Nesta última postagem sobre a Albânia, vou falar sobre este pedacinho sobre o qual quase ninguém ouviu falar, portanto não é entupido de turistas em alta temporada. Mesmo estando bem ao lado das já tão badaladas e famosas Ilhas Jônicas da Grécia, da Riviera Croata e do salto da bota da Itália. Mas quem conhece, fala bem dela. Este foi um dos principais motivos para eu querer conhecer o litoral albanês, a chamada: Riviera Albanesa.
Este pedacinho que vai de Sarandë até Dhermi, é marcado por montanhas altíssimas que despencam vertiginosamente sobre praias bonitas, de pedrinhas arredondadas, com águas absolutamente cristalinas e azulíssimas, oliveiras, vinhedos e muitos dias de sol ao ano.
No entanto, se você tiver aquele perfil de viajante que gosta das coisas mais arrumadas e perfeitinhas. Esquece. Se Riviera é o nome que se dá a um pedaço de litoral onde paisagem e glamour brindam juntas com champanhe. Talvez essa não seja a sua viagem ideal. Embora, quase todas as praias tenham cadeiras de praia, guarda-sóis (mesmo que em alguns lugares eles sejam pagos) e restaurantes; a maioria é bem bagunçada.
Algumas não tem estrada asfaltada para chegar à beira-mar ou não tem um meio de transporte regular para quem está a pé. Neste quito, a Riviera Albanesa está longe de ser realmente uma riveira, no verdadeiro sentido da palavra, mas a bela natural, a cor das águas (algumas verdes, outras azuis escuro ou claro), a hopitalidade albanesa e ser os primeiros as desfrutar deste lindo lugar, antes que turismo o deixe insuportável, compensa tudo.
Para a maioria dos viajantes, o ponto de partida da Riviera Albanesa é Vlorë, mas nós fizemos o caminho inverso, começando um pouco ao sul de Sarandë: em Ksamil. De lá, fomos voltando em direção a Vlorë.
Estávamos vindo de Butrint quando visitamos Ksamil, então a nossa passagem por lá foi bem rápida. Ksamil é ainda muito desconhecida do resto do mundo, mas já é considerada um paraíso albanês também. Ela tem alguns trechinhos de areia branca e águas bem azuis. Uma vila que está crescendo desordenadamente, por isso, esta é uma que você pode esquecer os seus conceitos de paraíso e adaptar-se aos conceitos locais.
Quanto custa e onde ficar?
A média de Ksamil é ligeiramente mais alta do que o resto da Albânia, mas ainda assim é muito barato. Ou seja, ir para lá é bem mais barato do que qualquer outro lugar da Europa, com certeza!
Embora existam outras praias próximas, como: a Plazhi i Pasqyrave (praia dos espelhos); Pulëbardha Beach (praia das gaivotas); Plazhi i Manastirit (praia do mosteiro) e a Plazhi Itan Kryeziu. E as ilhas: Isole Gemelle di Ksamil (Duas Ilhas ou Ilhas Gêmeas); Ishujt e ksamilit (ilha das esmeraldas).
São todos locais com pouca e quase nenhuma estrutura; são lugares pequenos, e no verão as pessoas se acomodam como podem naquele pequeno trecho de areia. A que tem maior estrutura mesmo é onde está a vila de Ksamil, onde também tem maior oferta de hospedagem. Já que a vila é pequena, de lá é muito fácil e rápido caminhar tanto para o centrinho, quanto para as outras praias. Dê uma olhada no Booking. Ele sempre tem bons lugares e boas ofertas. Com certeza, você vai achar a que cabe no seu bolso.
Quanto tempo e o que fazer?
Isso depende do que você pretende fazer no lugar.
Quer usar Ksamil de base e fazer outros passeios? Então, quatro dias dá para ir à Butrint, ir ao Blue Eye, ir a Sarandë e ainda relaxar nas praias de Ksamil e ir às ilhas. Sim, sugiro gastar pelo menos um dia na praia e não deixe de ir às ilhas. A mais próxima, fica tão pertinho que dá para ir nadando.
