Délhi | Índia

18:09


A primeira impressão de Délhi é exatamente aquela imagem que você tem da Índia, que muita gente tem e que deixa de ir por isso. Mulheres de saris coloridíssimos, homens com turbantes, cheiro forte de especiarias, poluição, javalis, porcos, camelos, vacas e cachorros disputando espaço naquele trânsito caótico, com carros, motos, bicicletas e riquixás...gente e animais para todos os lados….e muita, mais muita pobreza mesmo...Mal dá para acreditar que aquela cidade louca, caótica, surreal, tão cheia de peculiaridades coloridas e barulhentas é a capital da Índia. 
Realmente você toma um choque! Mas, a Índia não deixará de ser tudo isso, será “muito mais”, pois a riqueza histórica e cultural é tão imensa que no final você é recompensado, porque a Índia tem uma força capaz de quebrar muitos paradigmas. A começar pela "a primeira impressão é a que fica". Na Índia, definitivamente não é. Você vai ver. É preciso um certo tempo para passar o susto inicial e dar lugar ao encantamento.
História
Délhi viu o nascimento e a morte de vários impérios. Deixando para trás um grande número de monumentos que comemoram a grandeza e glória do passado. Poucas cidades no mundo podem expressar tal fusão de estilos. Um legado arquitetônico inimaginável. Por isso, a cidade é formada por um conglomerado de oito cidades que viveram numa roda gigante de ascensão e decadência de muitos imperadores. Entre elas:
Qila Rai Pitora
Foi a primeira cidade construída em 1180. É lá que está o Qutab Minar(fotos abaixo), minarete que marca o primeiro reino muçulmano do norte da Índia;
Siri 
A segunda cidade foi feita em 1303;
Tughuqabad
Foi a terceira cidade, erguida em 1320;
Jahanpanah
Foi a quarta cidade feita em 1325 para conectar Qila Rai Pitora e Siri;
Ferozabad
A quinta cidade construída em 1351, fica bem perto de Old Delhi;
Purana Qila
É a sexta cidade em Delhi, surgiu com Humayun em torno de 1500;
Shahjahanabad
A sétima cidade, construída pelo imperador mogol Shah Jahan entre 1638 e 1649. A cidade incluía onde está o Forte Vermelho de Delhi(fotos abaixo); e finalmente,
Delhi
O imperador Mongol, Shah Jehan, em 1650 mudou a capital dos mongóis de Agra para Délhi. Shah Jehan possuindo um grande talento, especialmente em arquitetura, criou a oitava cidade. Hoje a cidade é composta de duas partes:

 – Old Délhi (Velha Délhi) é o coração simbólico da cidade, uma antiga cidade amuralhada, que foi há alguns séculos a capital da Índia Muçulmana. Hoje abriga muitas mesquitas, monumentos e o forte, é cheia de ruas estreitas, pequenos becos, bazares, mesquitas, templos…e muita confusão! Mas que tem monumentos incríveis que resistem ao tempo, que devem ser visitados. 

– New Délhi (Nova Délhi)é a atual capital da Índia, a segunda maior cidade do país e uma porta de entrada importante para o país. Construída pelos britânicos em 1931, como sede do governo colonial na Índia. 
É uma cidade moderna, com avenidas amplas e arborizadas, jardins floridos, projetada por um arquiteto inglês, cheia de monumentos interessantes para serem visitados e são muito mais tranquilas que as ruas de Velha Délhi. 
Enfim, em meio a arranha-céus encontram-se os restos de tempos passados na forma de monumentos e das lembranças silenciosas do antigo legado da região, por isso, ela é uma metrópole que combina com sucesso o antigo com o moderno. 

Onde ficar
O Paharganj é um bairro que tem quase todos os hotéis baratos e pousadas para mochileiros na cidade e fica perto da Estação Ferroviária; o bairro tibetano de Majnu Ka Tilla para quem quiser hospedagem econômica em um ambiente mais relaxado; por outro lado, o centro e sul de Nova Délhi são onde fica a maioria dos melhores hotéis da cidade. Nós ficamos no coração de Nova Délhi, no The Metropolitan Hotel & Spa New Délhi. Ele tem dois restaurantes: Zing e o Chutney, Bar + Tandoor. Os preços são bem caros para os padrões da cidade, cerca de R$ 80,00 por pessoa. Eles cobram taxa de internet e no site do hotel diz que é gratuito, mas fica na Connaught Place, que é uma série de ruas em círculos concêntricos ao redor de uma praça, cheia de comércio, também projetado pelos britânicos como o centro comercial da cidade nova. 
É onde está localizada a estação de metrô “Rajiv Chowk”, nome oficial da praça. O metrô de Délhi é rápido, econômico e climatizado. 

