Dicas de viagem à Índia

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Introdução
Quem vê as belíssimas imagens do Taj Mahal não consegue conceber a miséria e pobreza que convivem ao redor dele e de qualquer atração turística da Índia. Portanto, apesar de exótica e bela, a Índia também pode ser um lugar bastante amedrontador para todos os tipos de viajantes. 
Não dá para chegar à Índia sem estar bem contextualizado. É um mundo tão diferente que você precisa chegar “ambientado”. 
E mesmo assim, não importa o quanto você tenha lido sobre este país asiático, nada prepara você o suficiente para a multidão, poluição, sujeira, o lixo, a falta de higiene e a ameaça constante de se contrair alguma doença ou infecção já são suficientes para dissuadir boa parte das pessoas de visitarem o país.
Caminhar pelas ruas de uma cidade indiana é uma aventura regada a muito fedor, fumaça, urina, esgoto, escarros e bosta, para falar com todas as letras que precisam ser ditas do que você vai encontrar fora da 'bolha' de uma excursão. 
Sem contar a eterna perseguição que pedintes, vendedores, motoristas de 'tuk tuk', de riquixá e pequenos golpistas promovem aos turistas que se arriscam a saírem sozinhos do hotel. Se essa pessoa é uma mulher, então fica ainda mais complicado entrar nessa grande e fabulosa aventura.
E se você é uma pessoa que se comove e chora fácil ao ver miséria, injustiças, então se prepare, pois vai ser uma viagem forte e de arrepiar! 
Índia
Na Índia tudo é muito. Muita gente, muitos bichos, muitas cores, muita pobreza, muito luxo, muito lixo, muita pimenta, muitas religiões e muitas línguas (apesar do híndi ser o idioma oficial). O inglês também é bem falado, por causa da colonização inglesa, mas não vá pensando que é um inglês fácil de entender, pois o sotaque é bem enrolado. Prepare-se para prestar muita atenção
População
República da Índia é o segundo país mais populoso do mundo,  mais de um bilhão de pessoas, ficando atrás apenas da China. Para quem vive no Brasil, é algo que você percebe logo que chega lá. Caminhar a pé pelas ruas é um ato quase heroico. Parece que você vai ser engolido pela multidão. É incrível. Um turbilhão de gente. Roupas coloridas... Turbantes... Saris... É gente para todo lado, chega a ser surreal!!E o mais interessante é que parece que ninguém se incomoda com ninguém.
Moeda
moeda do país é a Rupia Indiana. Um dólar americano equivale a aproximadamente 60 rupias – INR e o símbolo da rúpia é (₹)As notas de rúpias indianas trazem o rosto de Gandhi, o "Pai da Índia", orgulhosamente estampado. 
Nós trocamos no aeroporto, assim que chegamos. Também trocamos na casa de câmbio https://www.thomascook.in/. Eles tem lojas em várias cidade da Índia. 
E pedimos ao guia para trocar para nós também, mas infelizmente, o guia em Udaipur agiu de modo suspeito e não foi uma boa experiência, porque quando perguntamos sobre uma casa de câmbio, ele imediatamente disse que sabia de uma que oferecia uma ótima taxa. Ele nos pediu US 100, foi até uma loja, deixando-nos do outro lado da rua. Quando ele saiu, ele continuou andando sem nos chamar, então vi nitidamente ele colocar a mão no bolso atrás da calça. Atravessamos a rua sozinhos (digo isso porque atravessar as ruas na Índia é uma aventura, não existe sinal de trânsito e os carros não param para você), quando só então ele nos deu o dinheiro.
Fuso Horário
Aqui mais uma estranheza. Eu ainda não tinha ido a um país com fuso horário quebrado. Isso chamou minha atenção. A Índia está a 7 horas e "30 minutos" à nossa frente.

Quando ir
Melhor época para ir: De dezembro a fevereiro faz frio, de março a maio as temperaturas começam a ficar altíssimas e de junho a setembro é o período de monções (chuvas). Outubro e novembro são os melhores meses para conhecer a Índia, principalmente as cidades do Rajastão. 
Fomos no início de novembro e o clima estava ótimo, ou seja, sem chuva e o calor suportável, não tem tanto mosquito (sempre tem bastante...), o fog não é tão intenso (até que foi demais...).

