Roteiro de um dia em Bucareste

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Em tempos de euro nas alturas, é sempre bom conhecer uma cidade que permite passeios legais, restaurantes interessantes e bons hotéis sem destroçar o orçamento. Bucareste é uma delas, a capital e porta de entrada da Romênia é bonita, animada e charmosa. Aliás, lembrou-me muito a parte Peste da capital da sua arqui-inimiga, a Hungria.
Embora citada em 1459 como residência de famigerado príncipe Vlad Tepes, que originou a lenda do conde Drácula, Bucareste só veio a se tornar capital da Romênia em 1861. Atualmente, com 2,1 milhões de habitantes, é uma capital jovem, tanto em idade quando em visual, pois caminhando por várias regiões da cidade, principalmente o centro histórico, o Distrito de Lipscani e a Calea Victoriei, você vai ver vários prédios de arquitetura neoclássica construídos no período antes da Segunda Guerra Mundial. 
No século 17, no papel de centro do poder do principado de Valáquia, a cidade foi uma das mais ricas da fatia oriental do velho continente. Mais tarde, no começo do século 20, a urbe atingiu seu apogeu e viveu alegremente a sua própria belle époque, durante a qual floresceram centenas de palacetes e parques neoclássicos que lhe renderam a alcunha  de “Paris do Leste”. Inclusive ela também tem o seu Arco do Triunfo.
Quem vem de carro do Aeroporto Ottopeni , como nós viemos, é o primeiro grande monumento que você verá em Bucareste. Ligando a Piata Presei Libere até a Piata Victorei, fica a Sos Kiseleff, bem no meio desta linda avenida está o Arco do Triunfo, à imagem e semelhança do parisiense.
Um monumento de 1935, construído para comemora a unificação do país.
Ficamos hospedados no moderno Ibis Palatul Parlamentului, sem café da manhã, mas com quartos enormes e vista de camarote para o Palácio do Parlamento.

Fruto da megalomania do ditador Nicolau Ceauşescu. Aliás, já contei para vocês nesta postagem sobre a Romênia tudo o que aconteceu na época do governo deste ditador. Assim, com certeza o Parlamento é uma construção que não tem como passar despercebida a um visitante de Bucareste e seria um candidato a ícone da cidade, nos moldes do Palácio de Versalhes, em Paris, não fosse a vergonha que os romenos têm da sua história.
É o segundo maior prédio administrativo do planeta - só perde para o Pentágono, nos Estados Unidos. Um colosso de concreto de beleza duvidosa, construído ao custo de cerca de 3,3 bilhões de euros; do sacrifício, morte e despejo de centenas de famílias e da demolição de dezenas de edifícios do distrito histórico da cidade.

Não tivemos tempo de visitar por dentro, aproximei-me só um pouco dos portões para umas fotos. Mas é possível visitar o prédio, desde que se faça uma reserva com antecedência. Você precisa estar com passaporte ou documento nacional de identificação para entrar. Afinal, o lugar ainda abriga o parlamento romeno e tem segurança reforçada. A entrada para visitantes fica na Bulevardul Natiunile Unite. São visitas diárias, das 10h às 16h (o último tour sai 15h30) e para agendar, ligue para +40 21 311 3611.

Nosso city tour começou na Bulevardul Unirii ou coração da zona Ceausesquiana da cidade, é uma grande avenida que corta 3,5km do Palácio do Parlamento até e a Piata Unirii, onde atravessamos o Rio Dâmbovița para o centro da cidade.

Esta gigantesca avenida é rodeada de grandes prédios clássicos do período comunista,sem personalidade alguma, mas inspirada na Champs-Élysées, que também fez parte dos planos de reestruturação urbana de Ceausescu. Hoje, tomada por anúncios e lojas bem capitalistas, tem a vantagem de abrigar uns bons shoppings centers e bons hotéis.

Distrito Lispcani ou Centro Histórico

Caminhamos bastante pelos calçadões do centro histórico de Bucareste. O centro velho de Bucareste é pequeno, mas adorável, não tem lugar mais legal de ficar! Não tem hotéis cinco estrelas e nem vista para áreas verdes, mas a energia não tem como ser melhor.
Se você entrar nas ruelas pela Strada Franceza, já dá de cara com alguns marcos importantes da região: a antiga corte principesca ou Curtea Veche, construída no século 15, por Vlad Tepes, ou Vlad Drácula.

É lá que você vai encontrar uma estátua desse controverso líder que foi inspiração para histórias de vampiro. As ruínas estavam fechadas para visitantes quando eu estive lá, mas deu para ver alguma coisa pelo lado de fora.
Nessas ruínas foram achados artefatos arqueológicos importantes, como um documento de 1459 que atesta a origem do nome da povoação de Bucareste.
Logo ao lado fica a igreja mais antiga da cidade, a Biserica Curtea Veche, de 1559.

Era ali que os príncipes romenos eram coroados. Dentro da igreja ortodoxa, cuja entrada é gratuita, há afrescos do século 16.
Em frente, ainda na mesma rua, está a Hanul lui Manuc ou “hospedagem do Manuc”, uma hospedagem construída por um rico comerciante armênio em 1808, que está preservada no mesmo estilo e hoje funciona como um hotel e restaurante.
Nós almoçamos lá, tinha bastante gente, um lugar bem animado, com música ao vivo.
Mesmo que você não pretenda comer, vale entrar para dar uma olhada, pois foi ali que começou a ser discutido o Tratado de Paz que colocaria o fim na guerra de 1806 a 1812, entre Turquia e Rússia.

Ali bem próximo, ao ver a Lupa Capitolina: uma estátua da loba amamentado os gêmeos Rômulo e Remo me fizeram lembrar as aulas de história sobre a fundação de Roma.