Escolhi este hotel por dois motivos: primeiro porque não estávamos dispostos a nos arriscar comendo em qualquer lugar. E este hotel fica perto de dois outros restaurantes com boas referências, onde poderíamos inclusive ir a pé fora do roteiro turístico, são eles:
A cozinha é uma interpretação contemporânea da culinária indiana clássica, ou seja, a comida é típica indiana, num ambiente com decoração peculiar, porém moderna, muitas cortinas e espelhos. As paredes de tijolo vermelho-ricas, iluminação suave estratégica e sombras bruxuleantes de lustres de baixa intensidade criam um toque de terra para o restaurante. 
Foi uma experiência legal. Boa comida e um restaurante tranquilo. Recomendo o pãozinho típico (naan), uma delícia!Devido à decoração é bom para um jantar romântico.
O restaurante está localizado no Hotel The Imperial. A decoração é impecável, muito fino e bem decorado. Mas é bom lembrar que o restaurante possui uma culinária diversificada e não serve pratos tipicamente indianos. E ele exige um dress code, como por exemplo, não é permitido entrar de bermuda e camiseta.
E segundo porque só teríamos dois dias para dar conta de tudo que eu queria ver. Como Délhi é uma cidade enorme, com um trânsito capaz de deixar qualquer um doido. O deslocamento de um lugar para outro é sempre demorado. Então, tive que fazer algumas escolhas, sendo que, perto deste hotel tem duas atrações que queria fazer fora do roteiro turístico no dia da nossa chegada em Délhi:

-Laxmi Narayan Temple, também conhecido como Birla Mandir, é um templo hindu (um dos mais importantes de Délhi) dedicado à deusa da riqueza e ao seu cônjuge Narayana.

Este templo é adornado com muitos santuários, fontes e um grande jardim. É uma das maiores atrações da cidade e atrai milhares de devotos nos festivais hindus de Janmashtami e Diwali. Foi inaugurado por Mahatma Gandhi na condição de que pessoas de qualquer casta pudessem entrar no templo. Entrada grátis, porém não é permitido tirar fotos lá dentro. 
-Gurudwara Bangla Sahib que é um importante lugar histórico e religioso na Índia. 

A Índia é conhecida por sua associação com o oitavo Guru Sikh, Sri Harkishen Sahib.


Seu salão principal é mantido de forma simples, com exceção do santuário central aberto, coberto por uma pequena cúpula dourada que ostenta uma cúpula de bronze esculpida.

Visitantes devem cobrir os cabelos e não usarem sapatos. Há onde deixar sapatos e conseguir lenços localmente.


Pudemos visitar o local onde são confeccionados os alimentos, porque lá são servidas, diariamente, uma quantidade enorme de refeições para as pessoas.
No dia seguinte, após café da manhã,  saímos em um passeio turístico em transporte privado de um dia inteiro, com guia falando em espanhol.
Túmulo de Humayun 
Humayun foi o segundo imperador mogol, descendente de Gengis Khan e está enterrado ali, no primeiro grande cemitério-jardim mogol do país. 

Foi construído em 1569-1570 e é um dos principais pontos turísticos da cidade. 

Humayun's Tomb é imponente e belíssimo. Foi construído a pedido da segunda e principal viúva do imperador, Haji Begum, em 1565, quase 15 anos após a morte do seu marido.

Foi um dos primeiros jardins túmulo no subcontinente indiano, sendo declarado como Patrimônio Mundial da UNESCO em 1993. 
Qutab Minar

O Complexo Qutab Minar é um conjunto de monumentos e edifícios que são exemplos da arquitetura indo-islâmica e que foi declarado Patrimônio Mundial da UNESCO em 1993. 

Um dos monumentos mais antigos de Délhi, o minarete de tijolo é a mais alta torre de pedra na Índia, que tem 72,5 m de altura e uma mesquita na base. 

É uma estrutura magnífica, cuja construção começou em 1199 por um rei muçulmano Qutab-ud-din Aibak e foi concluída por seu herdeiro, IItutmish. E o Pilar de Ferro, única relíquia do antigo templo Hindu que inexplicavelmente se mantém sem ferrugens.
Nova Délhi

Delhi viveu sob comando muçulmano, depois se beneficiou com o poder mogol, também teve dominação persa até que em 1803 foi a vez dos ingleses assumirem o comando. Portanto, esta parte da cidade foi desenhada e construída pelos britânicos em 1920 com impressionantes edifícios, parques e jardins. Em 1911 o rei Jorge V anunciou a mudança da capital de Calcutá para Délhi. Os arquitetos reais Lutyens e Baker fizeram os desenhos arquitetônicos e a construção da oitava cidade de Délhi ou Nova Délhi.