Quanto tempo ficar
Recomendo ficar de 10 a 12 dias no país para explorar a região que visitamos. Mais que isso fica muito cansativo.

Como chegar
Saindo do Brasil, você pode ir para Delhi de Emirates, com conexão em Dubai; pela Etihad, com conexão em Abu Dhabi ou pela Qatar, com conexão em Doha. Nós fomos pela Alitalia porque fizemos um stopover em Roma (vou contar no post que vou fazer sobre como finalmente conheci a "Cidade Eterna").
Para as viagens internas você pode voar de Jet Airways (usamos esta companhia para ir de Delhi para Udaipur, de Varanasi para Delhi, de Delhi para Katmandu), IndiGo (usamos esta para ir de Delhi para Varanasi e de Katmandu para Delhi),  Spice JetJetKonnect e Air India. O aeroporto de Delhi é coisa de primeiro mundo! Só peca no atendimento da imigração, as filas são kilométricas e os atendentes não tem pressa nenhuma, nenhuma...
Dirigir… nem pensar! Lembre-se que a mão é inglesa. Então, além da confusão das ruas, tem esse pequeno detalhe. É impossível mesmo. As locadoras liberam aluguel de carros apenas com a condição de haver um motorista indiano. Eu que adoro andar com minhas próprias pernas pelo mundo afora. Na Índia não dá. O trânsito é uma loucura! Pessoas cruzando, vacas deitadas no meio da estrada… Não só as vacas são sagradas, como também os elefantes e os macacos. Um verdadeiro caos! Prepare seus ouvidos para as buzinas!! Também não indico fazer nenhum trecho de trem
Visitamos todas as atrações de carro e com motorista. Se você for para a Índia, sugiro fazer tudo num carro privativo e quando chegar à última cidade, pegue um avião de volta para Delhi.
Focamos nosso roteiro na parte norte/noroeste do país, fazendo Delhi(capital) e o estado do Rajastão, visitando as cidades de Udaipur (Lake City), Jaipur (Pink City), Agra (Taj Mahal) e Varanasi (Rio Ganges).  
Onde ficar
Não costumo ficar em hotéis luxuosos em minhas viagens, mas uma coisa que li quando estava programando a viagem foi para não economizar em hotéis na Índia, por dois motivos: segurança e higiene.
Os hotéis 5 estrelas indianos são algo de outro mundo!! Sem dúvidas, equivalem a 10 estrelas se comparados aos hotéis de luxo do Ocidente. Fazem você se sentir verdadeiros marajás! Sério, não dá nem pra explicar… olha que os que nós ficamos não tinham nem tão boas notas assim no booking. E realmente o de três estrelas que foi em Udaipur foi um horror (Conto como foi no post sobre a cidade). Os nosso hotéis foram: 
The Metropolitan Hotel & Spa NewDelhi (Delhi) 
Rivatas By Ideal (Varanasi)
Karohi Haveli - A Heritage Hotel (Udaipur).
Religião
A Índia tem muitas religiões, mas a religião oficial é o hinduísmo, com 3 deuses principais: o primeiro é Brahma, o criador do universo, depois vem Vishnu, o deus da manutenção do universo, e Shiva, o deus da destruição. Ganesh é o filho de Shiva: corpo de menino e cabeça de elefante. Você vai ver Ganesh sobre as portas de entrada de qualquer casa/estabelecimento/templo hindu, como forma de proteção.
No entanto, pelas ruas se sente o cheiro de incenso nos templos hindus, ressoa o chamado para as orações nas mesquitas islâmicas, homens siques desfilam com seus turbantes . 
Sistema de Castas
Você já deve ter ouvido falar no sistema de castas da Índia. Oficialmente, desde 1950 o sistema de castas foi abolido. Mas, na prática, não é o que acontece. As castas são passadas de pai para filho e cada integrante só pode se casar com pessoas do seu próprio grupo. Ou seja, uma ascendência social é algo quase impossível de se ver. Como os hindus acreditam em reencarnação, a mudança para outra casta poderia sim acontecer, só que em outra vida, de acordo com a evolução espiritual. Portanto, na Índia não adianta uma pessoa estudar ou trabalhar muito para ter ascensão social, pois ela nunca vai mudar o seu status no grupo de castas, conforme abaixo:
São 5 grupos principais:
1. Os Brahmanes, formado por sacerdotes, professores e intelectuais. Nasceram da cabeça do deus Brahma.
2. Os Kshátriyas, formado por soldados, políticos e administradores públicos. Nasceram dos braços de Brahma.
3. Os Vaishyas, originados do estômago de Brahma, são os comerciantes e agricultores.
4. Os Shudras são os servos (camponeses, trabalhadores braçais, operários), originados dos pés de Brahma.
5. Os Dálits vêm por último (e sim, são menos importantes para esta sociedade), também chamados de “intocáveis”, não pertencem a nenhuma casta. São os “párias”, os “fora das castas”. Pessoas totalmente excluídas de direitos e consideradas impuras. São apenas a poeira que está abaixo dos pés da suprema divindade (Brahma). A eles são entregues os trabalhos mais degradantes e mal pagos.
Obs: Felizmente isto está mudando na Índia, pois ela já tem o seu segundo presidente dessas castas mais baixas, o Ram Nath Kovind. 

