O que ver em Ohrid

16:28


Se Skopje concentra as apostas da Macedônia no futuro, as fichas de preservação do passado estão em Ohrid, cidade a 173 km da capital.
Fazendo com que, o Lago Ohrid seja o principal destino turístico da Macedônia. Mas é um turismo sazonal, ou seja, um turismo de maior movimento apenas no verão, razão pela qual encontramos a região com poucos turistas. Embora fosse maio, achei que a cidade tinha bastante gente circulando pelo Old Bazaar, muita gente nos bares e restaurantes, mas não esperamos por uma mesa para almoçar ou tomar um macchiato num café. No fundo, a vida decorria tranquila em Ohrid. E isso acrescentou ainda mais charme à minha estadia nas margens do lago.
Chegamos a Ohrid vindo de Bitola. Nós passamos três dias e duas noites lá. Decidimos dedicar algum tempo para estar junto ao lago. Assim, reservamos um apart-hotel com varanda à beira do lago, para apreciá-lo e ver o sol nascer... sem café da manhã para poder ir ao supermercado, fazer compras como os locais...
Queria ter oportunidade de passar alguns dias tranquilos, visitando grandes “atrações” como o Mosteiro St. Naun, a dois passos da fronteira com a Albânia, mas também poder frequentar cafés sem pressas, “deixar a vida me levar”; por em prática o conceito de viajar devagar de que tanto falam.
Ohrid parece ter vocação para o tempo "feio", apesar de fazer as vezes de litoral do país, pois assim que chegamos caiu um aguaceiro, embora logo tenha passado, o céu permaneceu escuro, mas não era pra chover, no entanto, ventava e fazia muito frio. Mesmo assim, resolvemos sair para fazer o reconhecimento da área e depois jantar.
Era domingo, parecia que estava tendo um concurso de danças folclóricas, pois encontramos bastante gente na rua, principalmente grupos vestidos a caráter...

Na segunda-feira a cidade já estava bem vazia, as ruas quase desertas e foi uma delícia percorrer aquelas vielas tortuosas sem cruzar com quase ninguém. Nessas horas é que a gente parece realmente voltar no tempo.

Ohrid: é beleza que não acaba mais!

É uma cidade erguida às margens do Lago Ohrid, na fronteira da Macedônia com a Albânia e é compartilhado pelos dois países. Como a Macedônia não tem mar, o lago acaba sendo o destino de verão natural do país.
Conhecida como Lychnidus, com o significado “cidade de luz”, na Antiguidade, no ano 900 d.C o nome alterou-se para Ohrid, “o monte”, por se situar em cima de uma colina.

É uma cidade bastante curiosa e original, com uma paisagem especial cheia de monumentos, trazendo muitos visitantes para desfrutarem deste lugar; muito dinâmica e completa, sendo das poucas cidades mundiais que têm o selo “cultural e natural” do Patrimônio da Humanidade classificada pela UNESCO.
Ohrid tem muitas e antigas igrejas, mosteiros e basílicas, as quais quase todas se pagam um ingresso para visitar, mas é dinheiro bem empregado.


O que ver em Ohrid
Andar sem rumo descobrindo resquícios milenares a cada curva e aproveitando as lindas vistas que a cidade oferece! E nas ruas, além de Ohrid ser um brinco, há muitas placas bilíngues em macedônio e em inglês indicando a direção das principais atrações. É fácil perceber que os turistas são bem-vindos por lá!

O que mais me encantou é que o centro histórico de Ohrid é riquíssimo e representa diferentes períodos de sua história, principalmente do período medieval, quando a cidade tinha grande importância para a região.
Nós começamos nosso roteiro pela parte baixa, caminhando à beira do lago, onde não faltam estátuas e carros socialistas coloridos. Perto dali está o Museu Nacional Casa Robev, que exibe moedas da época de Alexandre.


Não se deixe intimidar pelas ladeiras de Ohrid, pois gostoso mesmo é conhecê-la a pé. Logo chegamos à imponente Igreja de Santa Sofia, cuja data de construção remonta ao século XI, onde podemos contemplar frescos bizantinos dos 40 mártires (soldados que se deixaram congelar para não deixar o cristianismo).