Entre na Strada Hanul cu Tei, uma passagem que leva até a rua Blănari. A entrada é meio escondida, mas lá dentro você encontra restaurantes, lojas e galerias de arte. A passagem é de 1833.

Circular pelas ruelas de Lipscani sem compromisso é um passeio e tanto.

Aliás, é na rua que dá nome ao distrito, a Strada Lipscani, que você vai encontrar algumas das atrações mais legais. Nela você vai encontrar um sem fim de lojas e bares.

O cruzamento com a Strada Smardan é o centro do distrito histórico, ponto de encontro das pessoas e onde ficam artistas de rua, jovens e vendedores. Por ali fica a Hanul Gabroveni, um prédio do início do século 19 transformado em Centro Cultural.

Não deixe de dar uma pausa na livraria Cărtureşti Carusel, porque olha que livraria mais maravilhosa:
Já na rua Stavropoleos você encontra um dos restaurantes mais antigos de Bucareste, a cervejaria Caru cu Bere.
Na mesma rua fica uma igrejinha pequena, mas muito simpática, a Biserica Stavropoleos. Ela foi construída em 1724. Ouvi dizer que vale a pena não só entrar na igreja, mas também dar uma olhada nos jardins que ficam nos fundos. No entanto, estava fechada quando passamos por lá.
É a Calea Victoriei ou Avenida Vitória, que marca o fim do centro histórico.
Nesta elegante avenida, ficam os hotéis de luxo e alguns dos prédios mais bonitos de Bucareste. Entre eles, o belo prédio do Banco Nacional da Romênia, construído em 1885, em estilo clássico francês.

Mas, o destaque é o Museu Nacional de História, facilmente identificável por conta de uma estátua muito esquisita que tem na entrada: o imperador Trajano, pelado, carregando um lobo.

Aliás, as Estátuas de Bucareste são por si só uma atração. A cidade é cheia delas! Algumas bonitas, algumas modernas, outras antigas, mas curiosamente, muitas bizarras. Esta que fica em frente ao Museu Nacional de História foi eleita pelos locais como a estátua mais feia da cidade.
Duas praças marcam a Revolução de 1989 que tirou Ceausescu do poder. A Piata Revolutiei, ou Praça da Revolução, que fica logo no final da Calea Victoriei. Foi nesta praça, no balcão da antiga sede do partido comunista, que o ditador Ceaușescu fez seu último discurso, olhando incrédulo para a multidão que se virava contra – hoje é o prédio do Ministério Interior.

Por lá também ficam alguns monumentos em homenagem à revolução, em especial o Memorial do Renascimento, um estranho obelisco branco com uma coroa negra. Como os romenos são piadistas, não poderiam deixar escapar esta e renomearam o monumento de “batata no espeto” ou “a batata da revolução”.

E nessa praça ficam construções lindas, que não têm nada a ver com os conflitos políticos: o Museu de Arte Nacional, antigo Palácio Real.
Ainda, o lindo Romanian Athenaeum, uma casa de espetáculos, construído em 1888 para abrigar apresentações de música erudita e a igreja Kretzulescu, de 1722.

A outra é a Piata Universitatii ou Praça da Universidade, um ponto de encontro popular na capital, onde ficam 10 cruzes de pedra em homenagem aos mortos pela revolução. Nessa praça também ficam o Teatro Nacional de Budapeste, o prédio da Escola de Arquitetura e o Sutu Palace ou Museu de História de Bucareste.
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Abaixo um mapa deste roteiro:
Obviamente tinha muito mais para ver e aproveitar em Bucareste. A lista de museus, por exemplo, é longa. Então, se você tiver mais um dia na cidade, aproveite para conhecer mais alguns destaques, como: o Palácio Cotroceni, antiga residência real de 1679 a 1681; o Palácio Cantacuzino foi construído em 1899 pelo Sr. Grigore Cantacuzino, um dos mais ricos habitantes da cidade, que também era o primeiro-ministro do país na época. Seu desejo era morar na casa mais elegante de Bucareste. Para isso, mandou construir um casarão em estilo francês, misturando elementos de art noveau com o neoclássico. Hoje, o palácio abriga o Museu George Enescu, que mostra objetos que pertenciam ao violinista e compositor romeno, vivido entre os anos de 1881 e 1955.
Além do Museu do Camponês Romeno, aberto em 1906, considerado um dos mais interessantes da cidade, até já ganhou prêmios de melhor da Europa. Há mais de 90 mil artefatos em exposição.
Bucareste também tem parques bonitos. Entre eles, se você tiver tempo, vá até os Jardins Cismigiu, o parque mais antigo da cidade; o Parcul Carol I, onde no verão há shows e eventos; e no Jardim Botânico (Gradina Botanica) da cidade.
Sugiro também visitar o Museu da Aldeia, no Parcul Herăstrău. O museu é composto por 33 espaços próprios de aldeias de toda a Romênia (casas rurais, uma igreja, oficinas de cerâmica, estábulos, moinhos de água...), agrupados de acordo com a região de origem ou com a técnica arquitetônica da construção. Este parque é acessível por metro. Para chegar lá tomar o Metro linha Azul, até a estação Aviatorilor. Dentro do parque também tem uma unidade do Hard Rock Café.
Outra coisa que gostaria de ter aproveitado, era a noite em Bucareste. Dizem que é muito animada e realmente, ao circular pelas ruelas de Lipscani, você vai perceber a quantidade absurda de bares e boates, em que as pessoas se aglomeram a cada esquina. Tem lugares para todos os estilos, desde espaços comida turca baratinha, a restaurantes mais sofisticados, de bares a pubs. Infelizmente ficou para a próxima, mas fica a dica!

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