Castelo de Villandry

O Castelo de Villandry em si não é dos mais históricos, foi o último dos grandes “châteaux” do Vale do Loire a ser construído durante o Renascimento e a sua principal atração não existia até o início do século XIX. Hoje em dia, apesar de não ser o mais famoso em termos de arquitetura ou mobiliário, o Castelo de Villandry atrai visitantes do mundo inteiro em razão de seus magníficos jardins renascentista perfeitamente recortados e decorados, portanto, deixe este castelo para a sobremesa — ou para o dia em que a previsão do tempo disser que será mais ensolarado, pois já valeria a viagem mesmo se a região não tivesse os outros 299 e não sei mais quantos castelos. Sem dúvida uma das paisagens mais lindas que você vai ver na vida! 

Um pouco de história

O início da sua construção data de 1532 e o responsável pela construção do castelo foi Jean le Breton, Ministro das Finanças de Francisco I da França, que mandou demolir uma fortaleza do século XII, de 4 de julho de 1189, onde  ocorreou a célebre Paz de Colombier, na qual Henrique II Plantageneta, rei da Inglaterra, reconheceu sua derrota face a Filipe Augusto, rei da França. Da época medieval foram aproveitadas apenas as fundações e a torre de menagem, deixada como um testemunho do importante evento histórico.

Além de entender de arquitetura, Jean le Breton – participara ativamente da construção do Castelo de Chambord – interessava-se pelas artes da jardinagem, as quais teve oportunidade de estudar durante o período em que foi embaixador em Roma. Assim, já quando da construção do Castelo de Villandy, empenhou-se na realização de belos jardins ornamentais às margens do Rio Cher, que deram notoriedade à propriedade mesmo fora do Vale do Loire.

Em 1754, o castelo tornou-se propriedade do Marquês de Castellane, proveniente de uma ilustre família provençal, que reformou o seu interior para torná-lo habitável conforme os padrões de conforto do século XVIII. Infelizmente as modificações feitas na parte externa não tiveram tanto sucesso e acabaram por tirando um pouco da característica renascentista do Castelo de Villandry. Os jardins também foram alterados para atender à moda na época, sendo substituídos por jardins formais.

Cercado de vegetação frondosa sofreu ao longo dos séculos várias transformações nos seus imponentes jardins, mediante o gosto de cada proprietário e os estilos das épocas. Então, depois de passar por diversos proprietários, entre eles, Jérôme Bonaparte, irmão mais novo de Napoleão I, o castelo foi adquirido em 1906 pelo médico espanhol, o Dr. Joachim Carvallo – que abandonou uma promissora carreira científica para se dedicar ao Castelo de Villandry – e sua esposa Ann Coleman, herdeira de um império americano de ferro e aço. Com muito estudo e trabalho, o Dr. Joachim Carvallo conseguiu restaurar a fachada do castelo e os seus jardins ao que eram na época do Renascimento. Entre 1908 e 1918, os jardins de estilo inglês deram lugar a um faustoso jardim tipicamente renascentista. Foi ele quem, em 1920, abriu o castelo e seus jardins ao público, tradição mantida por sua família desde então. Hoje, é o seu bisneto, que vive na propriedade com a família, que mantém estes espaços. Anualmente, são muitos os visitantes de todo o mundo que os admiram do topo do terraço da torre. 

que ver no castelo

Logo na entrada, você precisará decidir se pretende conhecer também o interior do castelo ou apenas os seus jardins. Eu, particularmente, fui até lá especialmente pelos jardins, de forma que preferi deixar de lado os cômodos mobiliados para ter mais tempo de conhecer outras atrações no Vale do Loire. Já na bilheteria, tirei a minha principal dúvida, para a qual não havia encontrado nenhuma resposta na internet: é possível ver os jardins do alto sem entrar no castelo? Porque fiquei pensando: deve ser necessário subir em algum terraço ou sacada no último andar para ter aquela vista aérea maravilhosa que a gente vê nas fotos, com os jardins bem desenhadinhos.

Felizmente, a resposta foi sim! É possível ver os jardins do alto sem fazer a visita ao castelo! Há observatórios no alto de uma colina que oferecem uma vista perfeita de toda a propriedade!

Caso opte por visitar o interior do castelo, com decoração e mobiliário principalmente do século XVIII, é por aí que seu passeio vai começar. Do contrário, basta seguir o roteiro sugerido no folheto dado na entrada para a visita aos jardins (com opção em português), que se inicia pela escadaria que dá acesso aos terraçosAli você já terá uma visão de tirar o fôlego e terá certeza de que tomou a decisão correta ao visitar os Jardins de Villandry.