O que você precisa para entrar no país
1. Passaporte válido por no mínimo 6 meses
2. Visto de turismo 
Todos os cidadãos estrangeiros que entram na Índia são obrigados a possuir um documento de viagem internacional válido na forma de um passaporte nacional com um visto válido de uma missão / correio indiano ou eVisa (categorias limitadas) do Bureau of Immigration. Nós mesmos tiramos o nosso visto no site oficial do Ministério das Relações Internacionais da Índia: https://indianvisaonline.gov.in/
Preenchido o formulário, efetua o pagamento e poucos dias depois chega o email dizendo que, o pagamento foi efetuado com sucesso e com a autorização de visto (Indian e-Visa). É só imprimir a autorização e levar com você para apresentar na imigração. 
O único cuidado que se deve ter é que, se vai ser entrada single ou múltipla, ou seja, se você for a outro país como o Nepal ou Butão, depois retornar a Índia para tomar seu voo de volta para o Brasil, tem que ser múltiplas entradas.
3. Certificado internacional de vacina contra febre amarela
Muitas pessoas vão dizer que você precisa ter dezenas de outras vacinas para ir pra Índia. Nós fomos só com a vacina de febre amarela, levamos todos os remédios que pudemos, um bom seguro saúde e tomamos muito cuidado com água, alimentos e higiene. E não tivemos nada!
4. Passagem de ida e de volta
5. Reservas de hotéis
6. Não é obrigatório, mas eu sempre viajo com um bom seguro de saúde internacional. Ainda mais neste país tão diferente!! 

O que você precisa saber para visitar a Índia
1.CUIDADOS COM HIGIENE E SAÚDE
Leve SEMPRE com você um frasco de álcool gel. Voltamos “intactos” da Índia, não tivemos nem uma pequena dor de barriga. Mas tem gente que pega de tudo por lá. Não custa nada limpar as mãos com álcool o tempo todo. A água da Índia é muito suja. Somente os hotéis de luxo tem seu próprio sistema de "tratamento" de água, mesmo assim não dá para confiar, por isso tome sempre água engarrafada, lacrada e se possível de marca conhecida. Nós usávamos água mineral até para escovar os dentes. Sério!! Em hipótese ALGUMA coma salada, nem nos hotéis. A água usada para lavar os alimentos é que é o problema. Nós evitamos sucos também. Pode parecer exagero para alguns, mas para que arriscar?! É uma chance única na vida estar em um lugar desses e com viagens feitas em sequencia com  passagens aéreas é um risco perder um segundo da viagem se tiver uma infecção intestinal e ter que ir para o hospital!
Não deixe também levar um rolo de papel higiênico na bolsa. Como passamos muito tempo na estrada, vai que precisa parar em algum lugar que o banheiro seja “difícil”… principalmente porque os indianos não costumam usar papel higiênico, sim isso mesmo, aquele lugar é lavado com uma água que fica num balde dentro do banheiro, rsrsrs... os vasos são do tipo turco, um buraco no chão... Por sorte, todos os lugares que paramos eram ótimos. O motorista já tem essas paradas planejadas!
Por último, remédios! Leve TUDO o que puder para  tudo o que você possa sentir. Não é difícil comprar remédio, minha filha até precisou de um remédio para garganta, pedimos ao guia para nos levar em uma farmácia e ele nos vendeu a medicação, mas os indianos não usam medicamentos com drogas sintéticas, somente fitoterápicos.

