Paraty | Rio de Janeiro

19:07


Fazer uma postagem sobre Paraty é extremamente difícil. Dado o seu valor histórico e cultural, a cidade tem tanta, mais tanta coisa para falar e fazer... Ao mesmo tempo é muito fácil, porque Paraty é a cidade mais fotogênica do mundo!!
 
Toda cidade tem sua própria história, seja ela qual for. Gosto de conhecer um pouco sobre o passado do destino que estou visitando. É uma excelente forma de começar uma viagem. Ainda mais quando esse lugar teve grande relevância na história do nosso país, como é o caso de Paraty. Começando pelo nome: o leitor acha que a grafia certa do nome da cidade é Paraty ou Parati? Afinal, as duas formas podem ser encontradas em placas de trânsito, documentos e até publicações históricas. Espere! Não procure no Google, deixe para descobrir quando for à cidade. 
Paraty é uma cidade que foi colonizada pelos portugueses no século XVI, que viu seus índios nativos serem dizimados, que cresceu e virou referência com os engenhos de cana de açúcar e na fabricação da cachaça, que fez parte da importante rota Ciclo do Ouro, assim como, da ascensão e queda do Ciclo do Café, até vir a se tornar decadente na metade do século XX.
Mas, com a construção estrada Rio-Santos, a antiga BR 101 na década de 70, o município foi contemplado e com seu renascimento voltou a se conectar ao novo mundo. Hoje, faz parte do Caminho do Ouro, um trecho disputado da Estrada Real e eleita Patrimônio Mundial da UNESCO.

A pequena cidade de  Paraty, com pouco mais de 39 mil habitantes, está abraçada pelo verde da Mata Atlântica, espremida entre a serra e ao nível do mar. Por isso, foi projetada levando em conta o fluxo das marés e como resultado, muitas de suas ruas são periodicamente inundadas pela maré.
Paraty tem casarões com portas e janelas coloridas, ateliês de artes, igrejas centenárias e cafés muito charmosos...Um conjunto arquitetônico imenso e muito bem preservado. 
Quem olha de fora, pensa que as casas não têm ventilação adequada, porque integram um denso conjunto construtivo. Puro engano. O sistema de ventilação das casas, por exemplo, é algo muito bem arquitetado: um corredor interno, que liga a fachada ao pátio interno, propicia a ventilação natural do imóvel. Aliás, os proprietários da maioria delas são herdeiros ou gente que vem de fora, principalmente estrangeiros. 
 
Só por aí, você já percebeu que Paraty não é um destino comum e se você já andou lendo sobre a cidade deve ter ficado perdido sobre o que fazer e quantos dias são necessários para visitar a região, pois são tantos os passeios, as trilhas, as cachoeiras, sem contar o próprio centro histórico. Então vamos lá:

Como chegar
Paraty é um município que fica ao sul do estado do Rio de Janeiro, a 258 km da capital do estado, a 270 quilômetros de São Paulo, e pouco mais de 600 quilômetros de Belo Horizonte.
Nós fomos de carro, saindo do Rio de Janeiro, dormimos uma noite em Penedo, e ao seguir viagem no dia seguinte, conhecemos ainda o Lavandário de Cunha (veja o post completo aqui), uma parada estratégica a 40 km de Paraty.
O melhor caminho para Paraty saindo do Rio de Janeiro é pegar a BR 101, a maravilhosa Rio-Santos, que percorre todo o litoral. Já de outros estados siga pela estrada cenográfica Paraty-Cunha, reaberta em 2016. Lembre-se de usar os aplicativos de trânsito para ver qual será a melhor opção para você. 

Quando ir
Aqui vale destacar duas estações: todos sabem que os nossos verões são quase sempre quentes e chuvosos, então espere encontrar muita chuva se for neste período, mas para quem quer tomar banho de mar, as águas estarão mais quentes.
Além disso, é importante destacar que janeiro é o mês de férias, portanto, o mais movimentado e mais caro na cidade. Hotéis, restaurantes e lojas triplicam o preço neste período.
Já o inverno é frio (a água do mar e as noites são frias), mas o clima é seco. No entanto, a famosa FLIP— a Festa Literária Internacional de Paraty— acontece no mês de julho.

Quanto tempo ficar
Centro Histórico de Paraty é formado por mais ou menos 25 quarteirões pequenos e pode ser percorrido tranquilamente em um dia inteiro e sem pressa. A maioria dos turistas dedica dois ou três dias para a cidade. Realmente você não precisa mais do que dois dias inteiros para conhecer o centro histórico, por isso, tem gente que faz até bate-volta do Rio do Janeiro. Apesar da cidade ter poucos quilômetros quadrados e englobar tudo num só lugar, particularmente, acho um desperdício de tempo e dinheiro. A cidade merece mais do que isso!
Gosto de tirar muitas fotos, gosto de sentar para tomar o meu café, de entrar nas lojinhas para comprar os meus pratinhos de parede, adoro entrar em todas as igrejinhas, se a cidade tiver aquelas ruazinhas, aqueles bequinhos sem saída com casas floridas então....fico apaixonada...