Assim como sua homônima de Istambul, a Santa Sofia de Ohrid também foi convertida em mesquita durante o domínio do Império Otomano.

E aí acabou a moleza! Encaramos uma escadinha íngreme morro acima e dez minutos depois estávamos de cara com a imagem responsável por fazer de Ohrid desejo de consumo mundo afora: a visão da Igreja de São João em Kaneo (século XIII), localizada numa rocha às margens do lago Ohrid, mais precisamente sobre a praia de Kaneo. Não é à toa que essa imagem virou cartão postal.
Tivemos sorte, pois o dia estava nublado, mas depois o sol até apareceu e deixou o dia agradável.
No caminho entre a Igreja de São João em Kaneo e a Fortaleza de Samuil a gente passou pelo Plaošnik, um sítio arqueológico que abriga o Mosteiro de São Clemente e Pantaleão.
São Clemente de Ohrid, foi uma importante figura na cultura eslava e discípulo de São Cirilo e São Metódio, os irmãos a quem muitos atribuem à criação do alfabeto cirílico. Ele construiu uma igreja sobre a base de outra e fundou a primeira universidade eslava – Escola Literária de Ohrid – ou de Ácrida, que era como a cidade se chamava na época – que chegou a ser frequentada por cerca de 4000 mil alunos, onde ele teria ensinado e difundido o alfabeto cirílico.
Aqui pagamos 100 dinares cada para entrar e pudemos ver o quanto Ohrid já foi importante para a história europeia.

Continuamos morro acima, a nossa próxima parada foi a Fortaleza do Csar Samuil.

Ela é um resquício do período em que Ohrid foi sede do Império Búlgaro, entre 990 e 1015. Nessa época o Csar Samuil ou Imperador Samuel transferiu a capital de Skopje para Ohrid, mas isso só durou até a os búlgaros serem derrotados pelo Império Bizantino.
A fortaleza foi restaurada há poucos anos. Hoje é segura para os visitantes, onde a bandeira da Macedônia voa e me lembrou muito a Skopje Kale.
Mas, como sempre acontece com as fortalezas, a melhor parte é a vista que elas nos proporcionam.

Na Fortaleza de Samuil não foi diferente, do alto de suas muralhas a gente percebe que Ohrid é muito mais do que o seu centro histórico, lá de cima ela parece ser até bem grande!

Então, chegamos ao Teatro Antigo de Ohrid. Ali a gente voltou ainda mais no tempo, pois esse teatro foi construído em 200 a. C., no Período Helenístico. Os romanos descaracterizaram o teatro, apenas as camadas inferiores foram preservadas, o que significa que o que vemos hoje é apenas uma fração do que já existiu.
Os romanos costumavam executar os cristãos ali, o que fez com que o local não fosse benquisto pelos locais, por isso ele acabou abandonado, soterrado, sendo redescoberto na década de 80 e atualmente é usado nos verões para vários festivais e teatro ao ar livre.

Chegando as proximidades da Gorna Porta, um dos antigos portões da cidade, há uma sequência de  igrejas e construções dos séculos XIII e XIV com direito a algumas paisagens com o lago ao fundo que nos fizeram passar um bom tempo por ali.

Visitamos Igreja St. Bogorodica Perivlepta, cujo nome pode ser traduzido como "Santa Mãe de Deus Glorioso". Ela foi construída no século XIII, bastante rica artisticamente, cheia de pinturas de Michael e Eutychius.
Sua importância em Ohrid era vital quando os turcos tomaram o poder nos Bálcãs e transformaram a antiga Catedral de Santa Sofia em uma mesquita.
A que achei mais fofa foi a pequenina Igreja de São Demétrio, mas cada uma delas tinha seu charme particular. Parece que a maioria abriga lindos afrescos bizantinos, mas mais uma vez não entramos em nenhuma para verificar.

