Fazer uma postagem sobre Paraty é extremamente difícil. Dado o seu valor
histórico e cultural, a cidade tem tanta, mais tanta coisa para falar e
fazer... Ao mesmo tempo é muito fácil, porque Paraty é a cidade mais fotogênica
do mundo!!
Toda cidade tem sua própria história, seja ela qual for. Gosto de
conhecer um pouco sobre o passado do destino que estou visitando. É uma
excelente forma de começar uma viagem. Ainda mais quando esse lugar teve grande
relevância na história do nosso país, como é o caso de Paraty. Começando pelo nome: o leitor acha que a grafia certa do
nome da cidade é Paraty ou Parati? Afinal, as duas formas podem ser encontradas
em placas de trânsito, documentos e até publicações históricas. Espere!
Não procure no Google, deixe para descobrir quando for à cidade.
Paraty é uma cidade que foi
colonizada pelos portugueses no século XVI, que viu seus índios nativos serem
dizimados, que cresceu e virou referência com os engenhos de cana de açúcar e
na fabricação da cachaça, que fez parte da importante rota Ciclo do Ouro, assim
como, da ascensão e queda do Ciclo do Café, até vir a se tornar decadente na
metade do século XX.
Mas, com a construção estrada Rio-Santos, a antiga BR 101 na década de 70, o município foi contemplado
e com seu renascimento voltou a se conectar ao
novo mundo. Hoje, faz parte do Caminho do Ouro, um trecho disputado da Estrada
Real e eleita Patrimônio
Mundial da UNESCO.
A pequena cidade de Paraty, com pouco mais de 39 mil habitantes, está
abraçada pelo verde da Mata Atlântica, espremida entre a serra e ao nível do
mar. Por isso, foi projetada levando em conta o
fluxo das marés e como resultado, muitas de suas ruas são
periodicamente inundadas pela maré.
Paraty tem casarões com portas e janelas coloridas, ateliês de artes,
igrejas centenárias e cafés muito charmosos...Um conjunto arquitetônico imenso e muito bem preservado.
Quem olha de fora, pensa que as casas
não têm ventilação adequada, porque integram um denso conjunto construtivo.
Puro engano. O sistema de ventilação das casas, por exemplo, é algo muito bem
arquitetado: um corredor interno, que liga a fachada ao pátio interno, propicia
a ventilação natural do imóvel. Aliás, os
proprietários da maioria delas são herdeiros ou gente que vem de fora,
principalmente estrangeiros.
Só por aí, você já percebeu que Paraty não é um destino comum e se você
já andou lendo sobre a cidade deve ter ficado perdido sobre o que fazer e quantos dias são necessários para
visitar a região, pois são tantos os passeios, as trilhas, as cachoeiras, sem
contar o próprio centro histórico. Então vamos lá:
Como chegar
Paraty é um município que fica ao sul do
estado do Rio de Janeiro, a 258 km da capital do estado, a 270
quilômetros de São Paulo, e pouco mais de 600 quilômetros de Belo Horizonte.
Nós fomos de carro, saindo do Rio de Janeiro, dormimos uma noite em
Penedo, e ao seguir viagem no dia seguinte, conhecemos ainda o Lavandário de Cunha (veja o post completo aqui), uma parada
estratégica a 40 km de Paraty.
O melhor
caminho para Paraty saindo do
Rio de Janeiro é pegar a BR 101, a
maravilhosa Rio-Santos, que
percorre todo o litoral. Já de outros estados siga pela
estrada cenográfica Paraty-Cunha, reaberta em 2016. Lembre-se de
usar os aplicativos de trânsito para ver qual será a melhor opção para você.
Quando ir
Aqui vale destacar duas estações: todos sabem
que os nossos verões são quase sempre quentes e chuvosos, então espere
encontrar muita chuva se for neste período, mas para quem quer tomar banho de
mar, as águas estarão mais quentes.