Inclusive, Ksamil fica literalmente em frente à ilha grega de Corfu, que cabe perfeitamente num daytrip, pois existem ferry-boats ou catamarãs que fazem o trajeto Corfu-Sarandë ou vice e versa. Duas companhias fazem o trajeto: Ioanian cruises, que demora 2 h e Finikas lines, que demora 30 minutos.
No dia seguinte, iniciamos o percurso da Riviera Albanesa própria dita. Saímos de Sarandë por uma estrada recentemente renovada e quase sem trânsito. Mas que, infelizmente, o universo conspirou contra e choveu o tempo todo. Não pudemos aproveitar absolutamente nada. Então, o que vocês vão ver são algumas fotos que conseguimos tirar, para não deixar passar em branco.
Até Vlorë as distâncias são as seguintes: Sarandë - Shënvasije (11 km) - Lukovë (8 km) - Piqeras (9 km) - Borsh (2 km) - Qeparo (11 km) – Porto Palermo-Spillës (2 km) - Himarë (4.5 km) - Vuno (4.5 km) - Dhërmi (3 km) - Palasë (11 km) –Park Llogarah – Vlorë (24 km) =90 km.
A Riviera Albanesa termina em Sarandë (para nós foi o início), que é talvez o ponto mais turístico de toda a Albânia. Aqui o turismo é diferente do praticado nas outras praias da costa jônica. Ao contrário das pequenas e rurais aldeias da Riviera Albanesa, Sarandë é uma cidade que, embora muito descaracterizada pelo incontrolado desenvolvimento turístico, tem alguma capacidade hoteleira, e, no verão, com uma animada vida noturna, com inúmeros bares e discotecas. Para saber como foi a nossa passagem por ela, clique aqui.
Após Sarandë, e antes de Borsh a estrada passa ainda pela aldeias de Shënvasije e depois pela de Lukovë. té tentamos chegar à beira da praia desta última, mas desistimos, apesar de estarmos de carro, a descida é bem inclinada e de terra, como chovia preferimos não arriscar. Dizem que a praia é bonita, mas não imperdível. Mais uma que não espere mega estrutura, mas que se bater uma fome ou sede, tem restaurante.
Continuando a seguir a estrada, nossa primeira parada foi Borsh, uma praia pouco construída.
Aqui é notória a falta de infraestruturas turísticas, mas com o devido planejamento por parte das autoridades locais, o turismo nesta parte da Albânia tem tudo para prosperar.
A Rruga Plazhit é uma avenida que vem asfalta a 2 km da rodovia, mas quando chega à beira-mar acaba o asfalto.
Ao menos vi um micro ônibus circulando, sinal de que ao menos meio de transporte é fácil conseguir por ali.
A próxima paragem após Borsh, cerca de 15 minutos depois, a mesma estrada passa pelo interior da aldeia de Qeparo que além das suas tavernas e cafés também tem as suas praias.
Assim como em Borsh, para ali chegar é preciso virar à esquerda em direção ao mar e rodar por cerca de 500m.
As praias não estão longe da aldeia, sendo apenas necessário passar o grande olival que se estende quase até à praia.
Esta sim, já tem uma boa infraestrutura turística tanto em termos passeios públicos, pois toda a beira-mar tem um calçadão muito bonito, quanto em termos de hotelaria e restaurantes, com muitas opções boas e baratas.
Pena que, justamente na hora em que ali estávamos, caiu um pé d’água danado, e pior... Quando vimos o carro meio baixo, olhamos para o pneu: vaziinho, vaziiinho!!! Foi hilário meu marido trocando o pneu e eu tentando segurar o guarda-chuva, naquela chuva com ventania...
Continuando na estrada, a próxima parada é em Porto Palermo. Trata-se de uma linda baía muito isolada, sem qualquer tipo de infraestrutura turística nas suas imediações, à exceção de um restaurante de peixe, e de um castelo que remonta aos tempos da ocupação Otomana, no século XIX.
Foi construído por Ali Pasha, tendo como base para a sua construção, as fundações de uma muito antiga fortaleza que ali existia. A entrada no castelo custa 100 lek.