Além do mais, Paraty está localizada em uma região com muitas belezas naturais. 
Praias são mais de 60 fora da cidade, onde você pode chegar de carro ou por trilhas; 
São tantas as ilhas exuberantes que podem ser visitadas e são tantas empresas oferecendo o passeio em diferentes e dezenas de barcos, que fica até difícil de escolher qual escuna fazer o passeio pela baía; são tantas cachoeiras pouco exploradas, que a cidade tem até uma rota de cachoeiras que atrai visitantes todos os dias. 
Sem falar nos alambiques, pois Paraty já foi a maior produtora de cachaça do Brasil. A maioria tem uma marca da bebida premiada em concursos internacionais. Todos oferecem degustação e visita guiada gratuitas. 
E por fim, faz parte da Estrada Real. Então, se você quer explorar e conhecê-las um pouco melhor, um final de semana com certeza não se suficiente. Tem gente que fica quatro ou cinco dias inteiros lá e não conhece metade dos lugares que gostaria.

Onde comer
Hospedagem + Alimentação = facada no bolso do turista! Estes dois são os quesitos que mais podem encarecer a sua viagem, ainda mais, se o seu destino tem a fama de “destino caro” como tem Paraty. Felizmente, em qualquer lugar do mundo a cidade vai oferecer possibilidades para todos os orçamentos. Em Paraty é possível encontrar todo o tipo de restaurante – do mineiro ao tailandês. 
Há uma vasta gama de restaurantes, com preços exorbitantes e, muitas vezes, mesmo pagando altos preços, nem sempre os serviços oferecidos são tão bons. Isso mesmo, se você estiver em duas ou mais pessoas, pode deixar fácil meio salário mínimo por refeição se optar por comer todos os dias no centro histórico.
Nós gostamos de comer bem, já disse isso em outras postagens. Inclusive, evitamos na medida do possível, sanduíches nas refeições principais. Mas, acho que comida de verdade não precisa de luxo. Um restaurante self-service com boas opções na maioria das vezes nos agrada.
Além do mais, a gastronomia é sempre um aspecto importante de uma viagem. As pessoas sempre querem sair da sua rotina diária de alimentação, experimentar diferentes sabores e vivenciar os sabores locais do lugar da viagem. A alimentação diz muito sobre uma cidade e faz parte da experiência cultural de uma viagem. Quem não experimenta a comida local, perde a oportunidade de “turistar” por sob outro olhar. E Paraty é um excelente lugar para provar cozinha brasileira contemporânea, usando ingredientes locais, produzidos sempre que possível de maneira orgânica.
Então, a minha sugestão é caminhe pelo centro histórico depois do meio-dia, e em alguns quarteirões da Rua do Comércio, cujo nome oficial é Tenente Francisco Antônio, você vai encontrar mais restaurantes do que lojas ou residências. 
A partir do meio da tarde você também vai encontrar, estacionados em pontos estratégicos, carrinhos-tabuleiros com bolos e doces.
No início da noite, boa parte deles terá música ao vivo — na maioria dos casos, voz e violão.
Já a rua lateral da Praça da Matriz, antiga rua da Cadeia, tem a maior concentração de bares, botecos (e de restaurantes que funcionam como botecos) da cidade.
Nós almoçamos no Restaurante Galeria do Engenho.
O restaurante possui um bom atendimento e os preços são razoáveis. 
O ambiente é agradável e intimista. O lugar é frequentado por vários tipos de públicos: casal, grupos de turistas, estrangeiros.
Onde ficar
O centro histórico sempre vai ser a melhor opção para ficar. A cidade é pequena, então tudo está próximo e com fácil acesso. Sem falar que, você acorda e anoitece naquele clima colonial, charmoso e cheio de graça.
Só espere pagar bem mais caro por uma hospedagem ali. Tive bastante dificuldade em encontrar uma pousada bbbb (boa, bonita, barata e bem simplesinha) não muito longe do centro. 
O que fazer em Paraty
Uma das grandes surpresas que tive quando estava planejando minha viagem para Paraty é que a cidade possui um Free Walking Tour. Não sou fã deste tipo de serviço, gosto deu mesma traçar o meu roteiro, no entanto, já havia utilizado um serviço parecido quando fomos a São Luis, no Maranhão e por Paraty ter as mesmas características históricas, resolvi experimentar. Achei que foi bem útil e legal.
Caminhar pelas ruas de pedra, observar as construções coloniais, e até, presenciar a alta da maré, passa a ter um significado completamente diferente depois de ter aprendido um pouco sobre a história de Paraty. Não que isso seja obrigatório para que você se encante com o charme dessa cidade, mas acredite, faz muita diferença.
Na Praça da Matriz, ponto onde começa o tour, a guia nos contou algumas curiosidades sobre a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, como por exemplo, o porquê dela não possuir uma torre de sino e os possíveis símbolos de maçonaria que há na construção.
Aliás, quando se fala da história de Paraty, é impossível não mencionar a influência maçônica que existe pelos mais diversos cantos da cidade. Alguns símbolos relacionados a essa irmandade e que também estão presentes em Paraty, são: as esquinas com pedra lavrada e que formam o triângulo maçônico, a proporção dos vãos entre as janelas que formam um retângulo áureo na concepção maçônica, além do tradicional compasso, esquadro e da letra “G”, que estão na entrada da cidade. 
Outra referência muito forte na cultura da maçonaria é o número 33, e em Paraty, ele está presente desde a quantidade de quarteirões a detalhes arquitetônicos.
 
