Quando o assunto é Missão Jesuíta, normalmente dois nomes veem à mente dos turistas: São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul/Brasil e San Ignacio Mini, na Argentina. No entanto, o que poucas pessoas sabem, é que as melhores ruínas estão no Paraguai, à margem dos roteiros das nossas viagens, talvez pela falta de divulgação. E o que é pior ainda, poucas pessoas sabem que, foi no local onde estão as ruínas paraguaias, onde tudo começou, mostrando-se a mais completa, intacta e mais belas de todas.
As incursões dos padres da Companhia de Jesus, dos séculos XVII e XVIII, para catequizar as tribos da bacia do Prata, eram denominadas de Centro Missioneiro de Colonização, ou Missões Jesuíticas.
Foi no ano 1609 que os jesuítas começaram a se instalar na América do Sul. Eles criaram cerca de 30 missões no Paraguai, Argentina e Brasil, chegando a albergar cerca de 100.000 guaranis, mais precisamente no Paraguai. Cidades como Encarnación (Itapúa), Santa Maria (La Mayor), San Ignacio (Guazú), Santa Rosa, Santiago e tantas outras, surgiram durante a expansão da fé cristã entre os guaranis, graças ao persistente trabalho de padres como Roque González de Santa Cruz, santificado pelo Vaticano.
Apesar disto, o Paraguai preserva o maior número de vestígios deste período, que deixou marcas profundas na cultura do país. Por isso, na região é possível encontrar ruínas praticamente intactas, pois estas grandiosas construções de pedra sobreviveram aos saques, ao abandono e à ação do tempo, até que começaram a ser restauradas na década de 70 e em 1993 foram consideradas Patrimônio Universal da Humanidade pela Unesco.
São três em destaque, mas fomos visitar só duas delas: as Missões Guaranis de Santísima Trinidad del Paraná e a de Jesús de Tavarangüe, que se encontram a uns 12 km uma da outra, no departamento de Itapúa. São duas das reduções – outro nome também atribuído às missões – que ainda conservam bem o que foram os povoados fundados pelos missionários jesuítas.
Se tivéssemos um pouco mais de tempo, gostaria de ter visitado também San Cosme y Damián, que fica uns 80 km de Encarnacion pela ruta 1, a mesma que vem de Assuncion. Lá se pode observar além das ruínas um pequeno centro astronômico, iniciado no século XVIII pelo padre jesuíta Buenaventura Suarez, inclusive ainda preservado o relógio solar construído pelo mesmo. Muita coisa foi restaurada nestas ruínas, o que possibilita ter uma noção do que eram as missões.
Como ir
Não tenho como explicar como chegar por outros meios de transporte, porque como disse na postagem Turismo no Paraguai, chegamos num carro alugado no Aeroporto de Assunção. Ficamos hospedados na cidade vizinha de Bella Vista e no dia seguinte saímos para fazer as visitações. Mas, li relatos bem explicadinhos de quem fez este percurso de ônibus saíndo de Posadas, outro saindo de Encarnación, gente que foi de táxi e até de carona no carro da polícia, rsrsrs…para vocês não terem o trabalho de procurar, deixo aqui os links: Viajenaviagem; Turistadescolado; Essemundoenosso.
Santísima Trinidad del Paraná
Fica a 32 quilômetros de Encarnación, 250 km de Ciudad del Este e da fronteira com o Brasil, em Foz do Iguaçu.
Hoje em dia, chega-se a Trinidad pela Ruta VI, asfaltada. Mesmo com a facilidade de acesso, o isolamento mantém-se devido à falta de divulgação, fator positivo para aqueles que, buscam fugir das hordas de guias, turistas e máquinas fotográficas.
Conhecidas como sendo as melhores ruínas das missões jesuíticas na América Latina,é a mais monumental de todos, com sua arquitetura preservada pelo secular isolamento.
Fundada em 1706, Trinidad que chegou a ter entre 4.500 a 5.000 habitantes, impressiona pela imponência de sua igreja, com 86 metros de largura, 45 de comprimento, e estrutura dividida em três naves, seguindo o padrão dos templos mais luxuosos da época.
No interior da igreja, hoje a céu aberto, pode-se visitar os túmulos dos caciques e jesuítas que ali passaram seus últimos dias.
Na antiga sacristia, estão guardadas as peças recolhidas durante as escavações arqueológicas, uma delas, reconstruída a partir de 1,5 mil pedaços.
Outras construções que chamam a atenção são as singelas habitações indígenas, construídas em pavilhões com varandas cobertas, dispostas de forma padrão ao redor da Praça Maior, centro da vida social, religiosa e econômica das Missões Jesuíticas.
Parte desta história está contada no Museu Jesuítico, à entrada de Trinidad, que apesar de modesto, guarda um acervo de inestimável valor para compreender o pacífico choque cultural que deu origem ao guarani moderno que não é nem índio, nem mestiço, nem espanhol.
Em alguns dias, há a opção de fazer um tour noturno com apresentação de luzes e sons.
Jesús de Tavarangué
Situada a 12 quilômetros de Trinidad e acessível através da entrada no Km 29 da Ruta VI.
Jesús de Tavarangué possui uma característica única entre todas as outras: quando da expulsão dos jesuítas, sua igreja era a única inacabada, permanecendo eternamente sem teto.
Por este motivo, escapou ilesa ao ataque dos saqueadores, já que não possuía ouro ou imagens valiosas em seu altar.
A paz e o silêncio do lugar impressionam, tornando Jesús um dos pontos altos da visita às Missões Jesuíticas do Paraguai.
Jesús de Tavarangüé também é a missão paraguaia com a melhor estrutura turística.
O local é bem cuidado, com centro de informações, um pequeno museu, além de serviços como banheiro.
Dica: O ingresso custa 25 mil Guaranis e dá direito a visitar as três principais ruínas: “Jesús”, Trinidad e San Cosme y San Damián e é válido por três dias. Os três mini-tickets são destacados em cada uma das entradas.
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