Dica: em nossa opinião vale muito a
pena dar uma volta completa à Muralha de Ávila pelo seu exterior. Contudo, caso
esteja com o tempo contado (ou queira poupar as pernas), recomendamos que foque
a visita nas seções das muralhas que se encontram ao longo da Calle de San Segundo (leste) e do Passeo del Rastro (sul).
Os visitantes podem percorrer todo o perímetro das paredes do lado de fora, mas nem sempre o fazem. Isso também é
lógico porque é um "passeio" de quase três quilômetros. Mas, vale a pena o esforço se quiser apreciar a
imponência das muralhas e descobrir alguns dos locais não tão conhecidos de
beleza pitoresca.
Você pode iniciar o seu percurso como e onde preferir, mas uma boa opção se quiser cobrir todas as paredes é começar pelo que é chamado de torreão 1, ou seja, a abside ou extremidade superior da Catedral.
Catedral de Ávila
Tida como a primeira catedral gótica de Espanha, a Catedral del Salvador de Ávila, do século XI ao XIV, foi projetada e construída com dois propósitos: um espaço de culto religioso e de estrutura defensiva. Uma das suas paredes está totalmente integrada na muralha. Inclusivamente, a abside é um dos cubelos da muralha. Não é por isso de estranhar a sua aparência fortificada. Já a cor cinzenta e a pedra de granito como material de construção, causam alguma estranheza. Como uma cruz de prata no meio dum baú repleto de ouro.Plaza del Mercado ChicoDescendo as ruas em frente à Catedral, encontra-se a Plaza del Mercado Chico, uma típica praça castelhana, onde se situam a Iglesia de San Juan Bautista, o Ayuntamiento a par de outros edifícios administrativos.
É um bom local para absorver o estilo medieval da cidade, com as suas arcadas, torres e edifícios medievais. Pode fazer uma pausa numa das esplanadas e comprar as famosas Yemas de Ávila, um doce típico da cidade.
Casa Museo de Santa Teresa
Dissemos no início que Ávila é a cidade-berço de Santa Teresa de Jesus, por isso, a cidade tornou-se num importante local de peregrinação e destino de turismo religioso. Isto leva-nos a um dos lugares de visita obrigatória em Ávila: a Plaza de la Santa. Tudo em redor da praça está relacionado com Santa Teresa. O destaque vai, obviamente, para o Convento e a Igreja de Santa Teresa construídos em 1636. A igreja cativa pela sua fachada barroca cujo pórtico é encimada por uma estátua da santa. A principal característica do interior é a divisão onde nasceu Santa Teresa, convertida numa capela barroca ricamente decorada. No interior, de salientar ainda as naves laterais que albergam o Museu de Santa Teresa, a cripta e a Sala das Relíquias.Plaza del Mercado Grande (ou Santa Teresa)
É a praça principal de Ávila, situada em frente a Puerta del Alcázar, que só peca pela presença dum edifício novo que destoa completamente com o ambiente da praça. Abstraindo-nos disso, a honra do convento é salva pela Igreja românica de San Pedro, outro dos templos a visitar em Ávila. A sua origem remonta aos séculos XII e XIII, e da sua fachada destacamos a rosácea cisterciense. No interior, a ornamentação austera contrasta com o interessante conjunto de pinturas e retábulos.Dica: se quiser conhecer mais sobre a vida e obra de Santa Teresa, vá ao Monasterio de la Encarnación, situado fora das muralhas do lado norte. Dentro das paredes do sóbrio mosteiro renascentista, Santa Teresa viveu 27 anos da sua vida monástica e terá sido aqui que ocorreu uma das visões de Jesus.
Palácios de Ávila
No interior do recinto amuralhado encontramos vários palácios renascentistas construídos entre os séculos XV e XVI, época de maior esplendor da cidade. Reserve algum tempo para apreciar os seus detalhes, nem que seja do exterior. Adossados a cada porta da muralha há geralmente um ou dois palácios de aparência fortificada. Além de residência, era como sentinelas das portas e, em caso de necessidade, primeiro ponto de defesa. Eis uma lista dos principais palácios do centro histórico de Ávila:
–Palacio de los Verdugo (onde o berrão Verraco de Muñogalindo ainda vigia a porta)
–Palacio de Nuñez Vela (demarca-se pela beleza do pátio interior)
–Palacio de Los Dávila
–Palacio de Los Velada (hoje um hotel)
–Torreón de Los Guzmanes (alberga a Diputación Provincial de Ávila)
–Palacio de Superunda (dos melhor conservados)
Se a sua sede por história religiosa for muito grande, ao visitar Ávila tem à sua espera uma longa lista de igrejas, capelas, mosteiros e conventos românicos, góticos e renascentistas. Rendem um cenário solene e atmosférico para um passeio mágico pelas ruas de pedra de granito da cidade. São quatro as igrejas românicas “extra-muros”, das quais destacamos San Vicente e San Pedro, que fazem parte do conjunto do Patrimônio Mundial.