2.BARGANHAS
A Índia é o lugar para negociar. Você pode passar horas negociando algo que deseja comprar e olha que dá pra baixar bem!!. Os indianos são muito bons nisso, prepare-se! A frase que você mais vai ouvir é: "The best quality, madame". É de tão boa qualidade que algumas roupas, tive que jogar fora depois da primeira lavagem, rsrsrrsrs... 
Seu motorista vai ficar empurrando um monte de lojas, porque ganha uma super comissão. Evite ir nessas lojas, pois vai sair mais caro. E jogue a real com o motorista dizendo que você não foi à Índia pra comprar e sim pra passear! Mesmo assim ele vai dar um jeitinho de lhe levar às compras.
3.ANIMAIS
Na Índia você vai ver animais por todos os lados. Eles vivem lá como as pessoas, tudo junto e misturado. Você vai ver vacasmacacoscachorros… Eles não matam nem uma barata! 
Na Índia as pessoas são muito conformadas com sua própria condição, mesmo muitas vezes ela sendo péssima. Acreditam que isso é o carma (ou Karma) que receberam, e não podem mudá-lo agora, reclamar, melhorar. O que podem fazer é serem bons, bons com as pessoas, bons com os animais, para voltarem numa condição melhor em outra vida, pois como disse, os hindus acreditam em reencarnação. Então passam a vida fazendo coisas para melhorar seu carma, coisas que trazem boa sorte. Você vai ouvir muito: “this is for good luck”! Um exemplo de good luck é alimentar os animais sejam elas: vacas, peixes, macacos, cachorros… por isso, a maioria dos indianos são vegetarianos.
Além disso, como você já deve saber, a vaca é sagrada no hinduísmo. Elas podem circular livremente nas ruas do país e se tiver um grupo delas parado no meio da estrada, tem que esperar que elas saiam. Portanto, não se come carne bovina na Índia. Mas comem o frango, o porco, o cordeiro e outras carnes.
3.COMIDA
Lembam-se das aulas de história? A Índia é o país das especiarias!! Além da pimenta, tem a canela, o cravo-da-índia, a noz-moscada, o gengibre, o coentro, o cardamomo e por aí vai. Isso, em parte, explica essa louca paixão pelos temperos. Por conta disso, dizem que a culinária indiana é uma das melhores do mundo. Mas, prepare-se, pois é pimenta que não acaba mais. Quando estive na Tailândia a comida também era bem apimentada, então pensei que seria moleza encarar a indiana, mas não foi. O curry indiano é muito picante. Você que não gosta de comida apimentada, peça mil vezes para vir sem. E mesmo assim virá bem apimentada para o paladar brasileiro! No final, vem várias sementes para "refrescar o hálito". Meu guia devorava punhados de anis. E os talheres? É engraçado, mas em alguns restaurantes não tem mesmo. Nem se acanhe. Pegue um naco de comida e coma com as mãos.  