A paisagem pitoresca do castelo e da ilha com uma linda baía com praias como pano de fundo torna inevitável uma paragem neste lugar.
Já a aldeia de Himarë é uma referência e uma boa base para explorar essa parte da Riviera Albanesa. Ela tem várias praias e muitas antigas tavernas gregas que, permitem-nos saborear a gastronomia da região a preços incrivelmente baixos.
Apesar da maior parte da população etnicamente grega ter deixado a aldeia nos anos 90, uma parte antiga muito típica, ainda não foi descaracterizada pelo aumento do turismo nos últimos tempos.
Ali, fala-se grego, come-se comida grega, bebe-se cerveja grega. Então, é onde você pode se sentir como se estivesse na Grécia.
O caminho entre Himarë Dhëmi é curto: só 16 quilômetros.
É bem ali onde a estrada se afasta um pouco da costa que, estão algumas das praias mais bonitas.
Dhërmi, por exemplo, é a celebridade.
A praia mais famosa da Riviera Albanesa.
Considerada a praia mais chique, com hospedagens mais caras e turistas mais cheios da grana. E a mais charmosa também.
Uma gracinha de lugar, que fica encarapitado na montanha.
Aqui, até a grande maioria dos hotéis fica na ladeira que liga o mar ao centro antigo.
Dhërmi tem várias igrejas e o seu castelo no topo de uma das montanhas.
Daqui para frente, as íngremes montanhas nos acompanham sempre no caminho até Vlorë. Falei para o meu marido: será que vamos passar lá naquela estradinha perto da nuvem? Pois acreditem, passamos!!
As montanhas se estendem por toda a linha costeira, tornando difícil o acesso às praias, o que faz com que a maior parte da costa não esteja explorada a nível turístico.
Todavia nem o acidentado terreno que caracteriza esta parte do país, nem mesmo a beleza e potencial das praias foram argumentos suficientes para fazer desistir o antigo líder comunista albanês de construir nesta zona vários dos "seus" 700 mil bunkers.
Ao atingir a parte mais elevada por onde passa a estrada de montanha, consegue-se ver a grande parte da linha costeira da Riviera albanesa.
Ela nos fez por um momento, quase duvidar que subimos aquilo tudo, e que deixamos para trás as belas praias do mar jônico com a sua água azul cristalina.
A estrada que passa pelas montanhas inseridas no Parque Natural de Llogarah durou cerca de quarenta minutos, até se atingir mais de mil metros de altitude. Na área do Parque Natural de Llogarah existem pequenas aldeias com a sua vida rural, o seu vinho caseiro e os seus típicos assados de borrego. Ali paramos para almoçar no Bar Restorant Dervishalliu, que tem uma varanda externa, com uma linda vista para o parque, mas por causa da chuva, não estava acessível.
E assim, depois de percorridos pouco mais de 90 km em 4 horas de viagem, sendo que 1 hora foi de parada para o almoço, chegamos à Vlorë.
Uma cidade que me pareceu bem elegante, com muitos cafés ao ar livre, que possuem almofadas muito bonitas.
Mas, há um certo ar estranho em Vlorë. Achei o ambiente do salão de café da manhã do hotel muito estranho, uns homens mal encarados, fumavam muito e a mulher que conversava com um homem, parecia garota de programa...
Foi também onde tivemos mais problemas na comunicação dentro do hotel (as pessoas da recepção mal falavam inglês).
A internet não funcionou no quarto. Meu marido passou mal, não conseguimos fazer a ligação para acionar o seguro viagem, então pedimos para a moça da recepção fazer a ligação para nós. Ela resmungou alguma coisa incompreensível, acabei ficando sem saber ela não sabia, ou se não podia. Acabamos não realizando a ligação.
Foi quando tomamos a decisão de antecipar a nossa viagem de volta (contei como foi aqui). Deixando de fora cidades como: Fiër, Durrës e Krujë.
Mas, um dia eu volto à Albânia, não só para terminar o que ficou sem ver, como também para refazer todo este percurso da Riveira Albanesa, mas com muito sol… sem pneu furado…
e para almoçar neste restaurante aí, rsrsrs…
- 21:39
- 0 Comments