Sobre a arquitetura, a guia ainda nos explicou durante o passeio qual o motivo de apenas algumas casas serem mais altas do que outras, o porquê das grandes portas, e a principal razão pela qual as casas são tão parecidas.
Ainda no centro histórico, temos a Igreja da Matriz e a Igreja Nossa Senhora das Dores. Nessas duas construções pudemos observar diversos detalhes que representam a presença e a herança dos portugueses em território brasileiro.

A maior atração a portas fechadas é o Museu de Arte Sacra, que funciona perto do cais nas dependências da Igreja de Santa Rita. Ficou fechado durante sete anos, durante a reforma da igreja. Reúne relíquias coloniais recolhidas na região de Paraty.Outras igrejas que conhecemos durante o passeio foram a Igreja Nossa Senhora do Rosário  e São Benedito.Alguns casarões abrigam ainda o Fóruma antiga Cadeia Pública.
e a Casa da Cultura, outro museu da cidade que infelizmente não exibe mais a instalação de Bia Lessa que inaugurou o espaço, quinze anos atrás. Mas é um espaço vivo, com exposições temporárias e apresentações musicais.
Na Rua Fresca, próxima à Praça da Matriz, está a casa do príncipe João Henrique de Orléans e Bragança,  bisneto da Princesa Isabel
A construção de 1850 virou ponto turístico em Paraty, mas só pode ser vista de fora. 
Junto ao centro histórico da cidade, está o Rio Perequê-açu que corta Paraty. A nascente fica no Parque Nacional da Serra da Bocaina e desemboca no mar.
Estamos na reta final do nosso passeio pelo Centro Histórico de Paraty, mas não sem antes passar pela Rua do Fogo, uma das ruas mais fotogênicas da cidade. Aqui outra curiosidade: Por que será que ela tem este nome?  Você também vai descobrir se fizer o Free Walking.
Além disso, Paraty tem muitas lojas de artesanato, os restaurantes charmosinhos, atelier de artes, lojas de roupas, acessórios, venda de souvenir e empórios especializados em doces e bebidas da região.  


Encerramos o tour na Praça do Chafariz, bem perto da Praça da Matriz que foi onde começamos. 
Dicas
— O tour é como um primeiro passeio, por isso, sugiro que você reserve mais algum tempo para percorrer com calma as charmosas ruas de Paraty, porque depois de conhecer um pouco da história e curiosidades da cidade, sua estadia passa a ser completamente diferente. Não será mais possível caminhar por uma quadra sem se lembrar de algum fato importante sobre a cidade;
— Fazer esse passeio no começo da viagem lhe dá a possibilidade de conseguir dicas de lugares que você nem sequer tinha ouvido falar, seja com o guia ou com os outros participantes;
— De manhã cedo, quando o sol ainda não está alto e os turistas do dia ainda não chegaram, é o melhor momento para fazer descobertas e fotos. Mas mesmo quando a cidade está lotada, basta afastar-se do corredor principal, na rua do Comércio à Praça da Matriz,  para a densidade turismográfica cair sensivelmente;
— Observe atentamente os detalhes das construções antigas, tire algumas fotos, pare em algum bar ou café — tudo sem pressa.  Aliás, caminhar apressadamente pelo centro histórico é uma coisa que eu não recomendo. Com o calçamento de pedras irregulares, as chances de você tropeçar e machucar o pé são enormes; 
— Use sapatos confortáveis. Ir de tênis, por exemplo, poderá ajudar quando der algum tropeção. Mas por outro lado, fique ciente que você poderá molhá-lo caso a maré comece a subir. Frequentemente muitas ruas da cidade ficam alagadas durante certos períodos do dia;
— Fique ciente de que, em algum um momento você poderá ter que mudar de rota. Pois bem, a água da maré alta — que geralmente ocorre na lua cheia ou quando há mudança brusca de temperatura — alaga muitas ruas da cidade. Lembra quando falei lá em cima que a cidade foi planejada em função das marés. Embora, isso seja um tanto quanto inconveniente nos dia de hoje, ela tinha uma função bastante nobre no período colonial: servia para limpar o esgoto, o lixo deixado nas portas e coco dos animais que circulavam pelas ruas!
 Carros não podem circular dentro do centro histórico. Não somos adeptos ao uso de animais como meio de transporte, mas se quiser fazer um passeio guiado, charretes com guias oferecem o serviço para quem não quer ou não pode andar em solo tão acidentado;
— E por fim, aprenda sobre a história da cidade no Paraty através do Free Walking Tour. Normalmente as pessoas contribuem com algo entre R$20,00 e R$30,00, porém, não há valor mínimo e obviamente não há valor máximo. Contribua com o que você acha justo.

You Might Also Like

1 comentários

Mapa Interativo

Instagram

Pinterest