de Chambord, pode fazer uma visita ao interior do castelo, que dura mais ou menos uma hora.

No térreo, além de algumas salas com obras de arte da época, você pode visitar as cozinhas do século XVIII e o salão das carruagens, onde estão guardados alguns belos exemplares dos veículos.

A visita ao interior vale pela primeira coisa que chama a atenção ao entrar no castelo que, é a famosa escadaria em espiral dupla que leva ao terraço, onde as torres ganham uma dimensão surpreendente. Só uma mente maquiavélica ou extraordinariamente brilhante é que poderia imaginar a mítica escada dupla do Castelo de Chambord. Por isso, não é de admirar que tenha sido criada por Leonardo da Vinci.

A ilusão é perfeita: olhando de fora e de frente, muito embora, pareça que só existe uma rampa, na verdade, são duas espirais que giram uma sobre a outra. A ideia é que duas pessoas possam subir ou descer as duas escadas ao mesmo tempo sem nunca se cruzarem. Como dizem os portugueses: você vai ficar com a cabeça a andar à roda!

No primeiro andar do castelo, ficam vários apartamentos mobiliados, com camas em dossel, tapeçarias, cadeiras, mesas e armários, tudo do século XVI ao XVIII, assim como um museu dedicado ao Conde de Chambord, que viveu no château no século XIX.

No segundo andar, o mais interessante é observar as salas abobadadas próximas às escadarias em espiral, onde se observam os emblemas do rei François I esculpidos no teto (salamandras e “Fs” coroados).

No terceiro e último andar dá acesso aos terraços do castelo, de onde se tem uma bela vista da enorme propriedade de Chambord, em especial dos jardins à francesa, perfeitamente polidos e desenhados.

Muito interessante também é caminhar por entre as torres e telhados, uma mistura de estilos gótico e renascentista e, observar cada detalhe esculpido.

É possível fazer a visita de forma auto-guiada, com a ajuda dos folhetos fornecidos na bilheteria (em diversos idiomas, inclusive português) e lendo as placas que se encontram dentro de cada sala (essas em francês ou inglês).

Se preferir, também estão disponíveis visitas guiadas em francês e inglês, mediante o pagamento de uma taxa adicional, ou o aluguel dos chamados “HistoPads”, tablets programados para conduzir os visitantes pelo castelo, contar a história das salas e explicar tudo sobre a arquitetura local (em diversos idiomas, inclusive português). O aluguel do HistoPad custa 6,50 € e não está incluído no valor da entrada no castelo.

Fora isso, há algumas atividades que podem ser feitas no parque do castelo, que parecem ser bem interessantes para quem tem o dia todo para passar por lá. São 1000 hectares de parque com trilhas de livre acesso aos visitantes, que podem ser exploradas a pé com a ajuda de um mapa que está disponível nos balcões de informações.

Há ainda passeios de charrete nos meses de verão (45 minutos), ao valor de 11 € para adultos e 8 € para crianças entre 5 e 17 anos, que levam a regiões privativas da propriedade, oferecendo contato próximo com a flora e fauna locais.

Outro passeio pela reserva é oferecido em veículo 4×4, com acompanhamento de guia-natural. A duração da visita é de 1h30 e o valor é 18 € por adulto e 12 € para crianças entre 5 e 17 anos.

E se bater aquela fome durante a visita, não se preocupe! Há bar e restaurante no castelo e, se você preferir, pode levar seu lanche e fazer um piquenique nos gramados muito bem cuidados nos arredores do castelo.

Você vai encontrar mais detalhes de como chegar e como visitar o Chateau de Chambord na Rota dos Castelos do Vale do Loire.