Além disso, é importante destacar que janeiro é o mês de
férias, portanto, o mais movimentado e mais caro na cidade. Hotéis,
restaurantes e lojas triplicam o preço neste período.
Já o inverno é frio (a água do mar e as noites são
frias), mas o clima é seco. No entanto, a
famosa FLIP— a Festa
Literária Internacional de Paraty— acontece no
mês de julho.
Quanto tempo ficar
O Centro
Histórico de Paraty é formado por
mais ou menos 25 quarteirões pequenos e pode ser percorrido tranquilamente em um
dia inteiro e sem pressa. A maioria dos turistas dedica dois ou três
dias para a cidade. Realmente você não precisa mais do que dois dias inteiros
para conhecer o centro histórico, por isso, tem gente que faz até bate-volta
do Rio do Janeiro. Apesar da cidade ter poucos quilômetros quadrados e englobar tudo num só lugar, particularmente, acho um desperdício de tempo e
dinheiro. A cidade merece mais do que isso!
Gosto de tirar muitas fotos,
gosto de sentar para tomar o meu café, de entrar nas lojinhas para comprar os
meus pratinhos de parede, adoro entrar em todas as igrejinhas, se a cidade
tiver aquelas ruazinhas, aqueles bequinhos sem saída com casas floridas
então....fico apaixonada...
Além do mais, Paraty está
localizada em uma região com muitas belezas naturais.
Praias são mais de 60
fora da cidade, onde você pode chegar de carro ou por trilhas;
São tantas as ilhas exuberantes que podem ser visitadas e são tantas empresas oferecendo o passeio
em diferentes e dezenas de barcos, que fica até difícil de escolher qual escuna fazer o passeio pela baía; são tantas cachoeiras pouco exploradas, que a
cidade tem até uma rota de cachoeiras que atrai visitantes todos os dias.
Sem falar
nos alambiques, pois Paraty já foi a maior
produtora de cachaça do Brasil. A maioria tem uma marca da
bebida premiada em concursos internacionais. Todos oferecem degustação e visita
guiada gratuitas.
E por fim, faz parte da
Estrada Real. Então, se você quer
explorar e conhecê-las um pouco melhor, um final de semana com certeza não será suficiente. Tem gente que fica quatro ou cinco dias inteiros lá e não
conhece metade dos lugares que gostaria.
Onde comer
Hospedagem + Alimentação = facada no bolso do turista! Estes dois são os
quesitos que mais podem encarecer a sua viagem, ainda mais, se o seu destino tem
a fama de “destino caro” como tem Paraty. Felizmente, em qualquer lugar do
mundo a cidade vai oferecer possibilidades para todos os orçamentos. Em Paraty é possível encontrar todo o
tipo de restaurante – do mineiro ao tailandês.
Há uma vasta gama de
restaurantes, com preços exorbitantes e, muitas vezes, mesmo pagando altos
preços, nem sempre os serviços oferecidos são tão bons. Isso mesmo, se
você estiver em duas ou mais pessoas, pode deixar fácil meio salário mínimo por
refeição se optar por comer todos os dias no centro histórico.
Nós gostamos de comer bem, já disse isso em outras postagens. Inclusive, evitamos
na medida do possível, sanduíches nas refeições principais. Mas, acho que
comida de verdade não precisa de luxo. Um restaurante self-service com boas
opções na maioria das vezes nos agrada.
Além do mais, a gastronomia é sempre um
aspecto importante de uma viagem. As pessoas sempre querem sair da sua rotina
diária de alimentação, experimentar diferentes sabores e vivenciar os sabores
locais do lugar da viagem. A alimentação diz muito sobre uma cidade e faz parte
da experiência cultural de uma viagem. Quem não experimenta a comida local,
perde a oportunidade de “turistar” por sob outro olhar. E Paraty é um excelente lugar para provar cozinha
brasileira contemporânea, usando ingredientes locais, produzidos sempre que
possível de maneira orgânica.