Lembrem-se que as vacas são sagradas. Se quiser carne escolha entre ovelha, frango ou peixe. Se você for vegetariano vai ficar nas nuvens. Todos os restaurantes tem o cardápio dividido em duas partes: vegetarianos e não-vegetarianos. Pois, por questões religiosas muita gente baniu a carne da dieta. Os animais agradecem!!
4.TIRAR FOTO COM VOCÊ
Não se assuste se (as meninas e mulheres) quiserem tirar foto de você e com você. Elas nos ajudam diferentes e querem fotografar o que é “diferente” para eles, principalmente nas cidades menores. No início você leva um susto, mais logo se acostuma. Se algum dia você já quis ser famoso, aproveite seus minutinhos de fama e se sinta uma estrela de Hollywood!
5.SAPATOS
Em todos os templos da Índia, em sinal de respeito é recomendado tirar os sapatos. Essa regra deve ser obedecida. Leve sempre um par de meias velhas se não quiser andar de pés descalços por lugares "suspeitos" em termos de limpeza.
RECOMENDAÇÕES ESPECIAIS PARA AS MULHERES
Eu sei que este é um blog de viagem, para falar das diferenças entre homens e mulheres na Índia, mas é preciso conhecer esses dados tristes.
Ao sair do aeroporto de Délhi você tem a impressão de que existem muito mais homens do que mulheres nas ruas. Mas a verdade é que não há tantas mulheres nas ruas. 
O conselho que ouvi antes de viajar e agora reforço para qualquer mulher que deseja se aventurar pela Índia é não vá sozinha, a não ser que você já esteja bastante acostumada a fazer viagens do tipo por conta própria.  A Índia é uma sociedade bastante machista. E isso vai das pequenas coisas que vemos no dia a dia até as grandes coisas que de certa forma são institucionalizadas.
As mulheres são criadas para se casarem. E se casar significa ter um casamento arranjado. E que a família vai ter que bancar uma incrível festa que dura uns três dias e, apesar de ser uma prática criminosa desde 1961, pagar pelo famoso dote. E por conta disso existe uma taxa assustadora de infanticídio feminino.
Na rua, homens fazem xixi onde querem, se vestem como querem, falam e riem quando querem. As mulheres são contidas e tímidas. As mulheres são criadas recatadamente para se casarem e ficam trancadas em casa na maior parte do tempo para se preservarem. Não podem deixar nada do corpo de fora, nem andar por aí com o cabelo solto. 
Já ouvi casos de meninas que passaram pela desagradável situação de ver homens se masturbando na frente delas. E o pior deles, de mulheres que são tocadas em grandes aglomerações, seja em ônibus, trens lotados ou numa festa. Daí o motivo dos pais não deixarem as filhas sair.
Isso, aliás, não é exclusividade da Índia, uma vez que uma micareta no Brasil ou um beco escuro podem gerar o mesmo tipo de relatos. O meu ponto é que o volume de casos na Índia é maior, e muitas vezes a sensação é de que não há nenhuma saída clara para o machismo que impera.
As soluções encontradas são separar as filas de homens e mulheres, ter vagões especiais e cadeiras exclusivas nos ônibus e trens ou proibir que o ultrassom revele o sexo do bebê. São todas medidas necessárias, mas que não mudam uma cultura geral na qual a mulher vale menos, que só gera custos, vai abandonar a família para se casar e, se tiver um bebê mulher, é uma vergonha para a família do marido. E que as estrangeiras são putas.
Nos últimos tempos, quando casos de estupro brutais ocorridos na Índia viraram destaque na mídia internacional, vimos também aumentar a curiosidade das pessoas sobre a vida das mulheres que nasceram ou visitam aquelas bandas e a forte cultura patriarcal que ainda impera por lá. A perda de liberdade, a sensação de estar sendo encarada o tempo inteiro e de ter que conviver com os fotógrafos de plantão são bem ruins. 
Por isso, coloquei abaixo algumas orientações para mulheres viajantes na Índia, para que você possa aproveitar sua viagem em segurança.

1.Evite sair sozinha
Essa é a regra número um da viajante na Índia: evite sair sozinha, principalmente à noite. Isso pode ser bem irritante para as mais independentes, mas ter alguém de confiança para fazer companhia pode evitar centenas de problemas e situações tensas. O ideal é que você faça a viagem toda acompanhada de um homem e, ainda que ele for apenas seu amigo, diga sempre que vocês são casados ou que ele é seu irmão.

2.Não fale com estranhos
Sabe aquela velha regra da sua mãe? Na Índia ela é muito importante. 
Se um homem for conversar com você no meio da rua, pode ter certeza de que eles vão, não dê papo. Pode ser que ele comece a lhe seguir ou insista na conversa. Peça educadamente para ele se retirar ou parar de andar atrás de você. Caso isso não funcione, parta para a ignorância mesmocomece a gritar e ameace chamar a polícia. Não tenha medo de dar barraco! É sério. Se você puder ir rapidamente para perto de alguma autoridade ou entrar em algum lugar seguro, como um shopping, faça. E tenha com você o número da polícia anotado.

3.Visite lugares mais turísticos
Lugares como Agra e o Rajastão são invadidos por turistas ocidentais todos os dias e as pessoas de lá já estão bem acostumadas com isso. Para você ter uma ideia, em Jaipur os vendedores sabem até falar espanhol. A coisa é muito diferente quando você chega a uma cidade onde quase nenhum estrangeiro pisa. Em cinco minutos se forma um círculo de homens à sua volta, observando como se você fosse um ET.