A Avenida cerimonial Rajpath com suas grandes avenidas, muitos parques e edifícios baixos de estilo mais colonial, incluindo os majestosos prédios governamentais é o caminho para o Índia Gate, uma espécie de Arco do Triunfo que homenageia os soldados indianos que lutaram na Primeira Guerra Mundial e nas Guerras Afegãs, a Palácio Presidencial “Rashtrapati Bhawan”,  o Parlamento e o Prédio do Secretariado. Templo Akshardham
O complexo Swaminarayan Akshardham foi construído em apenas cinco anos, através dos esforços de 11.000 artesãos e voluntários. Localizado no leste de Délhi, é uma combinação perfeita de culturas indígenas e um exemplo ofegante de devida diligência na destreza arquitetônica. Dedicado a Bhagwan Swaminarayan, Akshardham Temple é um arquétipo de vários costumes e acredita que foram passadas de uma geração para outra durante o período de 10.000 anos. Também não é permitido tirar fotos, inclusive, câmeras e celulares tiveram que ficar dentro do carro.
Parque Raj Ghat
Mahatma Gandhi, um dos grandes nomes do século XX, fez enorme esforço para promover uma desobediência civil às leis britânicas. Ghandi conseguiu unir a sociedade indiana. Foi um grande líder espiritual e político. Fez com que hindus e muçulmanos lutassem unidos pela soberania da Índia. Toda sua luta estava baseada na não-violência. Os protestos eram pacíficos, carregados de princípios de paz. No entanto, pouco tempo depois, hindus e muçulmanos se dividiram em dois estados: Paquistão e Índia.  E, no auge de um momento de insatisfação Ghandi foi assassinado em 1948 por um extremista hindu, logo após conseguir a Independência da Índia. Ele morreu como herói. Seu corpo foi cremado no Raj Ghat, seguindo a tradição hindu. No local, há um memorial em sua homenagem. 
Como esta atração estava fechada por ocasião da visita de uma personalidade no momento, então, o guia acrescentou outras atrações que, não estavam no programa. 
Jama Masjid
É o principal centro de culto para os muçulmanos em Délhi. É uma das maiores da Índia e uma das maiores mesquitas da Ásia. Era domingo e a mesquita estava lotada de gente. Famílias inteiras dedicavam sua tarde às orações. 
Foi construída pelo imperador Shah Jahan entre os anos de 1644 e 1658.

Com 3 portas, 4 torres e 2 minaretes de 40 m de altura seu portão ao norte tem 39 degraus, ao sul 33, e o que fica sentido ao oriente 35 degraus. No portão norte, você pode alugar vestes e se caracterizar como um local (o guia nos fez passar este mico, olha a minha cara de boa vontade!).
Pertinho da mesquita Jama Masjid fica o Red Fort.  Até dá para ir andando, mas o guia logo veio nos oferecendo um passeio de riquixá ou tuk-tuk. Falamos que já havíamos passeado naquilo quando fomos ao Vietnã, seguimos andando...como o caos impera em Old Delhi, a sensação é de que você vai ser engolido pela multidão a qualquer instante. No caminho, os contrastes são tocantes. Às vezes os olhos não conseguem acreditar no que estão vendo. São intensas as marcas da pobreza...
Forte Vermelho
Mas se você pensa que acabou, ir ao Forte é como cair de sola no olho do furacão, quando o guia disse que ia comprar os ingressos, achei que nunca mais o encontraria de volta... inacreditavelmente, pouco depois lá estava ele de volta...mas depois que você entra nele, o burburinho fica do lado de fora e até dá para sentir uma certa paz.
Red Fort, como é popularmente conhecido esse forte, com vista para o rio Jamuna, que foi construído durante 1638 e 1648, quando o opulento império Mughal teve seu ápice. Situado em Old Délhi retrata o brilho arquitetônico e grande marco do domínio Mughal (Mongol).

O Forte é o símbolo do império de Shah Jehan, poder e elegância, construído atrás de paredes de arenito vermelho.
Chandi Chowk era o mercado popular mais movimentado da Índia. Hoje, mesmo parecendo caótico ainda guarda as características históricas do esplendor que um dia já teve. 
Nele se encontra de tudo: alimentos, flores, especiarias, roupas, sapatos, doces, tecidos, livros, produtos eletrônicos...
Os eventos históricos do século XVII ganham vida à noite no forte com o som e as luzes da Sonet Lumiere. 
Até gostei que a atração anterior estivesse fechada, porque várias vezes eu quis incluir no roteiro uma visita ao Forte Vermelho, no entanto, não entendi porque o consultor da Agência de viagens aqui no Brasil disse que não havia nada interessante para ver, e, no final, "empurrou-nos" este show de luzes sem interesse turístico. Um programa  totalmente sem propósito, pois o guia nos fez comprar repelente porque os mosquitos quase te carregam naquele local. Expondo-nos a uma atividade noturna e um risco desnecessário. Será que vem daqui a expressão "programa de índio", rsrsrs...?

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