Então, a minha sugestão é caminhe
pelo centro histórico depois do meio-dia, e em alguns quarteirões da Rua do
Comércio, cujo nome oficial é Tenente Francisco Antônio, você vai encontrar
mais restaurantes do que lojas ou residências.
A partir do meio da tarde você
também vai encontrar, estacionados em pontos estratégicos, carrinhos-tabuleiros
com bolos e doces.
No início da noite, boa parte
deles terá música ao vivo — na maioria dos casos, voz e violão.
Já a rua lateral da Praça da
Matriz, antiga rua da Cadeia, tem a maior concentração de bares, botecos (e de
restaurantes que funcionam como botecos) da cidade.
Nós almoçamos no Restaurante Galeria do Engenho.
O restaurante possui um bom atendimento
e os preços são razoáveis.
O ambiente é agradável e intimista. O lugar é
frequentado por vários tipos de públicos: casal, grupos de turistas, estrangeiros.
Onde ficar
O centro histórico sempre vai ser a melhor opção para ficar. A cidade
é pequena, então tudo está próximo e com fácil acesso. Sem falar que, você
acorda e anoitece naquele clima colonial, charmoso e cheio de graça.
Só espere pagar bem mais caro por uma hospedagem ali. Tive bastante
dificuldade em encontrar uma pousada bbbb (boa, bonita, barata e bem simplesinha)
não muito longe do centro.
O que fazer em Paraty
Uma das grandes surpresas que
tive quando estava planejando minha viagem para Paraty é que a cidade possui um
Free Walking Tour. Não sou fã deste tipo de serviço, gosto deu mesma traçar o
meu roteiro, no entanto, já havia utilizado um serviço parecido quando fomos a
São Luis, no Maranhão e por Paraty ter as mesmas características históricas,
resolvi experimentar. Achei que foi bem útil e legal.
Caminhar pelas ruas de pedra, observar as construções coloniais, e até,
presenciar a alta da maré, passa a ter um significado completamente diferente
depois de ter aprendido um pouco sobre a história de Paraty. Não que isso seja
obrigatório para que você se encante com o charme dessa cidade, mas acredite,
faz muita diferença.
Na Praça da Matriz, ponto onde começa o tour, a guia nos contou algumas
curiosidades sobre a Igreja de Nossa
Senhora dos Remédios, como por exemplo, o porquê dela não possuir uma torre de
sino e os possíveis símbolos de maçonaria que há na construção.
Aliás, quando se fala da história
de Paraty, é impossível não mencionar a influência maçônica que existe pelos
mais diversos cantos da cidade. Alguns símbolos relacionados a essa irmandade e que
também estão presentes em Paraty, são: as esquinas com pedra lavrada e que
formam o triângulo maçônico, a proporção dos vãos entre as janelas que formam
um retângulo áureo na concepção maçônica, além do tradicional compasso,
esquadro e da letra “G”, que estão na entrada da cidade.
Outra referência muito
forte na cultura da maçonaria é o número 33, e em Paraty, ele está presente
desde a quantidade de quarteirões a detalhes arquitetônicos.
Sobre
a arquitetura, a guia ainda nos explicou durante o passeio qual o motivo de
apenas algumas casas serem mais altas do que outras, o porquê das grandes
portas, e a principal razão pela qual as casas são tão parecidas.
Ainda no centro histórico, temos a
Igreja da Matriz e a Igreja Nossa
Senhora das Dores. Nessas
duas construções pudemos observar diversos detalhes que representam a presença
e a herança dos portugueses em território
brasileiro.
A maior atração a portas fechadas
é o Museu de Arte Sacra, que funciona perto do cais nas dependências da Igreja de Santa Rita. Ficou fechado durante sete anos, durante a reforma
da igreja. Reúne relíquias coloniais recolhidas na região de Paraty.Outras igrejas que conhecemos durante o passeio foram a Igreja Nossa
Senhora do Rosário e São
Benedito.Alguns casarões abrigam ainda o Fórum, a antiga Cadeia Pública.
e a Casa da Cultura, outro museu da cidade que infelizmente não exibe mais a instalação de
Bia Lessa que inaugurou o espaço, quinze anos atrás. Mas é um espaço vivo, com
exposições temporárias e apresentações musicais.