Saindo dali a gente começou a descer o morro, mas por um caminho diferente da subida, o chamado Bairro Mesokastro, que fica ao lado do bazar, a parte mais turca da cidade, onde você poderá sentir o cheirinho gostoso de kebab( bolinhas de cordeiro em pão sírio, que aqui é chamado de kebab)É um bairro especial e genuíno, onde vive a verdadeira identidade de Ohrid. Repare nas muralhas da cidade, sendo que as primeiras foram construídas no século 5 a.C e aprecie a arquitetura única das casas tradicionais.

E a cada ruela Ohrid se mostrava ainda mais charmosa do que tinha se mostrado até então! Parece que cada morador de Ohrid enfeita a sua casa e a sua rua de modo a encantar os olhos de quem passa por ali. As flores estavam por todo lado.

Saindo do centro histórico Ohrid também não decepciona, pois o Old Bazaar, que apesar de pequeno e simples, é delicioso. As ruas para pedestres são muito agradáveis. Em meio às lojas de roupas e de eletrônicos há várias lanchonetes, sorveterias ideais para uma pausa no meio do dia. A verdade é que a cidade toda é muito gostosa!
E quando chega a noite Ohrid ganha um ar ainda mais especial. Tivemos a chance de jantar duas vezes em Ohrid. Na primeira noite fomos ao Fish & Lounge Bar Lihnidos, mas sem nenhuma referência, já que os demais estavam muito cheios e acabamos nos decepcionando com o atendimento, que a princípio parecia ser excelente, pois o garçom foi muito atencioso, e quando pedimos uma sobremesa que fosse um doce típico da cidade, acho que como tinham nada, pois não vimos no cardápio, ele nos ofereceu um “ravanija” e disse que seria uma oferta da casa, como assim?!!

Ficamos meio desconfiados, achando que poderíamos ter entendido errado, já que o inglês deles é bem incompreensível... que afinal não só veio na conta, como também ele nos cobrou errado(pois não guardamos os valores dos pratos, mas veio bem acima do que havíamos calculado).
Depois pesquisando na internet (tripadvisor), achei algumas reclamações deles neste sentido. Então, na noite seguinte, ficamos andamos para cima e para baixo em busca de um restaurante. Aproveitando esta mesma pesquisa, vimos que o Restaurante Antiko, dizia ser um famoso restaurante de comida tradicional macedônia, mas estava fechando na segunda-feira e acabamos entrando no Di Angolo Pizzeria.
Foi uma ótima decisão! Embora não tenhamos comido o prato típico, mas a pizza estava muito gostosa! E o restaurante era muito limpo, organizado, bom atendimento e não era caro.

Onde ficar
A cidade está bem preparada para receber turistas. A rede de hospedagem é bem estruturada e conta com hotéis, pousadas e principalmente com casas e apartamentos para aluguéis de temporada. E como disse acima, queríamos um local de frente para o lago e neste sentido a Villa Dea, atendeu-nos perfeitamente, pois fica de frente para o lago Ohrid, com uma vista linda!
Tem uma varanda privativa, onde você pode sentar e apreciar a vista, o por do sol, as pessoas caminhando na orla do lago.
O quarto é amplo, com camas confortáveis, bom wi-fi. O banheiro era razoável, o box estava vazando água molhando o tapete.
Não tem café da manhã, mas no quarto tem uma cafeteira e frigobar, então fomos ao supermercado, compramos algumas coisas e fazíamos nosso mini café dentro quarto. Mas tem algumas opções de restaurantes próximos que servem breakfast.
Tem um elevador bem moderno. O estacionamento não é coberto, fica do outro lado da rua, mas com cadeado.
A recepção não é 24 h, então sempre avisamos com antecedência o que necessitávamos para que alguém pudesse vir nos atender, como foi com a lavagem de roupa, que foi super- rápida.
Aqui o mapinha deste roteiro que tem muito mais pontos interessentes, mas que não conseguimos ver tudo.
Na próxima postagem vou falar como foi a nossa visita ao Mosteiro de St. Naum, um lugar encantador!!! Aguardem!!

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