4.Evite multidões 
Multidões são insanas em qualquer lugar do mundo. Agora, imagina em um país onde uma multidão significa uns milhares de homens criados em uma sociedade super machista.
Dependendo da época do ano em que você for, você pode querer participar de algumas celebrações que vão atrair muitas pessoas, como o Holi, a festa da cores na qual as pessoas jogam tinta colorida umas nas outras. Acorde cedo quando os locais ainda estão bem vazios, os pais com crianças, quando as ruas começarem a ficar mais cheias e os jovenzinhos bêbados saírem para brincar, é hora de voltar para o hotel antes que a lembrança de um dia bom seja estragada por algum incidente ruim.

5.Proteja-se nos transportes
Evite entrar em taxis, tuk-tuks ou transporte público desacompanhada. Se tiver que fazê-lo, peça o carro em uma cooperativa por telefone, anote o número da placa e o nome do motorista e deixe algum conhecido avisado. Nos trens urbanos e metrôs, sempre utilize o vagão reservado para mulheres.
Nos ônibus, sente-se do lado de uma mulher se for possível. Se não for, não dê papo para o cara do seu lado e reaja ao menor comportamento suspeito.

6.Use roupas comportadas
Acho que essa dica é meio óbvia, mas não custa reforçar. Respeitando as tradições e costumes da Índia, as mulheres devem estar sempre com a região dos ombros coberta. Portanto, vista-se da forma mais discreta possível, principalmente, para fazer os passeios, visitar templos e monumentos: use camisetas com manga, saia longa, vestidão e evite decotes. Nem pense em sair de shortinho ou vestido curto. Não é aconselhável usar camisetas sem mangas, bermudas curtas ou calças tipo fuseau ou legging. No caso da fuseau, somente se a blusa for comprida o suficiente para cobrir o “bumbum”. Roupas justas que marquem o corpo também não são recomendadas.  É pedir para ser apontada na rua! A blusa pode ser de alcinha, mas tenha sempre na bolsa uma pashmina (você pode comprar uma mais linda que a outra por lá). 
Se você for no verão, invista em saias longas e calças tipo “Aladdin”, disponíveis em qualquer feirinha indiana. Elas são largas, frescas e confortáveis, perfeitas para suportar o calor.  E não se engane! Não importa o quanto você se cubra, os indianos vão te encarar de qualquer jeito. Já nos hotéis (os hotéis são como “bolhas” na realidade), você pode usar roupa como usa no Brasil. Inclusive biquíni para ir a piscina.
Considerações Finais
Não costumo viajar com agência de turismo, mas confesso que na Índia fiquei um pouco receosa. Por isso, acabei fazendo as cotações com agências no Brasil, mas infelizmente a escolhida foi a pior possível, tanto que, antes mesmo de viajar, pensei em fazer uma reclamação no Procon, pois sendo a Índia um roteiro de viagem considerado barato, saiu um absurdo de cara, sem falar que a agência indiana (Sita) que trabalha para eles também deixou muito a desejar, tanto que, quando fui preencher o formulário de satisfação, foram umas cinco páginas só de reclamação. O bom foi ter um representante nos esperando no aeroporto, o que ajudou bastante na hora do check-in. Apesar de tudo, os carros eram bons e sempre tinha água fresca,  mas os guias eram péssimos, com exceção do guia de Agra que foi nota 10, o guia de Varanasi foi extremamente inconveniente, pois ficou assediando a minha filha o tempo todo. A viagem que fizemos de Udaipur para Jaipur (um trecho de 6h) as roupas do nosso motorista fedia a suor. Confesso que em alguns momentos tive vontade de sacudir nossos guias e motorista “Acoordemm!!! Mexaam-se!!”
Impossível ficar indiferente frente aos sentimentos que brotam numa viagem à Índia. Ela precisa ser estudada para ser compreendida. Fronteiras precisam ser atravessadas para que se possa ver além da sujeira espalhada pelas ruas, dos animais fuçando no lixo, do cheiro de urina, do desprezível sistema de castas, dos miseráveis desfilando sua pobreza. Suas cores, seus temperos, seu povo...É preciso mergulhar na profundidade dessa cultura ancestral, despir os preconceitos e buscar os tesouros encobertos pela lama.
Se apesar de tudo, você ficou curioso para conhecer a Índia… Ainda falta muita coisa! Hotéis magníficos, palácios surpreendentes, monumentos de tirar o fôlego, restaurantes deliciosos, mais curiosidades… 
Fizemos uma viagem de 12 dias pela Índia que marcou nossas vidas para sempre!

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