Na Rua Fresca, próxima à Praça da Matriz, está a casa do príncipe João Henrique de Orléans e Bragança, bisneto da Princesa
Isabel.
A construção de 1850 virou ponto turístico em Paraty, mas só pode ser vista de fora. |
Junto ao centro histórico da cidade,
está o Rio Perequê-açu que corta Paraty. A nascente fica no Parque Nacional da
Serra da Bocaina e desemboca no mar.
Estamos na reta final do nosso passeio pelo Centro Histórico de Paraty, mas não sem antes passar pela Rua do Fogo, uma das ruas mais fotogênicas da cidade. Aqui outra curiosidade: Por que será que ela tem este nome? Você também vai descobrir se fizer o Free Walking.
Além disso, Paraty tem muitas lojas de artesanato, os restaurantes charmosinhos, atelier de artes, lojas de roupas, acessórios, venda de souvenir e empórios especializados em doces e bebidas da região.
Encerramos o tour na Praça do Chafariz, bem perto da Praça da Matriz
que foi onde começamos.
Dicas
— O tour é como um primeiro
passeio, por isso, sugiro que você reserve mais algum tempo para
percorrer com calma as charmosas ruas de Paraty, porque depois de conhecer um pouco da
história e curiosidades da cidade, sua estadia passa a ser completamente
diferente. Não será mais possível caminhar por uma quadra sem se lembrar de
algum fato importante sobre a cidade;
— Fazer esse passeio no começo da viagem lhe dá a possibilidade de conseguir dicas de lugares que você nem sequer
tinha ouvido falar, seja com o guia ou com os outros participantes;
— De manhã cedo, quando o sol ainda não está alto e os turistas do dia ainda não chegaram, é o melhor momento para fazer descobertas e fotos. Mas mesmo quando a cidade está lotada, basta afastar-se do corredor principal, na rua do Comércio à Praça da Matriz, para a densidade turismográfica cair sensivelmente;
— Observe atentamente os detalhes
das construções antigas, tire algumas fotos, pare em algum bar ou café — tudo
sem pressa. Aliás, caminhar apressadamente pelo centro histórico é uma coisa que eu não recomendo. Com o calçamento de pedras irregulares, as chances de você
tropeçar e machucar o pé são enormes;
— Use sapatos confortáveis. Ir de tênis, por exemplo, poderá ajudar quando
der algum tropeção. Mas por outro lado, fique ciente que você poderá molhá-lo
caso a maré comece a subir. Frequentemente muitas ruas da cidade ficam alagadas
durante certos períodos do dia;
— Fique ciente de que, em algum um momento você poderá ter
que mudar de rota. Pois bem, a água da maré alta
— que geralmente ocorre na lua cheia ou quando há mudança brusca de temperatura
— alaga muitas ruas da cidade. Lembra quando falei lá em cima que a cidade foi planejada em função das marés. Embora, isso seja um tanto quanto inconveniente nos dia de hoje, ela tinha uma função bastante nobre no período colonial: servia para limpar o esgoto,
o lixo deixado nas portas e coco dos animais que circulavam pelas ruas!
— Carros não podem circular dentro do centro histórico. Não somos adeptos
ao uso de animais como meio de transporte, mas se quiser fazer um passeio guiado, charretes
com guias oferecem o serviço para quem não quer ou não pode andar em solo tão
acidentado;
— E por fim, aprenda sobre a história da cidade no Paraty
através do Free Walking Tour. Normalmente as pessoas contribuem com algo entre R$20,00 e R$30,00, porém,
não há valor mínimo e obviamente não há valor máximo. Contribua com o que você
acha justo.
- 19:07
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