Do alto do terraço, é possível observar bem de perto os jardins decorativos do castelo, sendo que os mais próximos ao edifício são conhecidos por “jardins do amor”, representado, em quatro quadrados, o amor terno, o amor apaixonado, o amor volúvel e o amor trágico. 

Dali é possível fazer um passeio pelos bosques e visitar a estufa, chegando, em seguida, ao Jardim da Água: faixas de gramado verde impecável em torno de um enorme lago na forma de um espelho Luís XV, rodeado por uma cerca de tílias. É um local muito tranquilo, onde pude imaginar facilmente aquelas damas de vestidão fazendo seu passeio matinal.

Na sequência do trajeto sugerido, passamos pelo Jardim do Sol, o último construído no castelo, tendo por finalidade celebrar o centenário da recriação dos jardins renascentistas pelo Dr. Joachim Carvallo. O Jardim do Sol foi desenvolvido a partir de um desenho do próprio, com três espaços verdes distintos: O Quarto das Nuvens, com flores azuis e brancas, o Quarto do Sol, em tons de laranja e amarelo, com um laguinho representando os raios do sol, e o Quarto das Crianças, com playground e macieiras.

Outra atração bem legal para crianças é o labirinto, localizado logo em frente ao Jardim do Sol. De acordo com o folheto do passeio, ele representa o percurso terrestre do homem, tendo inspiração cristã e trazendo para o visitante o objetivo de elevar-se humana e espiritualmente. Por isso, diferentemente do labirinto grego, este não apresenta nenhum caminho sem saída.

Em seguida, passa-se pelo Jardim dos Simples, em estilo tradicional da Idade Média, consagrado às ervas aromáticas, culinárias e medicinais. O que mais gostei nesse jardim foram os arbustos trabalhados em topiaria, formando vários espirais verdinhos.

Por fim, avista-se a maravilhosa horta renascentista, composta por nove quadrados recheados com diversos padrões geométricos coloridos, formados por flores e vegetais. De cima do pequeno terraço coberto de parreiras (com uvas em setembro), tem-se a mais bela vista da horta com o Castelo de Villandry, em todo o seu esplendor, ao fundo.

A origem desse jardim remonta à Idade Média, quando os monges costumavam organizar as hortas das abadias em formas geométricas, especialmente a cruz. Além disso, entre os vegetais eram também plantadas roseiras, cujos botões eram utilizados para enfeitar as estátuas da Virgem Maria

Os jardins italianos também influenciaram as hortas ornamentais renascentistas, trazendo elementos decorativos como fontes, pérgolas e canteiros de flores.

A caminhada em meio à horta lindamente decorada e pensada para que cada legume colorido tenha seu papel nos desenhos formados é extremamente interessante. Encontramos alguns vegetais desconhecidos e outros, embora bem familiares, em cores e formatos nunca antes vistos por mim quando morava no Brasil.

As placas coloridas no lado de fora de cada quadrado indicam as espécies localizadas em cada forma geométrica, de forma que é possível se distrair por horas tentando identificar cada legume disposto na horta. São 40 espécies de vegetais plantados a cada ano, sendo um plantio na primavera (que fica de Março a Junho) e um no verão (que fica de Junho a Novembro).

Dá até para brincar de salada mista: pêra, uva ou maçã (risos)...


O interessante é que a disposição dos vegetais é alterada a cada plantio, tanto para fins estéticos, quanto para garantir a rotação de culturas e evitar o desgaste do solo, que precisa mesmo de muito cuidado, pois desde 2009 é tudo orgânico nos jardins do Castelo de Villandry!

A vontade é de não ir embora nunca, ficar ali admirando aquilo tudo até cansar, se é que isso é possível,mas encerrado o passeio, você ainda pode explorar a loja de produtos de jardinagem e a lojinha de souvenirs.

Dentro da propriedade não há opções de alimentação, mas do lado de fora, em frente à bilheteria, há um restaurante para resolver a fome dos visitantes, chamado La Doulce TerrasseApesar de estar entre os castelos mais distantes de Paris, o Château de Villandry fica a apenas 20 minutos da cidade de Tours, uma das bases favoritas dos visitantes para conhecer o Vale do Loire. Com um carro alugado, chega-se até ele facilmente!





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