Basílica de San Vicente
Fora do recinto muralhado da Cidade Antiga de Ávila visitar à Basílica de San Vicente é obrigatório. Só superado em importância e significado pela catedral, a ancestral basílica é o santuário mais antigo de Ávila. É o grande modelo do românico de Ávila erigido entre os séculos XI e XII, um edifício singular do românico hispânico pelas suas cuidadas proporções. Destacam-se a galeria em arcada e a porta sul com relevos românicos representando a história da Anunciação. Construída no lugar onde se crê ter acontecido o martírio de São Vicente e suas irmãs, Sabina e Cristeta, no ano de 304 d.C., a basílica guarda no seu interior o cenotáfio dos irmãos mártires, um dos mais belos monumentos funerários da arte românica de Espanha.
Real Monasterio de San Tomas
O Real Monasterio de San Tomas foi fundado em 1482 a mando dos Reis Católicos de Espanha. O mosteiro foi a sede de Frei Tomas de Torquemada, conselheiro do rei e primeiro Grande Inquisidor da Espanha, que liderou a “limpeza de sangue” do século XV. O mosteiro tem três claustros interligados que conduzem à igreja, uma obra-prima do estilo isabelino com seqüentes adições de outros períodos. Além do altar-mor e do cadeiral do coro, as atenções viram-se para o túmulo em alabastro de Don Juan, filho dos Reis católicos. Um dos claustros alberga o Museo de Arte Oriental que expõe peças trazidas pelos monges missionários dominicanos das suas viagens de evangelização na China, no Japão ou no Vietnã.
O que comer quando visitar Ávila?
Como não bastassem tantas atrações para visitar em Ávila, a cidade oferece ainda mais uma razão de peso para justificar um roteiro: a sua afamada gastronomia. Quando chegar a hora de repor energias, saiba que a oferta gastronômica em Ávila é daquelas que restabelece as forças dum abade. Ainda que simples, é rica em sabor dada a qualidade dos produtos regionais. Como terra fria que é, espere pratos típicos baseados em muita proteína, leguminosas, guisados e estufados. E no universo das tapas, Ávila ocupa um dos lugares de topo e cada porta aberta compete por ter/inventar a tapa mais apreciada do momento.
No topo do menu está o chuletón de Ávila, um suculento bife de vitela da raça autôctone Avileña-Negra, grelhado no carvão e servido numa tábua de madeira, pois não cabe num prato.
Reserve espaço e dinheiro também para as patatas revolconas, um puré de batata temperado com pimentão e salpicado de torresmos, a sopa castellana, parecida com a açorda alentejana, mas os ovos são escalfados inteiros, os judiones del Barco ou feijoada com feijões kingsize, o cocido morañego, que são carnes e enchidos de porco com grão de La Moraña, a monda de Monbeltrán, com ovos mexidos com pedaços de enchidos de fumeiro da região, e as divinais Yemas de Santa Teresa, uma delícia quintessencial da doçaria conventual de Ávila que leva apenas 3 ingrediente: gemas de ovos, açúcar e água. Eis revelado o segredo dos deuses.
O que se mantém em segredo é “qual o melhor restaurante onde comer em Ávila?” A escolha depende muito do seu apetite, da sua dieta alimentar e da sua carteira. A nossa filosofia em viagem é “segue os locais”. Nada como os locais para apontarem o caminho para os melhores antros do pecado da gula. E geralmente, os mais baratos também.
Restaurantes onde comer em Ávila?Intramuros, a Plaza Mayor ou Mercado Chico e arredores têm um manancial de restaurantes à sua escolha.
Extramuros, entre a Basílica de San Vicente e a Plaza de Santa Teresa, especialmente na Calle de San Segundo, há restaurantes, taperías e cervecerías praticamente porta sim porta sim.
O Restaurante El Rancho vale bem pegar no carro e sair da cidade para provar o melhor chuletón; no Restaurante de Cine para partilhar o cochifrito e os judiones; na Bodeguita de San Segundo, preços mais puxaditos, mas a localização dá muito jeito, serviam-nos uma tapa com cada consumo, cada uma melhor que a outra.
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